Diário - leituras - Vento Sobre Terra Vermelha


Travei contato com o escritor Caio Riter faz uns poucos anos. Foi então que soube que ele era um escritor relativamente conhecido e premiado no Rio Grande do Sul, em especial, com livros infanto-juvenis. Também foi dele o prefácio da primeira antologia de que participei, a "Metamorfoses". 

Tendo certa curiosidade sobre a obra dele, na edição de 2018 da Feira do Livro, me deparei com um de seus livros num balaio de saldos, que acabei por comprar. Se trata da coletânea de contos "Vento Sobre Terra Vermelha". 

Os contos criam um universo de personagens que habitam um vilarejo ao redor das terras do Coronel Boaventura, em uma região não especificada do Rio Grande do Sul, provavelmente na Campanha. 

São contos impactantes, de pessoas que cumprem suas sinas do jeito que conseguem, em histórias que são mais tristes que felizes. Violentas muitas das vezes. Muito impactantes a maioria delas. Na alegoria cortazariana, que o conto tem que vencer por nocaute o leitor enquanto o romance pode vencer por pontos (ou algo assim), os contos de Riter neste livro me venceram por nocaute em sua maioria. Era difícil ler mais de um conto de cada vez. Entre os que me causaram mais impacto, posso nomear "Eu, Linaura e o Outro", "Estranho Homem Vindo no Vento" e "Maria Santa, santa era"; todos contos em que a violência irrompe e choca. Um ou outro conto mais leve, como "O dia em que o circo chegou àquela cidade que nunca tinha visto elefantes, leões e palhaços", com seu longo título auto-explicativo. 

Foi uma leitura gratificante, feita lentamente, sobre uma terra agreste, de um povo que fala de uma forma enviesada e vai sobrevivendo do jeito que pode.

Um livro acima da média.

RITER, Caio. Vento Sobre Terra Vermelha. Porto Alegre: 8Inverso, 2012.

01/03/2019.

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