Roger Waters - Us and Them - Porto Alegre, 30 de outubro de 2018



Eu nunca pude estar em um concerto do Pink Floyd, tenha sido por falta de interesse ou de oportunidade. 

Também não estive nos concertos anteriores de Roger Waters em Porto Alegre (2002 e 2012). Acho que faltou interesse.

Por conta de mudanças de interesse, e oportunidade, pude ir ao show que o músico britânico deu no Estádio Beira-Rio este ano. E o show a que assisti não poderia ser melhor (Não. Na verdade poderia sim. Se a chuva não fizesse o show ser encurtado em uns trinta minutos.).

Eu fui apresentado ao som do Pink Floyd na adolescência, em casa de amigos. Não tenho certeza, a memória trai, mas acho que um amigo tinha uma cópia em fita cassete do disco "The Dark Side of the Moon". Era um som estranho a princípio, mas que aprendi a gostar. Os mesmos amigos tinham cópias de "Wish Your Were Here". Mas, repito, por conta das circunstâncias da vida, acabei por nunca mais ouvir o "The Dark Side of The Moon" e "Wish You Were Here". Tenho o álbum "The Wall" e vez por outra posso ouví-lo. E, sim, vi o filme baseado no álbum "The Wall".

Então como foi uma questão de oportunidade, eu fui para o show de Roger Waters com baixa expectativa. Além de eu não me achar o maior fã, estávamos (estamos) no ambiente conflagrado politicamente em que se apresenta o Brasil. Em basicamente todas as apresentações anteriores de Waters no Brasil houve vaias por conta da postura anti-fascista do músico. Ele insiste em denunciar o atual presidente eleito do Brasil como um neofascista. De fato, conflagração política do país se transferiu para a plateia que pode pagar valores altos para ver um show desses. A única questão é se esse pessoal que vaiou Waters sabia de sua vida pregressa e de seu ativismo. Seu pai morreu lutando contra os nazistas na Itália, e ele tem denunciado vários líderes autoritários, além de militar pela independência palestina. Enfim...

Então o show deu o ar da graça. O telão abriu com a imagem de uma mulher sentada sobre a areia de uma praia, observando o mar. Isso por volta de 21h. Vários minutos se passaram até que o céu do telão se tornou vermelho, e começou a música "Speak to Me", seguida por "Breathe", seguida por sua vez por "Time". Nossa! E aí lágrimas desceram pelo meu rosto. Roger Waters me lançou novamente para os meus quinze, dezesseis anos, tocando alguma coisa que estava escondida na memória. Não sei, não vou me analisar para saber o que me tocou. 

Mas isso me leva de volta ao início deste texto. Eu nunca estive em um show do Pink Floyd, mas este concerto de Roger Waters foi como um concerto antológico do Pink Floyd, em uma de suas grandes fases, nos anos 1970. O setlist incluiu um início com músicas do álbum "The Dark Side of the Moon", passou por "Wish You Were Here", do disco homônimo, depois músicas de "The Wall" e de "Animals". Tudo isso mesclado com algumas canções solo de Waters. 

O telão proporciona uma experiência muito boa. Serviu para mostrar, entre tantas coisas, a atualidade de músicas feitas há quarenta anos. Entre os efeitos do show, foi possível montar um prisma de luz na pista. E não podemos esquecer que os relâmpagos da noite que se tornou chuvosa ficaram parecendo efeitos especiais do show no céu. 

Um grande show!


Setlist: https://www.setlist.fm/setlist/roger-waters/2018/estadio-beira-rio-porto-alegre-brazil-3960123.html 


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A mulher na praia, anúncio do início do show


Uma imagem do palco, com o "zoom" da máquina.


Crianças no palco para "The Wall"


A denúncia do neofascimo, com o nome de um líder brasileiro sob tarja
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04/11/2018.

Comentários

  1. Comparando com os set lists dos shows anteriores, ele deixou de cantar só uma música por causa da chuva. E deixou de fazer o ritual de sair e voltar para dar o bis. Emendou direto a última música. Então acho que não foi meia-hora de show a menos.

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