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Mostrando postagens de março, 2012

Diário - leituras - Istambul, de Orhan Pamuk

Diário - leituras - Istambul, de Orhan Pamuk Como registrei aqui, tempos atrás, por conta de uma cadeira na faculdade de História, eu havia lido o livro História de Bizâncio, de Emilio Cabrera . O livro de Cabrera é bom, didático e esclarecedor, eu diria que altamente recomendado como um livro de referência sobre o antigo Império Romano do Oriente, e seus mais de mil anos de história. O fim deste Império, também conhecido como Império Bizantino, se deu após uma lenta decadência, em 1453, com a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos. Depois disso os turcos continuaram suas conquistas, estendendo seu império pelos Bálcãs, tendo inclusive sitiado Viena, sem conquistá-la, isso mais de 200 anos após a conquista de Constantinopla. Assim, tive curiosidade para tentar saber um pouco como seria a cidade de Constantinopla, ou agora Istambul, hoje em dia. A oportunidade apareceu com o livro "Istambul", de Orhan Pamuk. Eu poderia procurar livros de história co

Chico Anysio (1931-2012)

Chico Anysio (1931-2012) Esta tarde foi anunciado pelos meios de comunicações o falecimento do humorista Chico Anysio. A primeira coisa que me veio à mente foi que ele vai fazer falta. A segunda foi que eu cresci vendo programas humorísticos estrelados por ele. Chico City, Chico Total, Escolinha do Professor Raimundo, ... Foram vários. E o curioso é que em minhas lembranças infantis, da década de 1970 mais ou menos, eu não achava Chico Anysio tão engraçado, preferia o Jô Soares. Depois acho que fui crescendo e ficando mais disposto a rir de Chico Anysio. E a última lembrança que tenho dele foi desse quadro piegas do Fantástico, num domingo do final de 2011. Ali, onde ele reflete sobre a vida e a vida dele, ele fez a revelação, surpreendente para mim, que consultava um psiquiatra. Na minha ingenuidade, eu imaginava que humoristas não precisassem de psiquiatras. Mas isso parece que não tem jeito. Humoristas também são artistas, e artistas têm a capacidade de sen
Diário - leituras - O Século Soviético A União Soviética foi um marco fundamental do século XX. Ela surgiu após uma revolução que gerou a segunda experiência socialista na história (a primeira foi a Comuna de Paris, de 1870, surgida na esteira da derrota francesa para os prussianos e esmagada após o armistício da Guerra Franco-Prussiana), num momento de grande efervescência do movimento operário e dos partidos que procuravam representar a classe trabalhadora. E por conta dessa busca do socialismo praticamente expulsa do "pacto das nações". Como o Haiti no início do século anterior o pais foi isolado pelos demais países. Mas diferentemente do Haiti pôde resistir ao assédio por conta de seu extenso território, portador de uma vastidão de recursos. Esta experiência do socialismo, apontava para um governo que dizia trabalhar no interesse dos trabalhadores do mundo todo. Por conta disso, foi considerada uma esperança de redenção para estes mesmos trabalhadores, e ang

O Bom Velhinho se foi

O Bom Velhinho se foi Pois é, Mrs. R., o bom velhinho se foi. Fazia algum tempo que eu tinha vontade de perguntar "como está o teu pai?" quando passava por ti, no corredor da empresa, mas ficava inseguro, pensando se era possível que ele já tivesse falecido. Contudo eu imaginava que quando acontecesse o falecimento dele, teu pai, os colegas seriam alertados por mensagem interna. Pois este dia chegou. Chegou antes que eu vencesse as minhas incertezas para perguntar sobre a saúde dele. Agora ele descansa das obras que realizou. A liderança de uma comunidade luterana no interior, a criação das filhas, a convivência com os netos, a edição do jornal da comunidade. As obras da comunidade outros terão que levar adiante. A vida dos descendentes continua. Agora com mais saudade. O reencontro de tempos em tempos não mais acontecerá, a não ser num reencontro futuro, de um futuro cheio de esperanças. Pois é, Mrs. R., meus pêsames pelo passamento do Reverendo, teu

Diário - leituras - O Brasil Privatizado

Diário - leituras - O Brasil Privatizado Resolvi ler o livro “O Brasil Privatizado”, de Aloysio Biondi, por conta da leitura anterior de “A Privataria Tucana” . O livro é uma grande denúncia sobre a privatização levada a cabo nos anos 1990, durante o governo FHC, cujos principais ativos vendidos foram as empresas estatais de telefonia e eletricidade, embora tenham sido vendidas também empresas estatais de petroquímica e siderúrgicas. O interessante das denúncias de Biondi é que nem é possível dizer que ele fosse contra as privatizações em si. Curiosamente, ele cita o sistema de privatizações inglês da Sra. Margareth Thatcher, como um exemplo melhor do que o que foi feito no Brasil. Margareth Thatcher foi mãe fundadora do neoliberalismo que vigora até hoje em dia no capitalismo mundial.  Mas, segundo Biondi, no modelo de privatização inglês, as ações de empresas estatais foram vendidas na Bolsa de Londres, e, em tese, qualquer súdito de Sua Majestade a Rainha Elizabeth, se possu

Diário - leituras - Partido e Revolução 1848-1989

Diário - leituras - Partido e Revolução 1848-1989 O prefácio indica que este livro é derivado de parte da tese se doutorado do autor, para a Escola de Serviço Social da UFRJ, como uma pesquisa para rever criticamente o desenvolvimento das ideias e praticas socialistas desde o final do século XIX, até próximo do final do século XX. A pesquisa começa pelo Manifesto Comunista de 1848, e os movimentos de libertação do proletariado desde então, passando pela Primeira Internacional, as disputas intestinas no movimento dos trabalhadores, os partidos socialistas e sua evolução para partidos social-democratas, a Revolução Russa e seus desdobramentos, a relação da União Soviética com os partidos social-democratas da Europa, a stalinização do partidos comunistas, a crise gerada pela denúncia dos crimes de Stálin por Kruschev, chegando até a chamada crise do Socialismo Real e o fim da União Soviética e da Cortina de Ferro. É bastante coisa. O livro é eficiente em tentar mapear os

As Mulheres Veladas do Irã

As Mulheres Veladas do Irã Fui recentemente assistir o filme "A Separação", do iraniano Asghar Fahardi. Para mim foi impossível não ver o filme com um certo "olhar etnológico". A Teerã apresentada no filme, supondo que seja Teerã, é semelhante a qualquer cidade do mundo. É Teerã, mas poderia ser Porto Alegre, ou Montevidéu, ou Buenos Aires. Apesar do embargo imposto ao país, os automóveis que vemos no filme são os mesmos que vemos nas nossas ruas. E o autor se utiliza do filme para mostrar os conflitos no interior da sociedade iraniana, embora de maneira um pouco estereotipada, sendo um lado a classe média secular, e de outro os pobres religiosos. Mas o curioso mesmo é o uso do véu. Parece um encargo ostensivo e inevitável para as mulheres mostradas no filme, mesmo que algumas possam dirigir automóveis e pintar o cabelo. Aqui no Brasil é possível encontrar mulheres cristãs usando véus por motivos religiosos, embora esse um costume que está se tornando obsolet

A Suécia é Fria

A Suécia é Fria Pelo menos foi essa a impressão que me passou o filme "Os Homens Que Não Amavam as Mulheres". Frio, neve, chuva, e pouco sol é o que é possível ver na tela, no filme estrelado por Daniel Craig e Rooney Mara, e também com ótimas atuações de Christopher Plummer e Stellan Skargard. O frio chega a ser opressivo, como na cena em que Mikael Blomkvist (Daniel Craig) corre para dentro de um automóvel, que presumivelmente tem calefação, em uma gelada estação de trens. Ou quando ele chega à casa que deve habitar em sua temporada em Hedelstad. Fora isso temos um filme razoável (ou de razoável a bom), feita da adaptação do livro de Stieg Larsson. Não se trata aqui da questão sobre o livro ser melhor que o filme. São obras diferentes. É possível comparar com outras obras adaptadas de livros. Por exemplo, eu acho que as adaptações de "Harry Potter" geraram filmes melhores, em relação às suas obras de origem que esta adaptação de Stieg Larsson. Também me parece

A Suécia de Stieg Larsson

A Suécia de Stieg Larsson Stieg Larson é o autor da "Trilogia Millenium". Ele faleceu precocemente, se não estou enganado, por conta de um infarto fulminante. Millenium é o nome da revista em que trabalha um jornalista, que é um dos personagens principais dos romances que compõem esta trilogia. O nome do jornalista é  Mikael Blomkvist. A outra personagem principal do livro é a "hacker" Lisbeth Salander. Eu li recentemente estes livros. Dos três, eu achei o primeiro, "Os Homens que não Amavam as Mulheres" o melhor. É o tipo de livro que você não quer parar de ler enquanto não chega ao final. Os outros dois, "A Menina que Brincava com Fogo" e "A Rainha do Castelo do Ar", são bons também, mas o primeiro é melhor. O segundo livro demora um pouco a engrenar, é como se tivesse umas 200 páginas de preâmbulo, portanto aquele desejo de não largar o livro enquanto não se chega ao final só aparece lá pela página 201. O terceiro livro é com

Diário - leituras - As Missões Orientais, Epopeia Jesuítica no Sul do Brasil

Diário - leituras - As Missões Orientais, Epopeia Jesuítica no Sul do Brasil Li este livro para reduzir minha ignorância a respeito das chamadas missões orientais, iniciativa missionária de jesuitas espanhóis, iniciada a partir do final do século XVI, visando catequizar os povos nativos da América que viviam às margens dos rios Paraguai, Paraná e Uruguai, e torná-los bons súditos dos reis de Castela, isto é, da Espanha. O autor fala desde as primeiras tentativas de estabelecimento de reduções no que hoje é território do Rio Grande do Sul, no início do século XVII, os ataques dos bandeirantes paulistas que atacaram as primeiras reduções para escravizar índios, a retirada dessas primeiras reduções, e, por fim, os estabelecimento das reduções no que o autor chama de “período clássico” das missões com os 30 povos das missões, dos quais, 15 foram em território que hoje pertence à Argentina, 8 que ficam no Paraguai, e os 7 povos da margem oriental do Rio Uruguai, atual território do Rio Gran