Cara Maria – XVII – Às vezes bate uma preguiça
Cara Maria,
Lá se foi mais de ano desde a última vez em que te escrevi. Ou, pelo menos, desde a última vez que lembro que te escrevi.
A questão é que às vezes bate uma preguiça. Não aconteceu nada que seja um grande gatilho para iniciar a escrita. E, também às vezes falta transpiração porque mesmo sem inspiração, a gente pode tentar se esforçar.
E assim estava eu quando veio chegando o prazo para escrever. E resolvi escrever como quem escreve uma mensagem. Mais uma.
São dias de frio. Como se o inverno tivesse chegado, mesmo que oficialmente ele só chegue no próximo dia 20. São dias de desempacotar agasalhos, tirar o pó dos aquecedores e acender lareiras (aqueles de nós privilegiados o suficiente para ter lareiras).
Tempos em que me lembro da versão brasileira para a animação O Rei Leão, aquela dos anos 1990. “Desde o dia em que ao mundo chegamos / Caminhamos ao rumo do Sol”. Se a ideia da canção era pensar nos seres vivos que se descobrem e descobrem que precisam do Sol, nós, aqui, ou, pelo menos eu, vamos em busca do sol porque nos dias de inverno o Sol se torna escasso. Aqui onde moro, é difícil encontrar locais ensolarados após as 16h, mesmo que oficialmente o Sol se ponha por volta de 17:30 perto do solstício de inverno em Porto Alegre. Sim, o Sol faz falta. Muita.
Também sinto falta daqueles anos 1990 em que meu filho era criança e víamos o Rei Leão inúmeras vezes. E numa dessas vezes ficamos encantados com a canção Frozen do álbum Ray of Light da Madonna. E, de repente, redescobríamos Madonna. Ou ela se reinventava, repetindo chavões.
Por agora, parece que faz um ano em que a água que inundou Porto Alegre ia refluindo de volta ao rio lago.
E por quase agora faz uns dias que perdemos o Sebastião Salgado. Mais um gênio da raça que se foi. Um dos maiores fotógrafos de todos os tempos, se não o maior. Para repetir outro chavão, o mundo fica mais pobre quando uma pessoa como Sebastião Salgado se vai. Mas, enfim, infelizmente, se foi.
Na sequências das estações, vamos contando os dias. Um consolo possível é que, após os dias que vão se encurtando até o solstício, esses mesmos dias irão se alongando até o solstício seguinte. E assim seguimos. Buscando o Sol. Refletindo sobre nossos dias sob o Sol.
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01, 02/06/2025.
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