Salt: Anti-comunismo e paranoia

                                                                  
Neste final de semana tive oportunidade de assistir pela segunda vez ao filme Salt, produção norte-americana de 2010, onde Angelina Jolie vive uma agente de CIA, que descobre que é, na verdade, uma agente sabotadora soviética infiltrada nos Estados Unidos desde os tempos da Guerra Fria.


É uma aventura com muitas perseguições, muitos tiros, muitas lutas, e algumas explosões. E se eu cheguei a ver o filme pela segunda vez, deve ter sido para ver a Angelina Jolie de novo. E também para me certificar de como a indústria cinematográfica de Hollywood ainda tem pessoas que guardam rancor do comunismo, e gostam de alimentar sentimentos de paranoia.


A temática não é propriamente original. O filme Telefon (o nome aqui no Brasi foi "Conspiração Telefone", se não me engano), de 1977, e portanto, produzido no período da Guerra Fria, tinha a mesma inspiração. Contudo, há de se dizer que naqueles tempos se vivia com o medo efetivo de uma possível guerra entre Estados Unidos e União Soviética, que se explodisse, tinha grandes chances de se tornar numa catástrofe nuclear.


Mas é curioso que se possa produzir um filme cerca de 20 anos após a queda do Muro de Berlim, e do fim da União Soviética, em que os malfeitores sejam antigos ex-funcionários soviéticos, que têm por propósito destruir os Estados Unidos, e alçar a Rússia à glória entre as nações.


Não faz muito sentido para mim. Não existe mais União Soviética. O comunismo existente hoje é um regime paranóico na Coreia do Norte, lutando para sobreviver, e acossado pelas forças militares tecnologicamente superiores da Coreia do Sul, e pelas tropas dos Estados Unidos estacionadas na península, e Cuba, um regime onde o comunismo se funde com o sentido de independência nacional, para fugir à opressão dos Estados Unidos, que fica a 200 km de distância, e que já ocupou efetivamente a ilha. China e Vietnã, com suas aberturas à produção capitalista não contam mais como comunismo.


E claro, há certos exageros. Angelina Jolie é uma mulher grande, com 1 metro e 75 centímetros de altura. Mas ela luta com diversos homens de igual tamanho, ou maiores que ela, espanca todos eles, e sobra fôlego. Tenho dúvidas sobre se é possível extrair uns 2 ou 3 ml de veneno direto da glândula de uma aranha. E tenho dúvidas se é possível cair no rio Potomac no inverno boreal, e sair correndo sem sofrer uma crise de hipotermia.


Mas, enfim, é ficção e diversão. Em todo caso, repito, é curioso que se use disso para alimentar rancor anti-comunista e paranoia.


12/07/2011.

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