Cara Carol – II


Cara Carol,


Estive pensando que esse tipo de título, “Cara Carol” (segundo capítulo) ou “Cara Maria” (décimo-terceiro capítulo) não devem ser muito bons para “caçar cliques”. Talvez “O artigo X que li na Piauí”, ou “O Clima em Porto Alegre na terceira semana de 2024” fossem melhores para isso. Contudo, como o número dos meus leitores, minhas leitoras, mxs leitorxs é próximo de zero (não se trata de um zero absoluto, mas, colocando nos termos da série de livros “Guia do Mochileiro das Galáxias”, se montássemos uma fração com o número de leitores deste blogue, digamos dez pessoas como numerador, e com o número de pessoas alfabetizadas no estado do Rio Grande do Sul, talvez seis milhões de pessoas [ou mais] como denominador, o número dos leitores deste blogue tenderia a zero, em termos matemáticos), reproduzo no título a evocação  destas crônicas mensagens. Também procuro, de alguma forma me manter fiel à minha inspiração, isto é, o livro “Caro Michele”, de Natalia Ginzburg. Por sinal, acabo de encomendar o livro, para que eu não o fique citando à toa. 

Como já te disse, costumo ler a revista Piauí (a própria redação da revista a chama de piauí, assim, com letra inicial minúscula, mas acho estranho). Repito que inclusive houve um tempo em que cheguei a assinar a tal revista. Minha assinatura caducou, perdi alguns números, e ultimamente tenho comprado em banca (e, agora, pensando, comprar revista em banca era uma coisa tão natural, e hoje se tornou tão extraordinário, por conta do sumiço das revistas de papel, e, consequentemente, das bancas de jornal). 

Estou com as leituras da revista atrasadas. Para teres ideia, recém concluí a leitura da edição de março de 2023 (edição 198). 

Neste caso, me chamou a atenção uma reportagem chamada A Nova Neurastenia, na qual a repórter, Camille Lichotti, traz uma longa reportagem (como são usuais na revista longas reportagens) sobre o atual mundo do trabalho, o que, imagino, seja área do teu interesse. A reportagem se inicia com o caso de Catiane Zimmermann, funcionária de um call center, em um município do Vale dos Sinos, aqui no Rio Grande do Sul. Call center esse que presta serviços a um dos maiores bancos do Brasil. A reportagem se inicia com as sensações de síndrome de pânico que começam a afligir Zimmermann, após mais um contato hostil em seu trabalho. 

A partir disso, Lichotti comenta sobre o mundo do trabalho atual, a precarização das relações de trabalho neste Brasil do século XXI, e compara a atual síndrome de burn out com o diagnóstico, relativamente comum, da “neurastenia” no final do século XIX e início do século XX. As novas tecnologias atingem os trabalhadores, demandando mais e mais deles, a ponto de destruir sua sanidade mental. Às vezes a sanidade física também se vai. 

A reportagem vai relatar o périplo de Zimmermann, através das perícias da Justiça (?) do Trabalho e da previdência social, indo inclusive além de seu, previsível, desligamento da empresa, pois, afinal, “a empresa estava se renovando e seu perfil já não combinava com os novos rumos da firma”. 

Claro que aqui faço um resumo do resumo da reportagem que ocupa cerca de cinco páginas padrão tablóide da revista. Motivo pelo qual talvez devas ler a reportagem inteira. Ou não. 

Gostarias de ler?


22, 23/01/2024. 

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