Diário – leituras – Quem matou meu pai?


A mesma amiga que me emprestou A Vegetariana também me emprestou este pequeno livro, Quem matou meu pai?, do escritor francês Édouard Louis. O autor se tornou um certo tipo de sensação, sendo admirado pela escritora Tati Bernardi, e, bem, por essa amiga que me emprestou o exemplar. 

Quem matou meu pai? parece uma espécie de acerto de contas do autor com seu pai e consigo mesmo. Difícil inclusive definir que tipo de livro é. É um depoimento? Uma reflexão? Quanto há de realidade ali? E quanto há de ficção? 

Em todo caso, eis um livro que narra bastante sofrimento, como na questão do relacionamento entre pai e filho, ou nas consequências que o pai do autor sofre por conta de um acidente de trabalho. 

Também é uma denúncia. Tanto que o livro abre com uma citação que reproduzo abaixo:

“Quando lhe perguntam que significado a palavra ‘racismo’ tem para ela, a intelectual americana Ruth Gilmore responde que racismo é a exposição de algumas populações a uma morte prematura.

Essa definição funciona também para o machismo, a homofobia ou a transfobia, a dominação de classe e para todos os fenômenos de opressão social e política. Se considerarmos a política como o governo de seres vivos por outros seres vivos e a existência de indivíduos dentro de uma comunidade que não escolheram, então política é a distinção entre populações com a vida sustentada, encorajada, protegida, e populações expostas à morte, à perseguição, ao assassinato.”

E a certa altura Louis cita o nome de políticos franceses que, julga ele, trataram de piorar a já difícil vida de seu praticamente inválido pai. Assim, além do depoimento ou do ajuste de contas ou da reflexão, a obra, em suas menos de cinquenta páginas, também é uma denúncia, repetindo o que eu disse acima. 

O livro pode ser uma boa porta de entrada para a literatura produzida por este ainda jovem autor.


LOUIS, Édouard. Quem matou meu pai?. São Paulo: Todavia, 2023. Tradução de Marília Scalzo. 


15, 18/11/2024.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Jussara Fösch partiu em 16 de abril de 2024

16 de outubro de 2024

Quinhentos