Um prato de trigo para um tigre triste no mês três de dois mil e vinte e três


Na quarta-feira, 9 de março, começou mais uma Masterclass da Santa Sede. Essa edição de 2023 homenageia Stanislaw Ponte Preta. Stanislaw pode ser considerado tanto um personagem do jornalista e cronista Sergio Porto, quanto uma espécie de alter ego desse mesmo jornalista. Sergio Porto escrevia crônicas, digamos, sérias, por exemplo, sobre música. Já Stanislaw tinha um olhar irônico, satírico, para o cotidiano e a política do Rio de Janeiro dos anos 1950 e 1960. Neste ano de 2023 se completa o centenário de Sergio Porto. Eis o motivo da homenagem. 

Eu estava bastante excitado a respeito de participar desta masterclass pois estaria junto com figuras quase lendárias de outras masterclasses de anos anteriores, como o Gian e o André. Também retomaria a convivência com o Felipe e o Kauer. Voltaria a compartilhar a mesa com o maior cronista da Santa Sede, o Daniel (uns dois metros de altura). Novamente me encontraria com pessoas de quem me tornei amigo por conta dessas digamos afinidades literárias, como o Maria e o Edgar. Voltaria a conviver com a Silvia com quem participei de uma oficina chamada Musaico. Toparia com os parceiros boêmios: a Carol, o Gian, talvez o Altino (infelizmente o Marcel parece que não participará). 

Nessa noite, como parece estar se tornando comum para mim, fiz um “aquece” em outro estabelecimento, e cheguei atrasado alguns minutos ao Apolinário. 

À mesa, o Rubem e todas essas outras pessoas que citei acima. Exceto a Carol e o Altino. A Carol ainda devia estar em suas aulas de música, ou a caminho. O Altino não pôde comparecer. 

Ainda à mesa estavam o Ronaldo, que eu só conhecia dos grupos de aplicativos de mensagens; e a Vivi, que conheci também virtualmente há bem pouco tempo. Amizades que foram para além da internet.

Além dos participantes da masterclass, estavam no Apolinário o Willy e o Tom, ex-oficineiros que decidiram não participar desta. 

Essa primeira reunião com todos (ou quase) foi para o Rubem detalhar o projeto, e também a primeira personagem, uma das que fará paralelo com os personagens do autor homenageado. Os personagens de Stanislaw que ganharam livros foram a Tia Zulmira, o Primo Altamirando e Rosamundo, o distraído. 

A discussão foi longa, regada a bebidas diversas, inclusive algumas sem álcool, e petiscos. Inclusive ia alta quando chegou a Carol. 

E durou mais que as duas horas previstas. 

Mas terminou. As pessoas foram indo embora.

Fomos ficando, o Gian, o Kauer, talvez o Ronaldo.

Junto à mesa na calçada Carol, e os observadores Tom e Willy. Nos juntamos aos que estavam junto à mesa na calçada eu e o Kauer. 

A essas alturas o Kauer revivia momentos no século XX em que ele acompanhou um fotógrafo a fazer fotos em dupla exposição em filme cromo de médio formato. Se esse papo de fotos em dupla exposição com cromo de médio formato parece complicado é só perguntar ao Kauer. Kauer que, por sinal, será o chargista da masterclass. E que foi o seguinte a partir.

Logo o Apolinário fechou. 

Ficamos os quatro remanescentes terminando nossas bebidas. 

Logo o Tom partiu. 

Logo partimos, no pinga-pinga do aplicativo. 

Ao chegar em casa, o relógio já anunciava a quinta-feira. 

Quinta-feira que trouxe um episódio desgostoso. 

Descarreguei as fotos digitais que tirei durante a noite no computador. Do computador as fotos foram enviadas para os possíveis interessados. O grupo, no caso de fotos do grupo. As pessoas, no caso de fotos individuais. 

No início da tarde (o celular aponta 13:48) vem ao grupo a mensagem do tipo “Isso aí não é foto que se publique”. Alguém descontente com a pose em uma das fotos. Pedi desculpas, apesar de não ver nada constrangedor na imagem. Nova mensagem: “Eu não gosto de fotografia”. Ou seja, as desculpas, pelo jeito, não foram aceitas. E no vidro frio da tela do celular as palavras pareceram bastante ríspidas. Contraditoriamente essa pessoa, que “não gosta de fotografia”, havia posado para outro participante, e publicado, ela mesma, fotos no grupo, inclusive autorretratos. 

A excitação acabou. O divertimento se tornou muito menos divertido. Ou, como me disse alguém, “água no chope”. 

Você conhece Guillermo Cabrera Infante? Foi um escritor cubano. Escreveu um livro chamado Três Tigres Tristes, onde tentou sedimentar o espanhol cubano falado em Havana nos anos pré-revolução. O título certamente é baseado na brincadeira de trava-línguas “três pratos de trigo para três tigres tristes”, cuja versão em espanhol deve ser semelhante à em português. 


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09, 11/03/2023.

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