As mortes dos Papas e a morte do Papa Francisco

“O Papa é gaúcho?” Ouço meu vizinho cinquentão repetindo a frase em voz alta. Talvez para si mesmo. Talvez para a esposa e a filhinha. A pergunta retórica coloca-nos, meu vizinho e eu, no mesmo horizonte de lembranças. Nesse caso, a visita do Papa João Paulo II segundo ao Brasil, e a Porto Alegre, em 1980. Entre o refrão de uma música muito cantada na época – algo como “a bênção João de Deus, nosso povo te abraça, tu vens em missão de paz, sê bem-vindo e abençoa esse povo que te ama” – e a pergunta que abre este texto, feita pelo próprio Santo Padre, eis algo que ficou na memória. Eu lembro ainda de ter realizado um trabalho escolar sobre a visita do Papa para a disciplina de Moral e Cívica. Conheci uma moça que queria presenteá-lo com uma Bíblia enorme; não conseguiu e chorou de frustração. Em um país que historicamente teve maioria católica, os Papas acabam sendo referência. Eu me lembro de estar indo para a escola em uma manhã fria de 1978 quando saiu a notícia da morte do Papa...