Diário - leituras - Crime e Castigo


Diário - leituras - Crime e Castigo


Crime e Castigo é um livro escrito mais ou menos na metade do século XIX por Fiódor Dostoievski, e ambientado em São Peterburgo, na Rússia. Ele é considerado um clássico da literatura universal.
Como o próprio título diz, fala em crime e em castigo, ou punição.
Eu havia comprado o livro em 2003, mas só agora me dediquei à sua leitura.
Fala um pouco sobre aquela Rússia que começava a se urbanizar, que ia incorporando o desenvolvimento tecnológico daquele tempo.
E fala sobre jovens em busca de oportunidades de vida, bem como de uma sociedade que ia se aburguesando, e buscava novidades intelectuais.
E curiosamente, para uma história passada na Rússia do século XIX, a história se passa no verão russo. Via de regra os personagens se vêem às voltas com o calor de São Petersburgo no verão. E tal qual sociedades do século XIX (e talvez também do início do século XX), os endinheirados de São Petersburgo se refugiam em balneários próximos da cidade, para se refugiar do calor do verão de São Peterburgo. E eu que estava acostumado a associar a Rússia sempre com o frio.
Ler um romance desses é realmente voltar no tempo. Um tempo de personagens que se comunicam de forma oblíqua, indireta, principalmente quando a comunicação é entre homens e mulheres. Essa comunicação indireta leva à sensorialidade, à expressão de sentimentos sem palavras. Assim é comum alguns personagens "enrubescerem", ou "impalidecerem", ou "desfalecerem". Os sentimentos não podem ser exprimidos diretamente. Devem ser reprimidos, ou, quando expressados, expressados dessa maneira, com pessoas enrubescendo, ou empalidecendo, ou desviando o olhar, ou levantando o sobrolho, o interlocutor é obrigado a adivinhar o que sente quem se expressa. Outros tempos.
Me ocorreu de pensar nos autores brasileiros mais ou menos contemporâneos de Dostoiévski e seu "Crime e Castigo". Li, parece que já faz muito tempo, "Dom Casmurro" e "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis, e "A Pata da Gazela", de José de Alencar. Como a Rússia, o Brasil do século XIX era um país periférico. E tanto nesse romance russo, como nestes brasileiros que citei, há essas sociedades periféricas que vão se urbanizando e aburguesando. E tanto no caso brasileiro como no russo, as personagens estão às voltas com a Capital do país, sua proximidade da corte, a necessidade de buscar seu sustento e seu lugar na sociedade. E nessas sociedades é melhor estar às voltas com atividades bacharelescas, como advocacia ou literatura, que com atividades técnicas, como as engenharias.
A leitura de "Crime e Castigo" não chegou a ser cansativa, mas fluiu mais lentamente que eu imaginava que fluiria.
Em todo caso, fico pensando que eu ainda gostaria de talvez ler Flaubert ou Balzac. Vamos ver.


DOSTOIÉVSKI, Fiódor.
Crime e Castigo. São Paulo: Nova Cultural, 2002.


15/05/2012, 17/05/2012.


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