Outra Ronda



“Fuimos cerrando uno a uno cuatro bares / Montevideo, ya hacía rato, amanecía….”

Desde que a conheci, a canção de Jorge Drexler, “Pongamos que hablo de Martinez”, se tornou uma espécie de hino boêmio. Drexler a compôs homenageando o amigo Joaquin Sabina. 

Já escrevi uma outra crônica usando este início da letra do uruguaio, quando saímos de bares, ao fecharem (os bares).

Me aconteceu de novo, semana passada.

Após a oficina literária, na quarta-feira, quando o bar em que a oficina é realizada, o Alameda República, fechou, fomos para um outro. 

O bar seguinte foi o Antiquário. Quem direcionou foi o Altino. Fomos o Altino, eu, a Carol, e o Gian, que não participa dessa oficina (participou de várias outras). Gian esteve nos visitando para combinar com o Rubem e o Tiago detalhes de uma outra publicação. 

O Antiquário fica na Lima e Silva. É pequeno. Aconchegante. Com uma decoração de vários itens antigos, que nos remetem a um antiquário mesmo. Além disso, várias referências ao Rio da Prata.  Montevidéu e Buenos Aires. O dono é uruguaio. Em todo caso, senti falta de referência a Jorge Drexler. 

Ali, entre cervejas Patricias (uruguaias), ficamos conversando sobre o que escrevemos, sobre porque escrevemos, sobre a qualidade do que nós (e alguns de nossos amigos e conhecidos) escrevemos. Sobre literatura em geral, e até sobre Karl Ove Knausgård e sua autoficção serem controversos. Em alguns momentos a discussão ficou mais veemente, em outros menos. Como comentou depois a Carol, éramos boêmios literários.

Registrei o encontro em algumas poucas fotos. 

Na conversa boa, o tempo passou voando. 

Logo a garçonete nos trouxe uma Patricia informando sutilmente (ou não) que aquela era a saideira.  Foi a primeira vez que fui informado da saideira. Normalmente nomear a saideira é privilégio do cliente. 

Carol chamou um carro de aplicativo, e foi para casa. 

Gian, que mora perto dali, se despediu e seguiu para a casa dele. 

Altino e eu fomos caminhando pela Lima e Silva. A maioria dos estabelecimentos já fechados. 

Os que ainda estavam abertos eram dominados por jovens, que se aglomeravam pelas calçadas. 

Seguimos caminhando, e próximos da esquina da República, vimos que o Pinguim ainda estava aberto. 

Convidei para mais uma. Altino aceitou. 

Conversamos sobre a vida, o trabalho, o Rio de Janeiro. 

O Pinguim fecharia às cinco, por conta do feriado, mas às quatro decidimos nos recolher. Fomos para casa compartilhando algo tão antigo quanto um táxi. 

Eu poderia fazer uma versão. “Fomos fechando, um a um, uns dois bares, Porto Alegre, já quase amanhecia…”


19, 21/06/2022.

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