Diario da Peste (V) - Mês Lunar


Hoje é 17 de abril de 2020, o fim da quarta semana de trabalho a partir de casa, o tal "home office". Na próxima segunda começa a quinta semana. Se completa um mês lunar de quase confinamento. 

O noticiário hoje fala em 33 mil infectados pelo covid-19, com mais de 3 mil mortos. O Rio Grande do Sul tem mais de 800 casos, com 24 falecimentos. Em Porto Alegre, são cerca pouco mais de 300 infectados, e nove falecidos. 

Por sinal, o ritmo de contágio em Porto Alegre teve uma freada e tanto, em vista do ritmo da doença no início, antes das medidas de isolamento social, quando o número de infectados dobrava a cada quatro ou cinco dias. Naquele ritmo teríamos hoje mais de mil infectados apenas em Porto Alegre. 

Mas a doença continua se espalhando. 

O noticiário informa que no Amazonas, a demanda de doentes já é maior que a disponibilidade de leitos para tratamento. 

O Ceará está no limite. E Rio de Janeiro e São Paulo parecem próximos do limite também. 

Como as contaminações não param, é bem possível que voltemos a ter aquelas imagens trágicas que as pessoas em geral associam à saúde pública, isto é, ao SUS, com doentes em macas por corredores, sem atendimento. E junto com isso as imagens do pico de dengue, com barracas de campanha para tratamento de doença no Rio de Janeiro. Com a diferença que esta doença parece ser mais letal que a dengue. 

Ou o exército recolhendo caixões, como na Itália em fins de março; ou os corpos dos falecidos aguardando nas ruas, como no Equador, há pouco mais de uma semana.

Estamos em risco de colapso, mas sem a quarentena, já estaríamos em crise sanitária, e mesmo funerária. 

Seguimos vivos, e na expectativa. Por enquanto. 

17/04/2020.

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