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Auto-Escritor

"Amanhã tenho que passar na editora". São mais ou menos essas as palavras de Paulo, personagem de Carlos Heitor Cony, no livro "Pessach, A Travessia". Um escritor tendo um escritor como personagem é quase metalinguagem.  Mas frase veio recorrentemente à minha mente neste final de 2018.  Um motivo era que a Editora Metamorfose me pediu para retirar os volumes a que teria direito, por conta da antologia "Palavras de Quinta", publicada num sistema de compartilhamento de custos.  Quase simultaneamente, tinham acabado os volumes que eu tinha comigo, de outra antologia em que participei, a "Santa Sede 7, Crônicas de Botequim" (2016) , e entrei em contato com a Editora Buqui, para adquirir mais, já que os autores participantes da antologia podem comprá-los com um bom desconto.  E, de repente, no meio dessas necessidades, acabei realmente por me sentir um escritor. Alguém que já teve textos publicados em livro. Foram três antologias até agora. A...

Cara Maria – XVIII – Estamos no inverno de 2025 em Porto Alegre

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Cara Maria, Na semana passada não publiquei o texto que costumo chamar de crônica semanal. Na semana passada não houve crônica semanal. Deveria eu chamar este texto de quinzenal? Eu estive entre a falta de inspiração, a preguiça e a expectativa e preparação de uma viagem de folga. Folga no meu caso atual, e imagino que também seja o teu caso, é sair um pouco da rotina a que nos dedicamos cotidianamente. Sabes, não? Enfim, após explicações e desculpas esfarrapadas, volto a escrever.  Se na mensagem anterior  eu comentava naquele início de junho que fazia frio como se o inverno já tivesse começado, agora faz frio e estamos em pleno inverno. Faz frio, temos algumas madrugadas gélidas, acordamos com céu nublado ou com neblina. Às vezes chove.  As extremosas, que colorem de rosa as ruas de Porto Alegre no verão, perderam suas flores e folhas. Hibernam. Curiosamente com seus caules nus é mais fácil ver como algumas estão sendo parasitadas por erva-de-passarinho aqui pela zona n...

Diário – leituras – On the road, Pé na Estrada

Normalmente escrevo esses registros de leitura quando termino de ler um livro.  Não é o caso agora. Ainda estou em menos da metade da leitura desse livro clássico da geração beatnik estadunidense.  Esse texto é só para comentar sobre uma opção de tradução feita ao português brasileiro pelo Eduardo Bueno, o tradutor.  Na página 136 desta edição de bolso publicada pela L&PM Editora, encontrei a palavra “veranico”, e, bem, veranico parece uma palavra tão bem associada a Porto Alegre e suas temperaturas extemporâneas de calor em maio, já em pleno outono austral, que fiquei pensando sobre o que Jack Kerouac teria escrito no original. Bem, a frase na tradução é assim: “Caminhei oito quilômetros para sair de Pittsburg, e duas caronas, um caminhão carregado de maçãs e um enorme caminhão trailer, me conduziram a Harrisburg, na noite amena e chuvosa do veranico de outono.” O original, na versão da Penguin, de 1999, na página 96 é: “I walked five miles to get out of Pittsburgh, ...

Diário – leituras – Santa Sede, 15 anos de crônicas de botequim

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Este é um livro de celebração do aniversário de 15 anos da Oficina Literária Santa Sede. Como o título fala, “crônicas de botequim”. Uma oficina literária especializada na escrita de crônicas e realizada, de preferência, em botequins. E dê-lhe repetir botequim e botequins no parágrafo! O livro é composto de crônicas escritas por participantes e ex-participantes da oficina. Essas crônicas, que são como depoimentos, estão basicamente em dois formatos. Um: como encontrei a Santa Sede (ou seu organizador, o Rubem Penz). Dois: aconteceu comigo durante uma oficina da Santa Sede. A que eu escrevi é desse último tipo, sobre o que me aconteceu durante a oficina que homenageou Millôr Fernandes, em 2019. São mais de 60 crônicas que se lê com leveza. Bastante talento. Talento semiescondido nesse vasto mundo das publicações nesse Brasil de poucos leitores.  Talvez, até por eu estar participando disso, gostei bastante.  CARVALHO, Giancarlo, PENZ, Rubem e MEIRELES, Maria Lúcia. Santa Sede 15...

01/07/2025: sem publicação

O blogueiro metido a cronista está de folga.  Se tudo der certo, uma nova crônica deve ser publicada em 8 de julho de 2025. 

Minhas lembranças das telenovelas dos anos setenta

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Ou seja, dos anos 1970. Eu diria que meus pais foram bastante liberais com relação a me permitirem acompanhar a programação televisiva noturna nos anos 1970. Isso cabia mais à minha mãe que ao meu pai. O velho sempre dormia muito cedo porque tinha que acordar de madrugada para iniciar sua jornada de trabalho que normalmente iniciava às sete da manhã. Assim, nos tubos dos anos setenta, em preto e branco, eu acompanhava as telenovelas.  No início, a audiência lá de casa era mais ou menos equilibrada, entre as redes Tupi e Globo. Mas com o correr dos anos a Globo ganhou proeminência. Não só lá em casa. Em todo o Brasil. Minha mãe me permitia acompanhar a então novela das oito. Em geral essa novela era protagonizada por um galã, às vezes Tarcísio Meira , às vezes Francisco Cuoco. Acho que Claudio Marzo também, mas ele estrelou novelas mais para o início da década, quando eu era jovem demais para me recordar. Com o decorrer do tempo ainda tivemos o estrelato de Tony Ramos.  Francis...

Diário – leituras – Terapia Cognitivo-comportamental para leigos

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Terapia Cognitivo-comportamental para leigos é um livro que se destina explicar e aplicar a terapia psicológica chamada de cognitivo-comportamental. Neste sentido é um livro de auto-ajuda, um dos bons.  Os autores mostram técnicas para ajudar os leitores em uma série de dificuldades psíquicas nas quais podem se encontrar. Essas técnicas são mais aplicadas a partir da parte 3, capítulo 9, do livro. É quando os autores falam em colocar a terapia cognitivo-comportamental em prática. Há capítulos para medo e ansiedade; adições, isto é, o que é comumente chamado de vícios; transtornos corporais e alimentares; depressão; obsessão; raiva. Acho que o livro ajuda, mas não substitui consultas com um profissional habilitado. Em um país em que a maioria das pessoas não pode investir em sua saúde mental, o livro quebra um galho, mas não é o ideal.  Está dada a dica para quem quer tentar superar problemas psíquicos, mas está curto de grana. Ou para quem quer simplesmente conhecer essa escol...

2025: Janice em Paris

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Era uma vez um menino. Seu nome era João. O ano era 1973. Ele tinha então seis anos de idade. Ou talvez sete.  Naquele ano, a irmã dele, Maria, que era bem mais velha que ele e sua madrinha, anunciou que iria para o Rio de Janeiro. João quis ir junto. A irmã, então uma mulher jovem, não quis levá-lo. João ficou triste. Acho que a palavra é decepcionado. Ele nunca esqueceu. Cresceu um adulto que foi abandonado pela irmã para uma viagem maravilhosa. Aliás, Maravilhosa ainda é aquela cidade.  Era uma vez uma menina. Seu nome era Janice. O ano era 2025. Ela tinha então dez anos de idade. Ou talvez onze.  Naquele ano, a avó dela, também Maria, teve a oportunidade de viajar a Paris. A vó Maria convidou Janice para ir a Paris. De quebra, a tia de Janice, Regina, também iria nessa viagem.  Passaram-se vários anos desde 1973. João se tornou um adulto. Já bem adulto, quase velho, leu a epopeia de Erico Verissimo O Tempo e o Vento. Se impressionou muito com o personagem Rodrigo...