Diário – show – Kevin Johansen e Liniers: Canções e desenhos
Dia 8 de maio passado, eu estive no Auditório Araújo Vianna, aqui em Porto Alegre, para assistir ao show Canções e desenhos, do cantautor americano-argentino (mais argentino que americano) Kevin Johansen, associado ao cartunista Ricardo Siri, mais conhecido como Liniers. Em espanhol o nome do show deve ser algo como Kevin Johansen y Liniers: canciones y dibujos.
É curiosa essa minha relação com Kevin Johansen. Como já disse antes, o descobri no meio de uma série de vídeos sobre o uruguaio Jorge Drexler. A canção apresentada naquele momento foi Desde Que Te Perdí.
Me tornei fã, quis assistir a um show dele.
A princípio, eu iria a um show em Buenos Aires em maio de 2020. Aí veio a peste e esse projeto acabou cancelado. Dois anos depois, ele lançou um novo álbum e fez show em Montevidéu. Eu fui a esse show.
E não pensava em ir a uma segunda apresentação de Kevin Johansen, em especial porque ele não é popular no Brasil como é Jorge Drexler, que para cá retorna periodicamente. Eu não tinha a intenção de ir outro país para ver novamente ao argentino gringo.
Mas eis que Kevin Johansen veio ao Brasil. Veio para apresentações no Rio de Janeiro, em Porto Alegre e em São Paulo. Este show, com a participação do cartunista Liniers, é uma parceria que já dura quinze anos.
Como eu disse, o show foi no Auditório Araújo Vianna, e um Araújo Vianna muito incomum, onde foram vendidos ingressos apenas para a plateia baixa, isto é, os lugares mais próximos ao palco. O que significa que a assistência foi de menos da metade dos pouco mais de três mil assentos do auditório. Acredito que tenha sido opção dos artistas para um show mais intimista. Pode ser também que tenha sido a melhor solução para um espetáculo baseado em voz e violão. Fica a questão.
Com esses quinze anos de parceria, Kevin e Liniers formam uma dupla que funciona bem, com o desenhista dando um toque a mais de humor ao músico. Liniers vai desenhando enquanto Kevin canta. A plateia acompanha os desenhos de Liniers através de um telão ligado a uma câmera sobre a mesa de trabalho. Há um breve momento em que eles trocam de papéis. Liniers toca um pout-pourri pop e Kevin desenha; tudo bem humorado.
Como Kevin Johansen lançou seu mais recente álbum, Quiero Mejor, em 2024, imaginei que o setlist do show seria baseado nesse álbum. Não foi o caso.
O show é baseado, digamos, em sua obra consagrada passada, uma antologia. Abriu, por exemplo, com a canção Road Movie, do álbum Logo, de 2007. Enquanto Road Movie era interpretada, Porto Alegre passava na tela do auditório. O repertório passou por músicas como Mc Guevara’s o Che Donald’s e El Círculo, de seu primeiro álbum, chamado The Nada. Sur o No Sur e La Chanson de Prevert, do álbum Sur o No Sur. A propósito, La Chanson de Prevert, deve ter sido o momento mais engraçado do show, quando Liniers “traduz” o françês da canção para o público, mais ou menos, fazendo com o francês, aquelas brincadeiras que fazemos com o inglês, quando “too much” vira tomate. Qutras canções foram Desde que te Perdí e No Voy a Ser Yo, do álbum City Zen. Já falei de Road Movie do álbum Logo. Além de Road Movie, do mesmo álbum estiveram no show Anoche Soné Contigo, La Hamaca, S.O.S. Tan Fashion e Luna Sobre Porto Alegre. Sim, claro que Luna Sobre Porto Alegre teria que estar em um show em Porto Alegre. Baja a La Tierra, Vecino, My Name is Peligro e Modern Love são do álbum Bi. Es Como el Día, do álbum Mis Américas. Essas são as canções de que me lembro. Não são todas. E não foram apresentadas na ordem que inventario aqui. Mas essas dão uma boa ideia do foi o show.
No bis, ele interpretou Guacamole e Cumbiera Intelectual. Também no bis houve a usual invasão do palco, se bem que no caso do Araújo parece que foram mais pessoas escolhidas, selecionadas, do que uma invasão espontânea, como me pareceu um Montevidéu.
Encerrando a noite Fin de Fiesta. O que parece fazer bastante sentido.
Segundo o próprio Kevin, foi a segunda vez que ele veio se apresentar em Porto Alegre. Eu não tenho ideia de quando, ou onde, foi essa apresentação anterior.
Dito tudo isso, achei o show muito bom. Melhor do que eu esperava. De fato, um show que prometia voz e violão, com um desenhista ilustrando a apresentação no palco, não me parecia o melhor show do mundo. Deve ser por isso que superou em muito a minha expectativa. E, de quebra, posso dizer que achei esta apresentação melhor do que a que fui em Montevidéu há pouco mais de dois anos. Talvez a plateia porto-alegrense, pequena mas mais animada, tenha feito diferença. Uma opinião minha.
E foi isso.
Gracías, Kevin!
Gracías, Liniers!
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11, 12/05/2025.
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