Diário - cinema - Hannah Arendt

Diário - cinema - Hannah Arendt



Hannah Arendt é um filme que aborda momentos da vida de uma das mais famosas pensadoras do século XX, principalmente no início dos anos 1960, quando ela vai a Israel cobrir o julgamento de Adolf Eichmann, para a revista The New Yorker. Ela produz uma série de artigos que acabarão por gerar um livro, e que traz uma série de consequências para ela.
Agora vou dizer mais uma vez que é difícil falar de um filme desses sem dizer coisas que acabem por estragar o prazer de ver o filme até o final.
Até porque nesse caso, de dramatização de eventos acontecidos de fato, muito do que vai ser visto já foi lido, ou ouvido, ou comentado. Ou todas essas coisas juntas.
Então, o grande drama aqui é o relato que Arendt faz emergir ao acompanhar o julgamento de Eichmann, e de como as pessoas que leem o relato ficam aturdidos com certas descrições, ou conclusões, que ela faz da questão.
Eichmann foi um oficial nazista que era encarregado da logística ferroviária do regime. Ele era responsável pelos trens que levavam pessoas para os campos de extermínio. Ele foi sequestrado pelo serviço secreto israelense na Argentina e levado para ser julgado em Israel. Este sequestro é recriado no início do filme.
Mas a questão aqui é que durante o julgamento, Hannah se convence que Eichmann não era um monstro, um facínora que tinha prazer em fazer com que homens, mulheres e crianças chegassem a campos de extermínio. Ele era apenas um burocrata, um funcionário do partido, de alguma maneira tentando fazer o melhor a partir daquilo que ele era encarregado.
Arendt comenta sobre isso, e isso de maneira nenhuma era uma justificativa para os crimes de lesa-humanidade que ele cometeu, mas esses comentários explicativos, digamos assim, causaram tremenda celeuma na época da publicação dos artigos.
E é esta a questão central que preocupou Hannah Arendt, e do filme, isto é, como maldades tão extremas, como foi o caso do holocausto na Segunda Guerra, puderam ser feitas por pessoas aparentemente normais, burocratas que renunciaram ao seu senso moral, e se tornaram responsáveis por milhões de mortes.
Um ótimo filme.



13/08/2013.


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