Cricri
Cricri
Me dei conta em
uma noite dessas que quando eu pensava que pudesse estar sozinho em
casa, eu realmente não estava sozinho.
Há que se
classificar esse sozinho. A princípio eu pensava que sozinho seria
sem a presença de outro ser humano sob o mesmo teto.
Então, em uma
noite dessas, ao chegar em casa, percebi o cri-cri-cri de um grilo em
casa. Consegui até localizá-lo, mas não me importei com o inseto.
Deixei frestas nas janelas, e imaginei que assim como aparecera, o
bicho iria para fora atraído pelo brilho das luzes exteriores na
noite de Porto Alegre.
Mas o grilo não
foi embora. Na noite seguinte estava lá, “cantando” novamente,
fazendo um silêncio cauteloso quando as luzes se acenderam e o
movimento chegou perto dele.
O surpreendente
foi que em alguma noite seguinte percebi outro canto, e este
aparentemente vinha do banheiro. Com o cri-cri-cri alto, também não
foi difícil localizar o autor(a). Mas desta vez, não parecia um
grilo, parecia mais uma espécie de cigarra com hábitos noturnos. Ou
é mesmo um grilo metido a besta (não sou entomólogo).
Pensar em
cigarra, me fez pensar numa observação de meu filho tempos atrás,
sobre cigarras, que passam anos enterradas em suas fases larvais,
depois vêm à superfície, acasalam, se reproduzem e morrem, em
ciclos que duram de duas semanas a um mês.
Meu filho
cresceu, e não posso ficar como Clarice Lispector, junto ao filho
menino, comentando sobre o aparecimento de uma esperança (inseto) na
sala de casa, e filosofando sobre a esperança (sentimento).
Eu poderia
facilmente dar cabo dos insetos, mas se há uma bela frase clichê, é
"a vida é maravilhosa"! A vida deles é ainda mais efêmera
que a nossa. Melhor deixar os bichos seguirem cantando por mais
algumas noites.
E realmente não
estarei sozinho. Há pouco mais de mês e meio ganhei de presente uma
orquídea com flores brancas. Há um mês e meio a orquídea está
viva e florida. Impressionante!
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18/12/2019.
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