Minhas lembranças das telenovelas dos anos setenta
Ou seja, dos anos 1970.
Eu diria que meus pais foram bastante liberais com relação a me permitirem acompanhar a programação televisiva noturna nos anos 1970. Isso cabia mais à minha mãe que ao meu pai. O velho sempre dormia muito cedo porque tinha que acordar de madrugada para iniciar sua jornada de trabalho que normalmente iniciava às sete da manhã. Assim, nos tubos dos anos setenta, em preto e branco, eu acompanhava as telenovelas.
No início, a audiência lá de casa era mais ou menos equilibrada, entre as redes Tupi e Globo. Mas com o correr dos anos a Globo ganhou proeminência. Não só lá em casa. Em todo o Brasil. Minha mãe me permitia acompanhar a então novela das oito. Em geral essa novela era protagonizada por um galã, às vezes Tarcísio Meira, às vezes Francisco Cuoco. Acho que Claudio Marzo também, mas ele estrelou novelas mais para o início da década, quando eu era jovem demais para me recordar. Com o decorrer do tempo ainda tivemos o estrelato de Tony Ramos.
Francisco Cuoco foi algo bem marcado na minha memória. Quando penso nele, lembro da canção tema para o par romântico que ele fazia com Regina Duarte na primeira versão da telenovela Selva de Pedra, Rock And Roll Lullaby. Ou na música de abertura da novela Pecado Capital, também chamada de Pecado Capital, ainda hoje, talvez, o maior sucesso de Paulinho da Viola. Ou de Bijuterias, canção de João Bosco e Aldir Blanc que fazia a abertura de O Astro. Sim, me lembro mais das canções do que das cenas das novelas em si.
Nessa época o humorista Chico Anysio fazia piada sobre os papéis de Francisco Cuoco, através do personagem galã canastrão Alberto Roberto, que muitas vezes terminou sua esquete nos programas humorísticos dizendo “teu cuida, Franciscoco!”
Com o tempo, deixei de assistir tanto às telenovelas.
Mas Francisco Cuoco apareceu novamente no remake de O Astro, em 2011. Uma mininovela ou uma supersérie, que foi exibida em horário mais tardio, por volta de onze da noite. Eu acompanhei.
Depois fui surpreendido pela sua aparição no filme Real Beleza, de Jorge Furtado, em 2015.
E, de fato, essa foi a última atuação de Francisco Cuoco que testemunhei.
Francisco Cuoco nos deixou na semana passada, dia 19 de junho. Falência múltipla de órgãos foi o registro. Eu talvez dissesse causas naturais para quem estava com 91 anos. Deixou lembranças, e, certamente, saudades.
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Francisco Cuoco caracterizado como o ilusionista Herculando Quintanilha da novela O Astro. Imagem sem crédito atribuído, copiada do blogue Na Telinha, no UOL. Possível reprodução de divulgação da época.
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23, 24/06/2025.
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