Hebdomadário boêmio masterclássico stanislawiano – capítulo XIX


A nova masterclass da Oficina Literária Santa Sede, a edição de 2023, começou dia 9 de março. Relatei isso antes. A edição deste ano homenageia Stanislaw Ponte Preta, alter ego, por assim dizer, do jornalista Sergio Porto.

A novidade da semana de 12 de julho foi que não houve encontro. As leituras das crônicas que irão compor um livro e um saite (ou blogue) teve que ser adiada. Embora faltem poucas. O livro e o saite parecem bem encaminhados. 

Salvo engano, fui o primeiro a informar que não estaria presente dia 12. Peguei um resfriado como fazia muito tempo eu não pegava. Testei e não era covid-19, mas os sintomas foram bem piores do que quando estive afastado<https://novasvoltasemtornodoumbigo.blogspot.com/2023/04/e-peste-finalmente-me-alcancou.html> por conta dessa doença. Aliás, ainda são. Escrevo no domingo, 16 de julho, e continuo com rinite e tosse, oito dias após o surgimento do primeiro sintoma: uma dor de garganta, domingo passado, dia 9.  

Terceira semana de inverno, noite de novo ciclone extra tropical. O ciclone foi de fato o que levou ao cancelamento do encontro. 

O evento climático realmente compareceu, com sua tradicional derrubada de árvores, destelhamento de casas, e interrupção de fornecimento de energia elétrica a milhares de consumidores, em vários municípios diferentes. Na cidade de Rio Grande, no litoral sul do estado, os ventos chegaram a 140 km/h; uma velocidade de furacão.

Apesar do ciclone, naquela noite houve futebol. Após dois empates, o Grêmio Porto-Alegrense superou o E. C. Bahia nos pênaltis e se classificou para as semifinais da Copa do Brasil de 2023.

Se houvesse leituras, é bem provável que o prato de bateria continuasse sobre a mesa (se quiser, procure por “tu dum tss” nos buscadores da internet – pode ser que a resposta venha como “ba dum tss”). 

Essa pausa forçada é talvez um momento para avaliar o que tem sido essa oficina. 

A oficina propriamente dita, deve terminar na primeira quinzena de agosto, restando a sessão de lançamento e autógrafos para o final de outubro ou início de novembro (não tenho certeza se essa data de lançamento já foi divulgada, mas acho que ainda não). 

É a oficina que mais estou gostando de participar. O que não significa que não gostei de participar de alguma outra. É questão de intensidade, não de sim ou não. 

Talvez seja questão de eu estar ficando (ou já estar) velho. Dizem que velho chora por qualquer coisa. Talvez eu esteja mais suscetível a me emocionar. 

Foi especialmente bom compartilhar a mesa com todas essas feras. Em especial com o Gian e o André, com quem nunca havia compartilhado a mesa durante a confecção de um livro. Senti falta do Tiago, que faz parte da equipe, mas tem comparecido pouco. Deve ter suas razões. Outro que compareceu pouco foi o Kauer; também senti falta. Foi bom estar de novo com o Felipe, embora estar com o Felipe não diga muito, haja visto que ele esteve em quase todas as oficinas de masterclass da Santa Sede (só não esteve em uma porque não quis performar um ou uma cross dresser). Rever o Magnus, o maior cronista da Santa Sede (uns dois metros de altura!), pessoa discreta, e capaz de escrever crônicas humorísticas muito divertidas. Estar junto a Carol novamente, com sua imaginação e sua capacidade de inspirar este hebdomadário. Estar novamente com o Altino, nosso fluminense gauchizado, tão envolvido com a cena cultural porto-alegrense. Estar à mesa com a Silvia que “previu” que estaríamos juntos em uma oficina no final do ano passado, quando foi lançado o livro em homenagem a Moacyr Scliar (ela estava na turma da cidade de Canela e eu na de Porto Alegre). Uma turma para conhecer pessoalmente a Vivi, nossa quase enóloga. E para conhecer pessoalmente o Edgar, o Ed, que eu conhecia pela erudição de seus diários, divulgados por aplicativos de mensagens. Conhecer Ronaldo, o caminhante; presença quase discreta; quase porque é difícil ser discreto com aqueles olhos claros.

E, claro, obviamente nada disso existiria sem o Rubem. 

Noites de muitos brindes. Brindamos à vida. Vida la vida (sejá lá o que o Coldplay tenha pensado quando produziu uma canção com esse nome). 

Noites de travessuras. Deitar sobre mesas. Posar de anjo. Mostrar a cueca. 

Tudo isso entre pessoas cuja maioria passou dos cinquenta. 

Passados dos cinquenta, somos memoriosos. Temos muito do que lembrar. E vamos entre lembranças e esquecimento. 

Em uma dessas mesas lembramos de personagens dos anos 1990 da TV. Foi quando uma das pessoas à mesa revelou que, àquela época, uma noite se fantasiou como a Tiazinha (Tiazinha era uma personagem daqueles anos 1990 que usava uma máscara, à moda dos Irmãos Metralha da Disney, o que evocava práticas sadomasoquistas, para além da sensualidade de seu corpo curvilíneo), e como tal deitou-se na cama, aguardando pelo namorado, para fazer-lhe uma surpresa. Quando o namorado se aproximou e a pessoa mostrou sua fantasia, o namorado tomou um susto! Surpresa! 

Na hora comentei com o André, se o episódio poderia vir parar neste hebdomadário. A pessoa envolvida no episódio não opôs objeções. O que aconteceu foi que a mesa depois se tornou tão filosófica que acabei esquecendo de relatar a história.

Dia 12 de julho de 2023 um ciclone trouxe a ausência da Santa Sede ao Apolinário (bom, talvez o Gian estivesse lá. Vai saber). 

Possivelmente o bar tenha fechado mais cedo. 

Eu espero poder estar no próximo encontro. 


16, 18/07/2023. 

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