Diário – leituras – Caro Michele



Caro Michele é um curto romance de Natalia Ginzburg, escritora italiana nascida em 1916 e falecida em 1991. Foi publicado originalmente em 1973. A edição brasileira que li é da Editora Paz e Terra, de 1986, com tradução de Federico Mengozzi. Há edições brasileiras mais recentes. 

Resolvi ler este livro porque o título me inspirou a escrever crônicas mensagens. Primeiro para minha amiga Maria, a quem já dediquei treze textos. Depois para minha amiga Carol, com dois textos. 

Nos últimos tempos tenho lido mais de um livro simultaneamente. No momento, leio as memórias de Bono, do U2 (Surrender); o romance Saraminda, de José Sarney; a coletânea de contos de Nelson Ribas, chamada Arrabaldes; e um volume da coletânea de crônicas de viagens, de Cecília Meireles, cujo nome é, bem, Crônicas de Viagem 1. Conforme a justificativa do parágrafo anterior, Caro Michele acabou entrando na frente dos outros livros, e a prosa de Ginzburg me envolveu. Foi difícil largar o livro antes de chegar ao seu final. Além do texto fluente da autora, ajudou também que fosse um livro curto, 110 páginas nesta edição. 

O livro conta a história de diversas pessoas de uma família de classe média na Itália do início dos anos 1970. Essa história é contada pela via das correspondências que os membros dessa família, e dos relacionamentos agregados, escrevem uns aos outros. Em alguns momentos um narrador se apresenta, preechendo algumas lacunas. 

Caro Michele são as palavras da primeira carta, endereçada a ele, Michele, por sua mãe, Adriana. Michele é um jovem que aparentemente ainda não tomou um rumo muito definido na vida. Adriana é uma mulher de meia idade, separada do marido, o pai de Michele. Além desses dois, aparecem o pai do rapaz, as irmãs, um amigo de Michele, um homem mais velho chamado Osvaldo que acabará por se relacionar a família do jovem. Há ainda a personagem de Mara, uma jovem algo destrambelhada, que vaga por aquela Itália à procura de um lugar no mundo. Ela tem um filho recém nascido que talvez tenha Michele como progenitor, ou, talvez não. 

São pessoas remediadas, como a família de Michele, ou pobres como Mara. Mas, em geral, confusas e tristes, ou, pelo menos, foi o que interpretei. 

Além disso, a autora narra sutilmente um clima de radicalização política na Itália daqueles tempos. Tempos em que o Partido Comunista Italiano era forte, mas também tempos em que continuavam subsistindo fascistas. 

Lateralmente ainda podemos perceber que Ginzburg nos informa sobre certa facilidade das viagens internacionais dentro da Europa. Além da Itália há cenas narradas na Inglaterra e na Bélgica. 

E pelo menos uma coisa que me lembrou o Brasil: a necessidade de ter relações de amizade com alguém da companhia telefônica, para que uma linha fosse instalada. 

Como eu disse, um livro que me fisgou, e que acho que vale a pena ser lido. De quebra, agora uso com mais propriedade, esse termo, “caro”, ou no meu caso, “cara”, em minhas crônicas mensagens. 


GINZBURG, Natalia. Caro Michele. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. Tradução de Federico Mengozzi. 


02, 09/03/2024.

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