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Mostrando postagens de 2025

Veronica Electronica, Madonna, Ray of Light

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Cara doutora, Recentemente li em algum caderno cultural, provavelmente na Folha de São Paulo, sobre o lançamento do álbum Veronica Electronica, da Madonna. Se trata da remixação (será que usei certo “remixação”?) de um conjunto de canções do álbum Ray of Light, que a artista lançou em 1998.  Uau! 1998! Lá se foram 27 anos.  Pelo que me lembro da reportagem, a ideia do álbum de remixes já vinha de 1998, mas Ray of Light fez tanto sucesso, vendeu tantas cópias, que esse álbum de remixes foi sendo adiado. Saiu agora.  Fico me perguntando sobre o motivo do nome Veronica Electronica. A parte “Electronica” do nome é bastante óbvia, ligando-o com a música eletrônica, aquela feita basicamente para chacoalhar o esqueleto em clubs e raves. Veronica é mais difícil. Há uma certa Santa Verônica de Jerusalém , relatada em hagiografias, embora não nos Evangelhos Canônicos. A sonoridade desse nome me faz pensar em vera, vero, verdadeiro, verdadeira. Será? Enfim, isso é só assuntinho....

Sobre obituários e macróbios

Diz o amigo Ed que sou o cara que lê obituários. E, de fato, leio.  E os obituários que acho mais fascinantes são os das pessoas centenárias.  Por exemplo, a Dona Maria José Gomes  faleceu em 26 de março passado, aos 111 anos. A manchete de seu obituário nos informa que ela atribuía sua longevidade ao fato de não ter tido marido. E no decorrer dos fragmentos biográficos expostos, podemos dizer que nem marido, nem filhos. Mas teve sobrinhos e sobrinhas e netos por afetividade. Foi professora e bordadeira.  Outra pessoa, acho que a que mais impressionou com os fiapos de biografia em seu obituário foi Dona Carmen Bobbio Guasti .  Ela faleceu em 28 de junho passado, aos 103 anos de idade. Nascida em 1920, na Itália, mudou-se com a família para a Líbia, durante a dominação italiana da região. O pai era general do exército. Nesse período desfrutou do fato de ser parte da elite que dominava a então colônia, e ficamos sabendo que ela frequentava bailes, e, após os baile...

Diário – leituras – Talvez você deva conversar com alguém

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Talvez você deva conversar com alguém. Eis um livro interessante. Ele tem um subtítulo assim: Uma terapeuta, o terapeuta dela e a vida de todos nós. Poderíamos dizer que é um relato que uma terapeuta, a autora, faz de uma série de casos de seus pacientes, e também o relato que ela faz sobre como ela mesma precisou procurar um psicoterapeuta. Mas há um grande porém aí. Uma psicoterapeuta não pode escrever livros relatando os casos de seus pacientes. Seria uma quebra de sigilo ético. Dessa forma, ela precisou trocar nomes, por exemplo. Além disso, ela mesma relata na, digamos, metodologia para a escrita do livro, que ela juntou alguns casos em uma mesma pessoa. Então também podemos pensar que este é um bom livro para refletirmos sobre as questões de fato e de ficção, ou de literatura e de história. Acho que devemos pensar que Lori Gottlieb conta histórias mais ou menos baseadas em fatos reais. Falar nisso me faz pensar na escritora Svetlana Alexievich, Nobel de Literatura. Contudo os rel...

Preta Gil, Mário Pirata, Ozzy Osbourne: a vida é sopro

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De fato eu conheço pouco da obra Preta Gil. Tudo que eu sabia era que ela era uma das filhas de Gilberto Gil, e uma figura midiática. Era fácil ver participações dela em programas de variedades televisivos e na internet. Ultimamente tivemos a notícia do desenvolvimento de um câncer de intestino e sua luta contra a doença aconteceu em praça pública.  Apesar de eu viver em Porto Alegre, conheço ainda menos a respeito de Mário Pirata. Mário Augusto Franco de Oliveira, o Mário Pirata, era um poeta e um ativista cultural, com atuação importante na cidade desde os anos 1980.  Ozzy Osbourne é mundialmente conhecido. Primeiro como membro da banda Black Sabbath, depois como cantor solo. Na maturidade chegou a participar de um reality show televisivo mostrando a sua vida.  Estas três pessoas nos deixaram nos últimos dias. Preta Gil e Mário Pirata no domingo, 20 de julho. Ozzy Osbourne na terça, 22. Em poucos dias dezenas, milhares, milhões de fãs ficaram desamparados. Seus ídolos s...

Diário – Sarau Santa Sede Masterclass (ou Master Class) 2025 – Intromissivas, homenagem a Otto Lara Resende

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Na quarta-feira, 23 de julho, aconteceu o Sarau da Oficina Literária Santa Sede. Este ano a tradicional masterclass (ou master class) da Oficina homenageia o escritor Otto Lara Resende (1922-1992). O evento aconteceu no Mosaico Cultural, ali na Octávio Corrêa, na Cidade Baixa, aqui em Porto Alegre.  A dinâmica do sarau foi a seguinte: o Rubem Penz, organizador da Oficina, lia os perfis biográficos das participantes da masterclass, e cada oficineira lia a crônica que havia levado. As participantes neste ano são Carmen Gonzalez, Carol Anversa, Helena Corso, Idiana Luvison, eu, José E. Rodrigues, Marcia Ribeiro, Maria Lucia Meireles, Silvia Rolim e Vivi Intini. O próprio Rubem também participa da Oficina e do livro. Livro esse que deverá ser publicado entre o final de outubro e o início de novembro próximos.  O Mosaico esteve bem cheio com os amigos e parentes das oficineiras que compareceram.  Agora é aguardar o lançamento do livro.  . Rubem Penz, organizador da Oficin...

Diário – show – Sambada Coco Maracá

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No dia 19 de julho passado, um sábado, eu estive no Bar Macunaíma, ali na República, Cidade Baixa, aqui em Porto Alegre. A ideia era comemorar o aniversário da amiga Andrea Ferreira. Aliás, a amiga com esse nome de origem portuguesa resolveu fazer uma espécie de kerb, aquelas festas alemãs que duram dias. Ela se dispôs a comemorar seu aniversário nos dias 18 de julho, sexta-feira,  no Bar Matita Perê, onde houve um show da banda Tribo Brasil; e 19, o sábado que refiro aqui, no Macunaíma, onde houve o show do grupo Sambada Coco Maracá . Parece-me que a ideia da Andrea era assistir os respectivos shows. A minha própria ideia era ter ido mesmo na sexta-feira, mas tive contratempos e não foi possível. Então. Nessa noite de sábado no Macunaíma houve o show do Sambada Coco Maracá, um grupo que divulga o samba de coco, um ritmo parente do samba que costumamos associar ao Rio de Janeiro. O samba de coco tem origem afroindígena e lembra cantigas de roda. Eu me lembrei de certas gravações de...

Diário – leituras – A Era dos Dogmas e das Dúvidas

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Para mim, ler esse livro foi um pouco como voltar ao passado. Li os livros anteriores desta série de Justo L. González lá por meados dos anos 1980, quando eu era jovem, e um crente evangélico engajado. A série de livros se propõe a contar a História do Cristianismo desde o tempo dos apóstolos de Jesus até meados do século XX. O autor tem um estilo fluente, e os volumes contam com diversas ilustrações.  Este volume 8 fala sobre a evolução do cristianismo durante os séculos XVII e XVIII. O foco está na Europa e Estados Unidos. Falar sobre 200 anos de história em 200 páginas é sempre fazer muitas escolhas. Por exemplo, ao falar das agitações na Inglaterra que levaram à execução do rei Charles I, na metade do século XVII, o autor dedica apenas uma página ao líder puritano Oliver Cromwell. Cromwell é uma figura importante da história inglesa; há biografias e biografias sobre ele. Mas, como eu disse, um historiador precisa fazer escolhas sobre o que contar, e González faz.  Este liv...

Jean-Claude Bernardet: medicina, vida e morte

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E morreu no sábado retrasado, 12 de julho, Jean-Claude Bernardet. Intelectual relativamente conhecido, sua morte foi lamentada em cadernos culturais de veículos de comunicação Brasil afora. Escritor, foi crítico cinematográfico, ensaísta, roteirista. Também foi diretor cinematográfico. Ultimamente também passou a atuar em frente às câmeras. O noticiário informa que ele não se considerava exatamente como um ator, mas uma espécie de “performer”. Belga de nascimento, se tornou brasileiro por adoção – naturalizou-se.  Nos variados obituários lamentando sua morte, em geral o foco se dá sobre sua relação com o cinema. Primeiro como crítico e ensaísta, depois como roteirista, diretor e ator (ou “performer”, como citaram). Um intelectual ativo, curioso e provocador.  Minha relação com Jean-Claude Bernardet não foi assim. Conheci-o por meio de um longo depoimento que ele deu à revista Piauí em 2019, comentando sua relação com o corpo doente. Na época em que o depoimento foi publicado, ...

Diário – leituras – Manual Prático de Mindfulness

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Este livro, como o nome diz, é um um manual para o aprendizado de mindfulness. Mindfulness tem sido traduzido como atenção plena. São técnicas de meditação, cujo intuito é aliviar o sofrimento psíquico e viver uma vida melhor.  Li a primeira parte, onde os autores explicam a técnica.  Acabei por encerrar prematuramente a leitura porque achei a primeira meditação excessivamente longa (39 minutos).  Troquei pelo livro Atenção Plena, escrito pelo mesmo Mark Williams e por Danny Penman. Quando der, devo registrar a leitura desse outro livro.  TEASDALE, John; WILLIAMS, Mark; SEGAL, Zindel. Manual Prático de Mindfulness. São Paulo: Pensamento, 2016. Tradução de Claudia Gerpe Duarte e Eduardo Gerpe Duarte. . . 18/06/2025, 15h, 15/07/2025.

8 a 10 de julho de 2025, como se fosse um Rubempalooza

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Ou talvez um Santassedepalooza. O importante é que foram três eventos em três dias seguidos na semana, promovidos pela Oficina Literária Santa Sede, e eu estive nos três. E sabe como é, virou modinha atribuir o nome daquele festival de música a qualquer evento com duração de alguns dias. Tudo isso no Mosaico Cultural, ali na Cidade Baixa, na Octávio Correa, 39 Na terça-feira, 8, houve o sarau de apresentação dos cronistas que participam da chamada Safra 2025 que gerará um livro a ser lançado lá pelo final de outubro ou início de novembro. Os novos cronistas são Adriane C. Silveira; Anne Calfruni; Bernadete Saidelles; Dóris B. Almeida; Kerwin Weizemann; Márcio Koehn; Milton Turik; Milton L. Wainberg; Roberta Lorini. Noite de Mosaico Cultural cheio. Na quarta-feira, 9, eu estive para o encontro regular da masterclass, ou master class, Intromissivas, em homenagem a Otto Lara Resende. Essa masterclass também vai gerar um livro, que também deve ser lançado lá por final de outubro ou in...

Diário – show – Os Paralamas do Sucesso, 40 Anos

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Dia 28 de junho passado, eu estive no Auditório Araújo Vianna, aqui em Porto Alegre, para assistir ao show dos Paralamas do Sucesso, celebrando seus 40 anos de carreira. E de sucessos.  Fora do auditório era uma noite fria e chuvosa em Porto Alegre. Dentro do Araújo o show foi quente.  Após alguns minutos de atraso, e um aparente problema técnico, que foi superado, o espetáculo de fato iniciou por volta de 21:30 (a previsão era 21 horas). Depois de algumas reproduções musicais eletrônicas, a voz de Herbert Vianna iniciou cantando Vital e sua moto. Como provavelmente deveria ser a abertura.  E a partir daí foi um espetáculo celebração com as canções desses quarenta anos de carreira. Meus destaques: Lourinha bombril; Trac-Trac, versão dos Paralamas para a canção de Fito Páez; O Calibre, que ouvi tantas vezes no streaming enquanto aguardava a data do show; Ela disse adeus, mostrando no telão o clipe feito na época do lançamento da música, com todos eles mais jovens e o prota...

Diário – leituras – Nunca fomos santos: Santa Sede 15, safra 2023

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Nunca fomos santos, como diz o título completo é o 15º livro safras das oficinas de crônicas da Oficina Literária Santa Sede. Gerado a partir de uma oficina literária de crônicas, é um livro de crônicas. Crônicas, crônicas, crônicas. Decidi por lê-lo porque alguns dos autores se tornaram meus colegas em outras oficinas. É o caso de Nelson Ribas, Andréa Aquino Ferreira e Silvio Sibemberg.  Há também a peculiaridade de eu ter participado como convidado neste livro, por conta de um oficineiro que desistiu com o projeto em andamento. Mas obviamente eu não vou ler um livro apenas porque colaborei com ele.  Acho que, para quem puder, é um livro que vale a pena. Como todo livro de crônicas, vai-se lendo aos poucos.  PENZ, Rubem (Org.). Nunca fomos santos: Santa Sede 15, safra 2023. Porto Alegre: Santa Sede, 2023. . . 18/06/2025, 15/07/2025.

Sobre pênis, vaginas e talento literário

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Primeiramente a gente começa advertindo que assuntos delicados precisam de explicações e prevenções. Este texto é escrito por um homem velho, cis e heterossexual. Assim esse será o ponto de vista aqui. Esse texto contém palavras chulas. Assim, tirem as crianças da sala. Ou evitem mostrar esse texto a elas. Ou, no limite, só mostrem com supervisão e explicação. Por fim, pênis aparece antes de vagina no título por conta da ordem alfabética. Após as advertências e explicações iniciais, seguimos.  Possivelmente tudo comece com uma crônica antiga da Tati Bernardi chamada Colocando a vagina na mesa , onde, em uma série de expressões, ela troca a palavra pau pela palavra vagina. Assim na crônica temos que “Vagina chutou a vagina da barraca e colocou a vagina na mesa”.  Pois é. Nessas expressões todas pau é tanto um pedaço de madeira quanto uma metáfora do órgão sexual masculino, o pênis. E uma questão no texto de Tati Bernardi é que vagina é praticamente um termo científico. Em relaç...

Cara Maria – XVIII – Estamos no inverno de 2025 em Porto Alegre

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Cara Maria, Na semana passada não publiquei o texto que costumo chamar de crônica semanal. Na semana passada não houve crônica semanal. Deveria eu chamar este texto de quinzenal? Eu estive entre a falta de inspiração, a preguiça e a expectativa e preparação de uma viagem de folga. Folga no meu caso atual, e imagino que também seja o teu caso, é sair um pouco da rotina a que nos dedicamos cotidianamente. Sabes, não? Enfim, após explicações e desculpas esfarrapadas, volto a escrever.  Se na mensagem anterior  eu comentava naquele início de junho que fazia frio como se o inverno já tivesse começado, agora faz frio e estamos em pleno inverno. Faz frio, temos algumas madrugadas gélidas, acordamos com céu nublado ou com neblina. Às vezes chove.  As extremosas, que colorem de rosa as ruas de Porto Alegre no verão, perderam suas flores e folhas. Hibernam. Curiosamente com seus caules nus é mais fácil ver como algumas estão sendo parasitadas por erva-de-passarinho aqui pela zona n...

Diário – leituras – On the road, Pé na Estrada

Normalmente escrevo esses registros de leitura quando termino de ler um livro.  Não é o caso agora. Ainda estou em menos da metade da leitura desse livro clássico da geração beatnik estadunidense.  Esse texto é só para comentar sobre uma opção de tradução feita ao português brasileiro pelo Eduardo Bueno, o tradutor.  Na página 136 desta edição de bolso publicada pela L&PM Editora, encontrei a palavra “veranico”, e, bem, veranico parece uma palavra tão bem associada a Porto Alegre e suas temperaturas extemporâneas de calor em maio, já em pleno outono austral, que fiquei pensando sobre o que Jack Kerouac teria escrito no original. Bem, a frase na tradução é assim: “Caminhei oito quilômetros para sair de Pittsburg, e duas caronas, um caminhão carregado de maçãs e um enorme caminhão trailer, me conduziram a Harrisburg, na noite amena e chuvosa do veranico de outono.” O original, na versão da Penguin, de 1999, na página 96 é: “I walked five miles to get out of Pittsburgh, ...

Diário – leituras – Santa Sede, 15 anos de crônicas de botequim

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Este é um livro de celebração do aniversário de 15 anos da Oficina Literária Santa Sede. Como o título fala, “crônicas de botequim”. Uma oficina literária especializada na escrita de crônicas e realizada, de preferência, em botequins. E dê-lhe repetir botequim e botequins no parágrafo! O livro é composto de crônicas escritas por participantes e ex-participantes da oficina. Essas crônicas, que são como depoimentos, estão basicamente em dois formatos. Um: como encontrei a Santa Sede (ou seu organizador, o Rubem Penz). Dois: aconteceu comigo durante uma oficina da Santa Sede. A que eu escrevi é desse último tipo, sobre o que me aconteceu durante a oficina que homenageou Millôr Fernandes, em 2019. São mais de 60 crônicas que se lê com leveza. Bastante talento. Talento semiescondido nesse vasto mundo das publicações nesse Brasil de poucos leitores.  Talvez, até por eu estar participando disso, gostei bastante.  CARVALHO, Giancarlo, PENZ, Rubem e MEIRELES, Maria Lúcia. Santa Sede 15...

01/07/2025: sem publicação

O blogueiro metido a cronista está de folga.  Se tudo der certo, uma nova crônica deve ser publicada em 8 de julho de 2025. 

Minhas lembranças das telenovelas dos anos setenta

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Ou seja, dos anos 1970. Eu diria que meus pais foram bastante liberais com relação a me permitirem acompanhar a programação televisiva noturna nos anos 1970. Isso cabia mais à minha mãe que ao meu pai. O velho sempre dormia muito cedo porque tinha que acordar de madrugada para iniciar sua jornada de trabalho que normalmente iniciava às sete da manhã. Assim, nos tubos dos anos setenta, em preto e branco, eu acompanhava as telenovelas.  No início, a audiência lá de casa era mais ou menos equilibrada, entre as redes Tupi e Globo. Mas com o correr dos anos a Globo ganhou proeminência. Não só lá em casa. Em todo o Brasil. Minha mãe me permitia acompanhar a então novela das oito. Em geral essa novela era protagonizada por um galã, às vezes Tarcísio Meira , às vezes Francisco Cuoco. Acho que Claudio Marzo também, mas ele estrelou novelas mais para o início da década, quando eu era jovem demais para me recordar. Com o decorrer do tempo ainda tivemos o estrelato de Tony Ramos.  Francis...

Diário – leituras – Terapia Cognitivo-comportamental para leigos

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Terapia Cognitivo-comportamental para leigos é um livro que se destina explicar e aplicar a terapia psicológica chamada de cognitivo-comportamental. Neste sentido é um livro de auto-ajuda, um dos bons.  Os autores mostram técnicas para ajudar os leitores em uma série de dificuldades psíquicas nas quais podem se encontrar. Essas técnicas são mais aplicadas a partir da parte 3, capítulo 9, do livro. É quando os autores falam em colocar a terapia cognitivo-comportamental em prática. Há capítulos para medo e ansiedade; adições, isto é, o que é comumente chamado de vícios; transtornos corporais e alimentares; depressão; obsessão; raiva. Acho que o livro ajuda, mas não substitui consultas com um profissional habilitado. Em um país em que a maioria das pessoas não pode investir em sua saúde mental, o livro quebra um galho, mas não é o ideal.  Está dada a dica para quem quer tentar superar problemas psíquicos, mas está curto de grana. Ou para quem quer simplesmente conhecer essa escol...

2025: Janice em Paris

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Era uma vez um menino. Seu nome era João. O ano era 1973. Ele tinha então seis anos de idade. Ou talvez sete.  Naquele ano, a irmã dele, Maria, que era bem mais velha que ele e sua madrinha, anunciou que iria para o Rio de Janeiro. João quis ir junto. A irmã, então uma mulher jovem, não quis levá-lo. João ficou triste. Acho que a palavra é decepcionado. Ele nunca esqueceu. Cresceu um adulto que foi abandonado pela irmã para uma viagem maravilhosa. Aliás, Maravilhosa ainda é aquela cidade.  Era uma vez uma menina. Seu nome era Janice. O ano era 2025. Ela tinha então dez anos de idade. Ou talvez onze.  Naquele ano, a avó dela, também Maria, teve a oportunidade de viajar a Paris. A vó Maria convidou Janice para ir a Paris. De quebra, a tia de Janice, Regina, também iria nessa viagem.  Passaram-se vários anos desde 1973. João se tornou um adulto. Já bem adulto, quase velho, leu a epopeia de Erico Verissimo O Tempo e o Vento. Se impressionou muito com o personagem Rodrigo...

O retorno do imbecil paranoico

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Ah, a delícia de fotografar na rua! Sim, fotografar na rua, mesmo. Fotografar em seu cotidiano. Sentir-se como um turista, ou um explorador, mesmo nas ruas do seu bairro, da sua cidade.  Já devo ter dito que gosto de fotografar desde que minha irmã me emprestou a velha Kodak Instamatic 155X, na primeira viagem que fiz a Gramado lá no início dos anos 1980. Eu acho que até sonhei em ser fotógrafo profissional naquele tempo. Mas acabei desencorajado pelo preço dos equipamentos fotográficos. Preços muito altos para o meu bolso. E ainda havia o custo da revelação e impressão das fotos.  Não me tornei fotógrafo profissional, mas comprei câmeras baratas ao longo da vida e procurei manter registros da minha história e de quem me era próximo.  No início deste século XXI, quando comecei a adquirir câmeras fotográficas digitais, as coisas melhoraram muito. Ficou muito mais simples e barato registrar o cotidiano.  Mas sempre há o imbecil paranoico. Ou sua variante bobinha, o imb...

Cara Maria – XVII – Às vezes bate uma preguiça

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Cara Maria, Lá se foi mais de ano desde a última vez em que te escrevi. Ou, pelo menos, desde a última vez que lembro que te escrevi.  A questão é que às vezes bate uma preguiça. Não aconteceu nada que seja um grande gatilho para iniciar a escrita. E, também às vezes falta transpiração porque mesmo sem inspiração, a gente pode tentar se esforçar.  E assim estava eu quando veio chegando o prazo para escrever. E resolvi escrever como quem escreve uma mensagem. Mais uma.  São dias de frio. Como se o inverno tivesse chegado, mesmo que oficialmente ele só chegue no próximo dia 20. São dias de desempacotar agasalhos, tirar o pó dos aquecedores e acender lareiras (aqueles de nós privilegiados o suficiente para ter lareiras). Tempos em que me lembro da versão brasileira para a animação O Rei Leão, aquela dos anos 1990. “Desde o dia em que ao mundo chegamos / Caminhamos ao rumo do Sol”. Se a ideia da canção era pensar nos seres vivos que se descobrem e descobrem que precisam do So...

Diário – balé – A primeira vez em que fui a um espetáculo de balé

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Aconteceu no dia 22 de maio de 2025, uma quinta-feira.  O espetáculo, chamado “We call it ballet: A Bela Adormecida, um Espetáculo de Dança e Luzes”, aconteceu no Teatro do CIEE-RS. Se trata de uma adaptação da história da Bela Adormecida, encenada por um grupo de bailarinas, composto por cinco mulheres e um homem.  Embalado por música clássica, esse espetáculo tem o diferencial de as bailarinas terem fitas de led agregadas aos seus trajes. O show explora muito bem o contraste de luz e sombra. Achei muito impactante a entrada das fadas no início do espetáculo.  O tema em si é sem novidades, uma vez que quase todos conhecem a história da Bela Adormecida.  E foi isso. Por pouco mais de uma hora pude acompanhar um belo show de dança e de leveza. Gostei.  Estão previstas novas apresentações em 20 de julho e 5 de setembro próximos.   . . 28, 29/05/2025.

Cannes 2025, Wagner Moura, Kleber Mendonça Filho

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E, de repente, não mais que de repente, fazendo um eco sem sentido com o Soneto de Separação do Vinicius, eis que o Brasil ganha a Palma de Ouro para ator principal e para diretor em Cannes pelo filme O Agente Secreto. Incrível. Impressionante.  Alguns pensam que este é o país em que se plantando nada dá.  Pois o país de certa elite tosca acaba de receber prêmios em Cannes.  Em janeiro Fernanda Torres havia recebido o prêmio de melhor atriz dramática no Globo de Ouro por sua atuação em Ainda Estou Aqui. Em março, o mesmo filme pelo qual Fernanda Torres foi laureada ganhou o Oscar de Filme Internacional.  Agora Wagner Moura venceu em Cannes como melhor ator, e Kleber Mendonça Filho como melhor diretor. Incrível. Impressionante.  E nem chegamos à metade desse ano incrível, impressionante, de 2025.  Vale repetir meu hino nacional alternativo e íntimo, daquele bardo que nos deixou precocemente em 1996. “Vamos celebrar a estupidez humana A estupidez de todas as ...

Maio de 2025: a despedida de Mujica e veranico parte 2

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Eu estava em Montevidéu em março de 2015, quando terminava o mandato de José Mujica na presidência da República Oriental. Gosto muito del paisito ao sul do Rio Grande do Sul, e de sua capital, que fica a uns 850 quilômetros de Porto Alegre.  Naquela ocasião achei comovente como parte da população montevideana se manifestava nas ruas no momento da transferência de poder. Por conta das peculiaridades da política uruguaia era como uma espécie de devolução. Mujica havia recebido o poder de Tabaré Vásquez em 2010, e agora o repassava ao mesmo Tabaré, cinco anos depois.  O tempo a todos nos consome. Tabaré Vásquez concluiu seu segundo mandato presidencial e faleceu seis meses depois, em decorrência de um câncer.  Dentro da política uruguaia, José Mujica foi de militante do Partido Nacional, de direita, até senador e presidente da república pela Frente Ampla, de esquerda, tendo aderido à luta armada nos anos 1960.  Contudo é claro que ele adquiriu a proeminência que adquiri...

Diário – leituras – O seu terrível abraço

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Neste livro, O seu terrível abraço, Tiago Ferro conta a história de um homem de classe média, ou classe média alta, que vive, mais ou menos, como diria Caetano, a dor e a delícia de ser um homem branco de classe média ou classe média alta, na cidade de São Paulo nesses meados do século XXI.  Talvez devamos pensar mais em dor, pois essa é a ênfase que o autor coloca sobre o protagonista. A narrativa fragmentada, entrecortada, reflete sobre as questões de moradia, a educação ou a falta dela, a violência, os pequenos privilégios desse homem, que é representativo de toda uma classe brasileira.  Em geral um ser humano não é apenas sofrimento, mas neste livro parece que tudo faz o personagem sofrer. E o desconforto do personagem é transmitido para o leitor. E é representativo do desconforto de muita gente neste país. Quando terminei de ler o livro fiquei me perguntando se ele era ruim mas era bom, ou se o livro era bom mas era ruim.  Quem quiser enfrentá-lo, que tire suas própr...

Diário – leituras – Gaiola de esperar tempestades

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É comum que eu leia um livro e deixe-o sobre a mesa para escrever um registro da leitura. É comum também que se passe um tempo entre o final da leitura e a tal escrita do registro.  Neste livro, Gaiola de esperar tempestades, por exemplo, o período já se aproxima de dois meses.  Gaiola de esperar tempestades, de Gabriela Richinitti, conta a história de Charlotte e Leona. São duas jovens universitárias que se encontram nas noites de sexta-feira na Rodoviária de Porto Alegre para pegar o ônibus que as leva de volta aos seus lares no Vale do Taquari, depois de passarem a semana estudando na capital.  Anos depois, ambas já formadas, Charlotte advogada, Leona jornalista, e perdido o contato, Charlotte resolve saber o que aconteceu com a antiga parceira de viagens noturnas.  É um livro que fala de relacionamentos, caminhos tomados na vida, reflexões sobre para onde esses caminhos nos levam.  Se Charlotte é a protagonista e narradora, Leona é essa figura algo enigmátic...

Maio de 2025: o veranico, o novo Papa e as bergamotas

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Escrevo na noite de domingo, 11 de maio.  Na sexta-feira uma frente fria trouxe chuva a Porto Alegre. Com isso acabou-se o que bem poderíamos chamar de veranico de maio. De fato, não vi ninguém comentar, embora certamente muita gente tenha comentado. Foram dias em que a temperatura máxima chegou próxima de 30º. Eu gosto de brincar que deveríamos chamar essa ocorrência de primaverica de maio, em lugar de veranico, uma vez que os dias amanhecem relativamente frios; faz calor de suar no início da tarde; e volta a esfriar ao anoitecer.  Talvez possamos chamar de o primeiro veranico de maio de 2025. Apesar dessa frente fria recente,  desde a sexta-feira, 9, há previsão de que no próximo sábado, 17, a temperatura chegue novamente próxima de  30º. E assim seguimos. Como dizia um amigo parodiando Euclides da Cunha, “o gaúcho é um forte”. Depois completava, jocoso, “principalmente entre aqueles que conseguem sobreviver”.  De qualquer maneira, melhor calor que frio. Pelo ...

Diário – show – Kevin Johansen e Liniers: Canções e desenhos

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Dia 8 de maio passado, eu estive no Auditório Araújo Vianna, aqui em Porto Alegre, para assistir ao show Canções e desenhos, do cantautor americano-argentino (mais argentino que americano) Kevin Johansen, associado ao cartunista Ricardo Siri, mais conhecido como Liniers. Em espanhol o nome do show deve ser algo como Kevin Johansen y Liniers: canciones y dibujos. É curiosa essa minha relação com Kevin Johansen. Como já disse antes , o descobri no meio de uma série de vídeos sobre o uruguaio Jorge Drexler. A canção apresentada naquele momento foi Desde Que Te Perdí. Me tornei fã, quis assistir a um show dele.  A princípio, eu iria a um show em Buenos Aires em maio de 2020. Aí veio a peste e esse projeto acabou cancelado. Dois anos depois, ele lançou um novo álbum e fez show em Montevidéu. Eu fui a esse show. E não pensava em ir a uma segunda apresentação de Kevin Johansen, em especial porque ele não é popular no Brasil como é Jorge Drexler, que para cá retorna periodicamente. Eu não ...