Jovem e Bela


Jovem e Bela


Este é um texto com comentários sobre o filme "Jovem e Bela" ("Jeune et Jolie", França, 2013), do diretor François Ozon, estrelado por Marine Vacth. Este comentários abordam aspectos diversos do filme, incluindo diversas cenas, que podem atrapalhar o seu prazer de ver o filme.

"Jovem e Bela" é um filme sobre uma jovem que após deixar de ser virgem, resolve se prostituir. O primeiro relacionamento sexual dela se dá com um flerte com um rapaz alemão, durante as férias de verão, numa praia, onde esta jovem, Isabelle, está com a família. Neste caso, ela de fato instrumentaliza o relacionamento com o rapaz com o fim de deixar de ser virgem, pois ela não demonstra nenhum grande afeto por ele.

Após o fim das férias de verão, de volta a Paris, ela começa a se prostituir.

O filme não oferece respostas diretas.

Insinua, por exemplo, que ela gostasse de sexo.

Mas, a princípio, a maioria dos seres humanos gosta de sexo.

Em determinada cena, ela está em seu quarto se masturbando. Certamente existem milhares de meninas adolescentes que se masturbam, mas quase ninguém fala disso.

Em determinado momento, ela informa que um homem uma vez lhe ofereceu dinheiro para que ela fizesse sexo com ele, e deixou para ela o telefone dele, se ela ficasse interessada. Ela pensou uma semana e ligou de volta. Foi o início.

Depois ela colocou um anúncio numa página da Internet.

Enfim, o diretor não oferece respostas fáceis.

Há o cliente, Georges (vivido pelo ator Johan Leysen, um ótimo coadjuvante). Um homem que poderia ser avô de Isabelle. Casado há vários anos. E lá pelas tantas, ele diz que "tenta ser um bom marido". Por que ele se torna cliente de Isabelle? E por que ele resolve se matar fazendo sexo com ela? Isso não fica claro, mas fica insinuado: a esposa diz que ele era doente, cardíaco. Assim, deve tomar remédios, os famosos nitratos para o coração. O Viagra não deve ser tomado em conjunto com esses nitratos, mas Georges o usa. De quebra, ainda acrescenta um pouco de álcool à mistura...

O filme é dividido em quatro estações, as quatro estações do ano: verão, outono, inverno, primavera. Na primavera, Isabelle tem um caso com um rapaz de sua idade, colega do liceu onde ela tem aulas. Seria o caso de um ajustamento? Fim da atividade “desviante”? Não. O caso é rápido. Não há "redenção" ou ajustamento.

Há o estranhamento "adulto" na figura da mãe, que não consegue entender a decisão da filha. E que mesmo sabendo que a filha tem 17 anos, faz questão de tutela-la. E a polícia que entra no circuito com a ideia da exploração, da violência, e do vício em drogas, associados à prostituição.

E a mãe de Isabelle não a entende, mas ela mesma vive uma relação extra-conjugal, com o marido de uma amiga.

E nunca sabemos o que de fato move Isabelle. Ela permanece, do início ao fim do filme, um enigma.

O filme não oferece respostas.

Por que um sexagenário procura uma garota de programa? Por que uma menina de dezessete anos começa a se prostituir? Por que uma mulher madura e casada trai seu marido?
François Ozon quer dizer que o desejo não tem respostas racionais? Ele simplesmente acontece e as pessoas o seguem?



31/01/2014.

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