Início do Outono de 2025


4 de abril de 2025, uma sexta-feira, foi o primeiro dia de outono em Porto Alegre neste ano. 

Não me entendam mal. Eu sei que oficialmente, pelo movimento dos corpos celestes, Terra e Sol, o outono começou em 20 de março passado. Mas desde então eu me sentia em um prolongamento do verão. Um verão que custava a terminar. 

O alívio veio a partir da chegada de uma frente fria, que também gerou uma tempestade, em 1º de abril, terça-feira (não minto). 

A tempestade também trouxe transtornos para a cidade. Novos alagamentos. Falta de energia elétrica em diversas regiões. Sobre as duas coisas, há registros que se aproximam do anedótico, no jornal eletrônico Matinal, na edição do dia seguinte à tempestade, do dia 2 de abril. 

O alcaide Sebastião Melo declarou candidamente que “que as redes de drenagem da capital não têm capacidade para absorver grande volume de água caindo em pouco tempo. Melo disse que choveu 75 milímetros em 20 minutos em alguns bairros, uma ‘bomba d’água’”. Só faltou ele dizer que alguém precisa acionar o prefeito da cidade para que tome providências. 

Sobre a falta de energia elétrica pude acompanhar o sofrimento de uma pessoa que sigo em uma das redes antissociais da internet. Na noite da tempestade a pessoa ficou sem luz em seu domicílio. Na manhã seguinte a energia ainda não havia retornado. Durante o dia a pessoa precisou ir à casa de um irmão para poder recarregar o celular. Na noite seguinte, a casa continuava sem luz. 

Sobre isso, o mesmo Matinal reproduziu notícia de GZH: “Em entrevista para a Rádio Gaúcha, o diretor-presidente da CEEE Equatorial, Riberto Barbanera, afirmou que a rede de energia só terá condição minimamente adequada em dois ou três anos. Ainda assim, segundo ele, não é possível garantir que uma estrutura melhorada estará livre de danos causados por temporais. Com mais de 115 mil clientes sem energia no momento da conversa, Barbanera previu que a retomada completa do fornecimento só ocorrerá na quinta-feira, a depender das condições encontradas pelas equipes da distribuidora.” 

Pois é. 

Nas palavras desses senhores, tudo soa como fatalidade, como “é assim mesmo”. Quase como “não há nada a fazer”. Não li em lugar nenhum que eles tenham, pelo menos, pedido desculpas à população pelos transtornos. Se chegaram a pedir desculpas, enviem mensagem ao blogueiro. 

Talvez a população também ache que é tudo uma fatalidade, que não há nada a fazer. Afinal o prefeito foi reeleito, e parece que há poucas vozes se revoltando contra os serviços da CEEE Equatorial. Se não são poucas vozes, elas parecem insuficientes para causar preocupação ao presidente da companhia. 

A propósito da eletricidade, vale lembrar que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre aprovou um projeto para que a fiação aérea da cidade seja enterrada até fins de 2037. Alguém acredita? Não vejo fiscalização para que o trabalho seja iniciado, nem da parte da Prefeitura, nem da parte da Câmara. Não conheço nenhum projeto da distribuidora de energia. É razoável supor que ela, a distribuidora de energia, não fará nada e a Prefeitura e a Câmara esquecerão o assunto. Ou ainda podemos supor que se os órgãos públicos não esquecerem e cobrarem a empresa, a empresa entre em litígio judicial alegando que a definição de enterramento de fios é assunto federal, ou da ANEEL. Quem viver verá. 

Passada a tempestade e seus transtornos, na sexta-feira veio a queda das temperaturas. 

Passada a tempestade ainda é possível admirar a floração das paineiras.

Bem-vindo, outono! Mesmo que tenhas te atrasado um pouco. 

Meu filho me disse que já se sentia no inverno. Cada pessoa tem seu sentimento. 


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Galhos caídos na área do antigo Abrigo dos Bondes, junto à Praça XV de Novembro, no centro de Porto Alegre. Foto de Jorge Leão, para o Brasil de Fato

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06, 07/04/2024. 

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