No dia 13 de fevereiro de 2012 eu fui a Barra do Ribeiro


No dia 13 de fevereiro de 2012 eu fui a Barra do Ribeiro



Barra do Ribeiro é um pequeno município que fica a cerca de 60 km de Porto Alegre. Tem cerca de 12.000 habitantes, e além da atividade agropecuária, também é um balneário, banhada ainda pelo lago estuário Rio Guaíba. Acredito que a balneabilidade de sua praia, com uma estreita faixa de areia seja maior que as praias de Porto Alegre e do município de Guaíba porque ali os esgotos residenciais e industriais destas cidades já foi diluído pelo imenso fluxo de água lago estuário rio.


Há uma certa estima por parte dos porto-alegrenses em relação a Barra do Ribeiro. É um lugar que muitas pessoas já visitaram, onde muitos brincaram na sua estreita faixa de areia, ou se banharam nas águas do Guaíba que batem ali. Eu já havia ouvido muitas conversas sobre dias em Barra do Ribeiro, ou sobre passeios farofeiros a Barra do Ribeiro. Enfim, não são poucas as pessoas que têm boas recordações do lugar. Assim, eu mesmo gostaria de já ter ido a Barra do Ribeiro, mas eu nunca havia ido lá. Contudo, em 13 de fevereiro de 2012 eu fui lá. E escrevo isso para não esquecer.


Nesse dia eu cheguei a Barra do Ribeiro, mas o meu destino era outro. Eu desejava ir a Jaguarão, no sul do estado, na fronteira com o Uruguai, uns 400 quilômetros além de Barra do Ribeiro. Mas este desejo acabou frustrado. Houve dois motivos para isso, que podem acabar sendo tratados na verdade como um só: Um veículo lento, e uma estrada perigosa e com tráfego pesado.


O veículo lento era uma velha Volkswagen Variant 1978. Os automóveis Volkswagen com motor e tração traseiros e motor refrigerado a ar são uma peça de resistência, e o mais conhecido por aqui é o fusca. Na metade da década de 1970 o fusca era um em cada dois automóveis vendidos no Brasil. Então, estes automóveis eram simples, com manutenção barata, embora não muito confortáveis, nem muito rápidos. A VW Variant 1978 que eu dirigia era lenta, mais de 30 anos de serviços prestados, e já um pouco cansada. E a BR116, a estrada que liga Porto Alegre a Jaguarão, passando por Pelotas é uma estrada com tráfego pesado. Por ela passam boa parte dos caminhões que levam (ou trazem) cargas para o porto de Rio Grande, o único porto para navios de grande porte do Rio Grande do Sul. Assim, ser lento por si só não chega a ser um grande problema. Normalmente os acidentes acontecem porque os veículos estão andando muito rápido, não muito devagar. Mas quando caminhões pesados dão a impressão que irão passar por cima de você se você se você não se apressar, ou for para o acostamento para deixar eles passarem, a situação fica muito desconfortável. Talvez seja melhor desistir, desviar, mudar seu destino.


Foi o que fiz. Mudei. E quando desisti de ir a Jaguarão, já estava quase chegando a Barra do Ribeiro.


Peguei a estrada de acesso e fui.


Cheguei à cidade, e andei pela sua avenida principal, a Avenida Visconde do Rio Branco. Por uma transversal, estive junto à orla do Guaíba, que, de fato, ali me pareceu mais azul que parece quando o vejo em Porto Alegre (mas isso pode ser apenas uma ilusão, ou uma lembrança distorcida). Mas nem desliguei o motor do carro, nem caminhei pela cidade, nem tirei fotos do lugar onde nunca tinha estado antes. Não tirei fotos. E eu gosto de tirar fotos. Parece uma contradição em termos ser um turista que não tira fotos. Impensável nos dias de hoje.


Mas eu estive lá, estive em Barra do Ribeiro, a cidade pequena e pacata, pequeno balneário banhado pelas águas do lago Rio Guaíba. Estive lá e vi. 


Escrevo para não esquecer.



22/03/2012.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Poemas de Abbas Kiarostami na Piauí de Junho/2018

Bárbara Sanco partiu na Semana Santa

Sessão de Autógrafos - A Voz dos Novos Tempos