Cara Maria – XIII


Cara Maria,


2024 chegou e nós estamos como? Escrevendo, claro. 

E eu vou escrevendo sobre aquele assunto mais ou menos conhecido, e mais ou menos repetido: tempo; clima. 

Deves ter visto a manchete do início deste ano, informando que 2023 foi o ano mais quente da história, desde que as medições têm sido feitas. E temos tido cada vez mais tempestades cataclísmicas. 

Vamos sobrevivendo. 

E eu nem queria escrever sobre catástrofes. 

É que em um dia desses, do início de janeiro, me vi pensando em Porto Alegre. Aqueles momentos epifânicos, momentos eureca. Acho que já deve ter acontecido antes. Aconteceu de novo. 

Era um dia de desses de calor insuportável (se bem que suportamos) do verão na cidade. Aqueles dias em que chamamos carinhosamente esta praça de Forno Alegre. Nesse dia, por conta desse calor terrível, saí para a minha caminhada de saúde após as dezessete horas. Momento em que a temperatura ia lentamente diminuindo (não que diminuísse muito, mas enfim…). E nesse horário, pouco depois das dezessete horas, era dia pleno. A mágica do verão no paralelo trinta ao sul. 

Lembras do Paulo Francis? Aquele jornalista que hoje chamariam de polêmico? Faleceu em 1997. Lá se vão vários anos. Eu gostava de lê-lo, e fiquei bem chateado quando ele morreu. Lembro dele porque ele dizia que um dos fatores pelo qual ele havia trocado o Rio de Janeiro por Nova Iorque era que lá, na metrópole do hemisfério norte, ele vivia quatro estações por ano, e isso era importante para ele. E, bem, nós temos essas quatro estações em Porto Alegre, com o sol se pondo por volta de sete e meia (ou dezenove e trinta) no solstício de verão, e por volta de cinco e meia (dezessete e trinta) no solstício de inverno. 

Essa caminhada iluminada de fim de tarde de verão me veio após ter tido a ocasião de passar uns dias em um capital no norte do país, Maceió, em fins de novembro passado. Lá estava eu no quase verão dessa cidade tropical agradável. E eis que lá o sol se punha por volta de dezessete e trinta. Em fins de novembro. E se eu pudesse estar lá em um dia qualquer de junho o pôr do sol seria por volta de dezessete e quinze. E lá, o clima se define mais por duas estações, a seca e a chuvosa. 

Não faço juízos de valor sobre o clima. Contudo gosto de viver testemunhando a sucessão das estações que há em Porto Alegre. 

E a cada verão posso ver a floração das extremosas.


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16, 17/01/2024. 

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