Um dia anormal
Um
dia anormal
Foi nesta segunda-feira, 3 de agosto.
Na sexta-feira anterior, o governador decretou o parcelamento de salários a serem recebidos acima de dois mil reais líquidos (isso dá algo como quinhentos e setenta dólares no momento em que escrevo).
Como consequência, quase metade do funcionalismo público estadual não recebeu seu salário integralmente, o que gerou indignação.
Uma das materializações de parte dessa indignação foi a ameaça de associações de policiais da Brigada Militar (a polícia militar do Rio Grande do Sul) de não realizar o policiamento ostensivo nas cidades, como é praxe.
Assim, essa segunda-feira foi um daqueles dias de colocar as barbas de molho.
Prestar mais atenção no rádio sobre o que acontecia na cidade, conferir se o transporte público estava realmente funcionando. O transporte público funcionava, mas a companhia municipal de ônibus, a Carris, não operou pela manhã.
Em “dias normais” o risco de assaltos e arrastões no transporte público já é elevado. Infelizmente se tornaram comuns os relatos nesse sentido, tanto em ônibus, quanto em lotações.
Num dia como essa segunda-feira, era o momento de prestar mais atenção nos passageiros, para tentar prever a presença de um potencial assaltante, e de tentar antecipar uma pedra atirada contra o vidro do veículo. Dia de ficar com as barbas de molho.
No fim, o policiamento esteve presente, apesar das manifestações de familiares de policiais.
Durante todo o dia houve rumores de arrastões pela cidade. Mas parece que foram apenas rumores, felizmente. Manifestações de uma cidade mais amedrontada que o normal.
No final do dia, o comércio fechou mais cedo. Várias lojas que ficam abertas até as oito da noite, estavam fechadas antes das sete. Mesmo o Shopping Rua da Praia, que normalmente fica aberto até as nove, estava fechado antes das sete.
Às sete já havia pouco movimento no Centro da cidade.
O medo continuava no ar. Rescaldo de um dia anormal.
04/08/2015.
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