Reflexões de um não-dia no outono de 2023



O dia começou na madrugada de sexta-feira, 16 de junho. O ciclone no litoral teve consequências em Porto Alegre, com fortes chuvas e vento. Faltou luz. Desligou o CPAP. A qualidade do meu sono se deteriorou. 

Acordei tarde, e a energia elétrica ainda não havia voltado. Fiquei preocupado em economizar energia no celular e no tablet. Nem tentei usar o laptop. 

Por conta do caos na cidade, decorrente da tempestade (e percebo que cidade rima com tempestade), o compromisso que eu tinha com a advogada trabalhista teve que ser cancelado. 

Almoçaria em casa.

Como aboli o uso do fogão a gás, e todos meus apetrechos de cozinha são elétricos, meu desjejum foi uma maçã, leite frio e pão. 

Por volta do meio-dia continuava chovendo. 

Tentei ler, mas os livros me entediaram. 

Costumo caminhar. Exercício de saúde. Mas com a chuva, não me arrisquei. 

No início da tarde continuava chovendo. 

Houve momentos em que a luz ia e vinha, intermitentemente. 

No início da tarde a luz retornou, relativamente estável. 

Mas continuava chovendo. 

Fiquei pensando no livro Viagem ao redor do meu quarto, do francês Xavier de Maistre, publicado em 1794. Muito comentado, mas que ainda não li. Mesmo assim ali me vi (e li e ali também rimam). Enredado neste sótão onde habito.

Um não-dia, sem sair da minha não-habitação.

Lá fora, continuava chovendo. 

Era sexta-feira. 


19, 20/06/2023.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Poemas de Abbas Kiarostami na Piauí de Junho/2018

Jussara Fösch partiu em 16 de abril de 2024

Sessão de Autógrafos - A Voz dos Novos Tempos