O verão deveria estar morrendo em Porto Alegre mas o verão não está morrendo em Porto Alegre




“Estábamos los dos mirando el mar

cuando la tarde moría,

como moría lo nuestro,

juro, que no lo sabía.”


Já faz um tempo que este blogue não se traveste de obituário. O mais recente comentário a respeito de falecimento foi sobre Glória Maria, e lá se vai mais de mês. 

Não que as pessoas não continuem morrendo. Infelizmente continuam. 

Nos últimos tempos, as mortes que mais me doeram foram as de Just Fontaine (18/08/1933-01/03/2023) e Sueli Costa (25/07/1943-04/03/2023).

Just Fontaine foi nada menos que o goleador da Copa do Mundo de Futebol de 1958 (sim, aquela primeira que o Brasil venceu, Didi foi consagrado melhor jogador do torneio, e Pelé a revelação), na Suécia, jogando pela seleção francesa. Fontaine fez 13 gols naquela competição, recorde de um goleador em única edição da Copa, mantido até os dias de hoje. Foi um dos melhores jogadores franceses de todos os tempos, apesar de nascido no Marrocos (o Marrocos era colônia francesa à época do nascimento de Fontaine). 

Sueli Costa foi compositora e cantora. Suas canções fizeram bastante sucesso na década de 1970, principalmente nas vozes de Maria Bethânia e Simone. Um ou dois dias após seu falecimento ouvi no rádio sua composição Coração Ateu, na voz de Bethânia. Uma música curta com versos ricos, comoventes. Na minha cabeça pareceu uma contraposição a Olhos nos Olhos, de Chico Buarque, também interpretada por Bethânia. Sim, viajo, mas acho que vale a pena escutar ambas as músicas em sequência. Repetindo o clichê, a morte de Sueli Costa é uma grande perda para a música brasileira. 

Quem parece não querer morrer por esses dias é o verão. 

Tivemos uma onda de calor no final de janeiro, com sensações térmicas próximas de quarenta graus por dias seguidos. 

Depois uns dias de alívio em meados de fevereiro, em especial no período do Carnaval. 

Agora estamos a uns dez dias do início do outono e sofremos outra onda de calor, novamente com sensações térmicas próximas de quarenta graus. Forno Alegre. 

Possivelmente seja mesmo um sinal dos tempos, um sinal da crise climática que pode estar aumentando gradativamente as temperaturas, e causando tempestades avassaladoras pelo país. Posso me lembrar de destruições na Serra Fluminense, nos litorais de Alagoas e Sergipe, em Belo Horizonte, no sul da Bahia. Este ano no litoral paulista. 

O verão deveria estar expirando, mas continua nos sufocando. 

O que será de nós?


12, 14/03/2023. 


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