Lô Borges (1952-2025)
No início da década de 1980 entrei em contato com a obra de Milton Nascimento através de amigos. Naquela época, entre esses amigos, estava muito em voga o LP Sentinela. Também naquela época comecei a trabalhar e com a grana dos primeiros salários adquiri o álbum Clube da Esquina 2, então em formato de fita cassete, em um balaio de ofertas da Renner da Otávio Rocha. Foi um álbum de “uau!”. E Clube da Esquina não era só Milton Nascimento. Era Milton Nascimento, era Milton e mais uma turma a qual não prestei muita atenção, mas que estava lá. Ouvi muito aqueles cassetes, que não sei que fim levaram. Lembro muito de Canoa, Canoa, primeira canção do lado B do primeiro cassete.
Depois, não sei quanto tempo depois, adquiri o álbum Clube da Esquina, que, como a nomenclatura indica, precede Clube da Esquina 2. Foi outro “uau!”. E Clube da Esquina não era só Milton Nascimento. Era Milton Nascimento e Lô Borges e Beto Guedes e outros, sem contar o grande Fernando Brant, que usualmente compunha, mas não interpretava.
E em Clube da Esquina temos canções marcantes de Lô Borges: Trem Azul; Trem de Doido; Clube da Esquina nº 2; Um girassol da cor de seus cabelos. Na minha cabeça principalmente Um girassol da cor de seus cabelos – “Se eu cantar, não chore não, é só poesia / Eu só preciso ter você por mais um dia / Ainda gosto de dançar / Bom dia, como vai você?”
Milton Nascimento gravou no seu álbum Milton, de 1970, a canção Para Lennon e McCartney, coautoria de Lô e Marcio Borges e de Fernando Brant.
Eu nunca estive em um show de Lô Borges, mas ele fez uma pequena participação em um dos shows do Milton a que fui aqui em Porto Alegre. Cantou, ora vejam, Para Lennon e McCartney.
Faz poucos dias, pela primeira vez na minha vida, participei de um karaokê. Nesse karaokê cantei, em homenagem a um amigo mineiro duas canções dessa turma do Clube da Esquina: Clube da Esquina nº 2 e Paisagem da Janela. Embora eu não saiba se o mineirismo do amigo mineiro vai até aí. Tentei.
Como eu disse, nunca fui a um show de Lô Borges. Só devo ter ouvido o primeiro álbum dele, aquele dos tênis na capa, muito depois de lançado, através dos serviços de música sob demanda. Contudo a arte dele faz parte da trilha sonora da minha vida.
Eu tinha a impressão de que Lô Borges, mesmo com mais de setenta anos, tinha ares do menino que ele foi em 1972 quando participou da gravação do álbum Clube da Esquina.
Lô Borges morreu neste domingo, 2 de novembro de 2025, Dia de Finados. Segundo as notícias por complicações do que inicialmente seria uma intoxicação medicamentosa. Até duas semanas atrás vivia a vida em relativa boa saúde.
Repetindo chavões, a vida é sopro. Ele se vai e nós ficamos mais pobres.
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Crédito da foto: Bárbara Dutra, vista no UOL
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03, 04/11/2025.

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