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Mostrando postagens de 2025

Meus eventos de novembro de 2025 – I – Lançamento do livro Intromissivas, homenagem da Oficina Santa Sede a Otto Lara Resende

Tive alguns eventos neste mês de novembro de 2025 e que quero relatar no blogue. O primeiro foi o lançamento do livro Intromissivas, uma homenagem da Oficina Santa Sede de Crônicas ao escritor Otto Lara Resende (1922-1992).  Eu participei da oficina em que escrevemos crônicas inspiradas na obra desse autor mineiro, radicado no Rio de Janeiro. O lançamento, com sessão de autógrafos, foi no dia 2 de novembro, na 71ª Feira do Livro de Porto Alegre. Dia de Finados e um domingo. A peculiaridade desse evento foi que eu não compareci. Tive um contratempo em família, que me impediu. O contratempo se resolveu, mas o evento já estava perdido.  Os eventos de novembro começaram com essa situação peculiar. Não fui ao lançamento do livro de que participei como coautor.  16/11/2025. 

Efemérides de números redondos, mãe

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Oi, mãe. Escrevo em 24 de novembro de 2025. Semana passada comentei com o Emanuel e com a Linda que estavam se completando trinta anos da tua partida. Para citar o chavão, trinta anos de saudades. Trinta anos para eu exorcizar os meus rancores e cultivar as boas lembranças.  E é muito curioso, mãe, que nasceste em 1925 e morreste em 1995. Então nesse ano de 2025, farias 100 anos, se estivesses conosco.  Linda tem uma lembrança muito marcante de ti, da tua intervenção na época do nascimento do Emanuel em 1988. Linda pensa que ela e o Emanuel estão vivos também por causa da pressão que fizeste enquanto ela estava internada se recuperando do parto, e os médicos esperavam que o útero dela expelisse naturalmente a placenta, o que não acontecia.  Acho que a Linda se lembra de tua intervenção para que os médicos agissem para que o Emanuel nascesse. Eu me lembro da tua intervenção pressionando para que fosse feita rapidamente uma curetagem que estancasse a hemorragia a que a Lind...

José Simão, o Paraguai e a bebida adulterada

“ ‘Governo do Paraguai emite alerta sobre risco de comprar bebida adulterada no Brasil.’ Ai que vergonha! Até o Paraguai alertando sobre falsificação? O poste mijou no cachorro!” Trecho da coluna do humorista José Simão , do início de outubro passado. Gente da nossa geração, mais ou menos a minha e a dele, Simão, se lembra de um tempo não muito antigo (para nós) em que boa parte do uísque importado consumido no Brasil era contrabandeado do Paraguai. Às vezes, falsificado. Mas não lembro de notícias que tivesse havido adição de metanol.   16, 24/11/2025. 

Passou um filme

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Estávamos pelas primeiras doses de Jack D’s. Felizes porque havia Jack D’s naquele bar. No bar anterior não tinha.  José me contava de sua mais recente desventura. Depois de uns seis anos desde que a recebera usada, a geladeira dele pifara. Entre as opções de comprar uma nova, comprar uma outra usada ou consertar a estragada, decidiu pela última solução.  O técnico examinou o aparelho e ofereceu um orçamento que José aceitou. Então o mecânico de geladeiras pediu que José a esvaziasse. Os perecíveis já tinham sido descartados um dia antes. Tinham ficado produtos que não estragam com facilidade. Cervejas, refrigerantes, água, chocolate,… Filmes! Sim, filmes fotográficos. Acetato de celulose e afins.  O próprio José se espantou com a quantidade de caixinhas e cilindros que estavam guardados na geladeira, provavelmente desde 2010 ou 2011.  Já que eu manifestei interesse pelo assunto, fotografia, a conversa fluiu.  Ele foi uma criança que se encantou pela mágica a qu...

Mapas

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Porto Alegre, 26 de maio de 2025. Caro Rubem, Esta carta bem poderia tratar de etimologias. Assim, mapa viria do latim mappa, que significaria basicamente pano. No Império Romano, os mapas eram produzidos sobre tecido. O alemão antigo teria incorporado mappa, transformando-a em mappe, onde assumiu o significado atual, derivando então, com variações fonéticas, para outros idiomas, inclusive o nosso. Foi uma IA que informou isso. Não sei se é verdadeiro, mas é verossímil. Esta carta poderia lembrar também de uma oficina literária de que participei há uns poucos anos. Naquela oficina eu e os outros oficineiros tínhamos que escrever crônicas a partir de manchetes de jornal tal qual o saudoso Moacyr Scliar fez por uns tantos anos. A manchete foi publicada no jornal Folha de São Paulo e diz “IBGE lança mapa-múndi de ponta-cabeça e com Brasil no centro”.  Quando um emissor diz que o tal mapa está de ponta-cabeça, já nos informa seu ponto de vista. Ele está com a cabeça extremamente nortea...

Lô Borges (1952-2025)

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No início da década de 1980 entrei em contato com a obra de Milton Nascimento através de amigos. Naquela época, entre esses amigos, estava muito em voga o LP Sentinela. Também naquela época comecei a trabalhar e com a grana dos primeiros salários adquiri o álbum Clube da Esquina 2, então em formato de fita cassete, em um balaio de ofertas da Renner da Otávio Rocha. Foi um álbum de “uau!”. E Clube da Esquina não era só Milton Nascimento. Era Milton Nascimento, era Milton e mais uma turma a qual não prestei muita atenção, mas que estava lá. Ouvi muito aqueles cassetes, que não sei que fim levaram. Lembro muito de Canoa, Canoa, primeira canção do lado B do primeiro cassete.  Depois, não sei quanto tempo depois, adquiri o álbum Clube da Esquina, que, como a nomenclatura indica, precede Clube da Esquina 2. Foi outro “uau!”. E Clube da Esquina não era só Milton Nascimento. Era Milton Nascimento e Lô Borges e Beto Guedes e outros, sem contar o grande Fernando Brant, que usualmente compunh...

Diário – leituras – Prelúdio de Sangue

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Tudo começou em um balaio de ofertas na Feira do Livro de Porto Alegre de 2024. Não lembro de qual livraria. Certamente um sebo. Vi nesse balaio alguns volumes dessa saga, que conta de maneira romantizada, as vidas e as cortes da casa real inglesa, os Plantagenetas, a partir de meados do século XII, na chamada Baixa Idade Média.  Contudo o livro se inicia com Eleonore de Aquitânia. A Aquitânia era um ducado que ficava no sudoeste de onde atualmente é a França. E o livro vai terminar com o rei Henrique II, da Inglaterra, o primeiro rei Plantageneta.  O livro, de fato, essa série de livros, é baseada em fatos históricos acontecidos há quase novecentos anos. Mas acho que não devemos tomar o que é narrado ali como História, pois, afinal é vendido como ficção, romantização.  Pensando em termos técnicos de literatura, o narrador, ou a narradora, é onisciente. Quem conta a história sabe o que acontece dentro da cabeça das personagens.  A autora usa muito diálogos para conta...

Sem lugar tranquilo

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José chegou ao bar desacorçoado.  Quando ele chegou,  eu e Marcos já estávamos ali.  Ele havia nos enviado mensagem informando a questão. Seu carro foi arrombado enquanto ele precisou ir na farmácia. Muitos remédios, farmácia cheia, talvez 45 minutos lá.  “É, João. Uns 45 minutos foi o suficiente para algum vagabundo quebrar um vidro, abrir a porta, invadir o carro, roubar o estepe e ir embora. Em uma travessa da Protásio, no bairro Santa Cecília. Área nobre e residencial. Início de noite de primavera. Até então era um início de noite agradável.” “Sim, sei. Já aconteceu comigo. Já te falei daquela vez que roubaram dois pneus do meu carro e o deixaram apoiado em tijolos, né?” Marcos olhou para um e para o outro de nós e retornou sua atenção para o celular.  “É, João. Sim, tu contou. Também não foi a primeira vez que aconteceu comigo. Já tinham roubado um estepe meu lá perto de casa. Mas é uma região mais afastada. E era tarde da noite. Outra vez invadiram uma vel...

Diário – show – Guto Leite, O Escafandrista: Poesia e Canção

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No dia 14 de outubro de 2025, uma terça-feira, eu estive no Teatro Túlio Piva, ali na Rua da República, na Cidade Baixa, aqui em Porto Alegre, para assistir o show O Escafandrista: Poesia e Canção, de Guto Leite.  O espetáculo consistiu em Guto cantar canções de sua autoria, entreameado pela declamação de poesias, também de sua autoria. A notável exceção de obra de outro compositor no repertório foi a música Futuros Amantes, de Chico Buarque. Futuros Amantes, que em sua letra fala em escafandristas. Muito afim com a temática do show. Sim era um show temático, e o título dá uma dica do tema.  Thomás Werner acompanhou Guto Leite com guitarras, violões e dispositivos eletrônicos com repetições e ritmo.  Foi um bom show, de artistas talentosos. Bem estruturado. Diria que serviria a produzir um álbum, com a exata ordem de canções e poemas apresentados. Se é que isso já não está disponível nos serviços de áudio sob demanda, ou como se diz em bom português brasileiro, streamings...

Outubro antigamente era assim

Antigamente outubro era assim. Antigamente era nos anos 1990.  Começava com o aniversário do Lucas, o filho de um casal de amigos nossos, no dia 5.  Dia 11 era o aniversário do Emanuel, meu filho. Que por uma bela coincidência nasceu no mesmo dia que o bisavô dele. Com 94 anos de diferença entre eles. Emanuel só sabe de seu bisavô por vagas memórias e umas poucas fotos.  Depois, dia 16, era o aniversário da minha cunhada Siloni. Melhor que chamar cunhada é o termo em inglês, sister-in-law, isto é, irmã na lei.  Dia 17 era o aniversário da Sula, a mãe do Lucas.  E dia 20 era o aniversário da Lúcia, a minha irmã. De sangue. Em grande parte também uma espécie de mãe.  Eu sempre pensei essa profusão de aniversários em outubro como um determinismo biológico. Esses primatas gerando suas crias para nascerem na primavera.  Também não descarto que haja uma confluência astral para que haja um monte de gente nascida sob o signo de libra.  Quando comentei ess...

Diário – leituras – Embarque imediato

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Tenho o costume de ler um livro e, depois, comentar sobre a leitura, fazer um registro. Também tenho o costume de demorar algum tempo entre o final da leitura e escrever o registro. No caso deste livro é ainda um pouco mais complicado.  Este livro, Embarque imediato, é uma coletânea de seis relatos de viagem, feitos pelos autores, após participarem de uma oficina literária para criar relatos de viagem. A oficina foi organizada por Zizo Asnis. As autoras e autores são Cris Ribeiro Marques, Isabella Guerra, Lígia Rosso, Marcel Souza, Sônia Friedrich Maus e Wesley Faraó Klimpel.  Adquiri o livro do meu colega de inúmeras oficinas literárias de crônicas, e amigo, Marcel Souza. E isso foi lá por fins de 2022. Logo que comprei o livro, li o relato que ele escreveu sobre suas andanças pela Rússia durante a Copa do Mundo de Futebol de 2018.  Depois o livro ficou encostado na pilha de livros a serem lidos.  Acho que resolvi retomar a leitura e ler os outros relatos, impulsion...

Mais alguns de nossos mortos – setembro e outubro de 2025

Eu era criança na década de 1970 e tinha a percepção de meu pai em estado taciturno. Abatido.  Penso nos dias em que ele soube da morte de Lupicínio Rodrigues (1914-1974) e, tempos depois, de Orlando Silva (1915-1978). Dou-me conta agora que esses artistas nasceram pouco antes do meu pai. O velho é de 1916.  O que pensava o meu pai? Não sei. Agora posso ver o que sinto. Sempre me dá uma tristeza, pequena ou grande, quando algum grande artista ou alguma personalidade que marcou época se vai. Têm sido tantos. E parece que cada vez mais.  Robert Redford foi O Galã, se podemos simplificar muito. Parceiro de Paul Newman em Butch Cassidy & Sundance Kid; e de Dustin Hoffman em Todos os Homens do Presidente; filmes que, curiosamente, ou não vi ou não lembro se vi, o que dá no mesmo. Mas lembro que marcou minha adolescência um filme que ele dirigiu, Gente como a gente. Uma das primeiras vezes na minha vida em que eu havia lido o livro que deu origem ao filme. E, claro, o vi em...

Notas de um final de semana movimentado em fins de setembro de 2025 (III): diário – show – No Te Vá Gustar

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Na noite de 27 de setembro de 2025 eu estive no Auditório Araújo Vianna, aqui em Porto Alegre, para assistir o show da banda de pop rock uruguaia No Te Vá Gustar.  Não estava frio como estivera na noite anterior, mas a previsão era de chuva para aquela noite.  No Te Vá Gustar é uma banda liderada por Emiliano Brancciari, que está em atividade desde os anos 1990. Eles têm carreira consolidada na bacia do Prata, me parece, e têm vindo com certa regularidade a Porto Alegre. Lembro de um show há dois ou três anos, no Bar Opinião. Não fui a esse show porque cheguei a uma idade em que não quero mais passar duas horas em pé na pista.  Não sei se a banda veio por conta de algum álbum novo. Acompanhei nos softwares de áudio sob demanda um show gravado em Buenos Aires em 2025, mas não me vejo em condições de dizer que esta apresentação porto-alegrense espelhou a gravação portenha.  O Araújo esteve cheio, embora não lotado. Muitas bandeiras uruguaias entre o público. Imagino qu...

Notas de um final de semana movimentado em fins de setembro de 2025 (II): sessão de autógrafos – Hospitalares, de Edgar Aristimunho

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No final da tarde de sábado, 27 de setembro de 2025, eu estive no espaço Mosaico Cultural, ali na Travessa Octávio Corrêa, 39, na Cidade Baixa, aqui em Porto Alegre, para o lançamento do livro Hospitalares, de Edgar Aristimunho. Aristimunho recebeu seus leitores, autografou uns quantos exemplares do livro e posou para fotos várias.  O livro nasceu após problemas de saúde levarem Aristimunho a uma internação de alguns (vários?) dias em um hospital porto-alegrense. São registros, divagações, reflexões, talvez até pirações de um homem que enfrenta uma situação limite.  Infelizmente não pude ficar muito tempo, mas valeu ter ido. Um Mosaico Cultural cheio já indica o sucesso da iniciativa.   . Edgar Aristimunho autografando o meu exemplar de Hospitalares . 04, 09/10/2025. 

Notas de um final de semana movimentado em fins de setembro de 2025 (I): diário – show – AnaVitória

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Na noite de 26 de setembro de 2025 eu estive no Auditório Araújo Vianna, aqui em Porto Alegre, para assistir o show do duo AnaVitória. As jovens estão em turnê divulgando seu álbum Esquinas.  Era uma noite mais fria do que eu poderia esperar para o final de setembro. Ainda havia um vento bem desagradável. Mas tudo bem, eu estava suficientemente agasalhado. Não era o caso de muitas das fãs da dupla, com roupas leves, levíssimas às vezes.  Sim, a maioria do público de AnaVitória é composto de mulheres adolescentes e jovens. Eu estimaria que elas foram dois terços da audiência que lotou o Araújo naquela noite.  As cantoras compositoras foram acompanhadas por um grupo com guitarra, baixo elétrico, bateria, piano eletrônico e o sopro de metais.  No setlist canções do álbum Esquinas, como Se eu usasse sapato,  Minto pra quem perguntar e Quero contar pra São Paulo; do álbum Amarelo, azul e branco – interpretaram a canção homônima; e a já clássica Lisboa / Lisboa-Madrid...

Asma

Do grego ásthma , que significa falta de ar. Pois é. Simples assim.  Conhecida desde a Antiguidade – Hipócrates já teria se referido a ela –, a asma é uma doença crônica dos pulmões, junto com inflamação nos brônquios. Costuma acometer crianças, daí o incentivo à prática de esportes na infância para melhorar a respiração e diminuir a inflamação pulmonar. Muitas vezes os sintomas diminuem na idade adulta e retornam na velhice, mas cada caso é um caso.  Pessoas conhecidas foram portadoras de asma. Não, elas não eram conhecidas por serem portadoras de asma. Mas, enfim, portadores de asma foram Machado de Assis, Graciliano Ramos, Che Guevara, Otto Lara Resende.  Tive um amigo, colega de aula, que queria ser oficial da reserva do Exército, nos anos 1980. Ele se empenhou e passou nos testes físicos e intelectuais para alcançar seu objetivo. Foi engajado. Porém ainda era asmático aos dezoito anos. Durante uma daquelas jornadas de treinamento, com caminhadas de quilômetros com vi...

Gatinho

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O gato era cinza. E branco. Mais cinza do que branco.  Era um filhote então. Um gatinho. Foi adotado por uma senhora no outono da vida.  Ou, talvez, no inverno da vida.  Para completar o clichê, talvez, uma solteirona que criava gatos. Só no outono de sua vida, aí sim, passou a acolher os felinos. O gato foi tomada por uma gata. Recebeu nome de personagem feminina da novela das oito. Nome esse já esquecido. Um exame mais detalhado constatou: não era uma gata. Um gatinho. Gatinho, o nome ficou. Gatinho, o nome, ficou. Um dia, a dona do Gatinho foi afligida por dores.  Dores no abdômen, dores nas costas. Consulta daqui, pesquisa dali, perscruta acolá, e chegou-se a um diagnóstico. O pâncreas tinha um tumor. E nove meses depois, um tumor no pâncreas levou a dona do Gatinho. Que foi herdado pela ex-cunhada da falecida dona. E foi bem tratado pela ex-cunhada da falecida dona. E ali até viveu bem. Uma vez fugiu. Mas voltou dois dias depois. Ali até viveu bem. Contudo houve...

Agora oficialmente: eis a primavera de 2025

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Pata de vaca, tá sabendo? Não, não falo das patas da bovina. Fala da planta. Da árvore de pequeno porte. Ou, pelo menos, as que tenho visto são de pequeno porte. Um metro, um metro e meio, no máximo uns quatro metros de altura. O nome é por conta do formato das folhas, que, de fato, lembram patas de vaca, ou de boi. Pois então, as patas de vaca estão em pleno florescimento por estes dias. Encontro-as com flores brancas e flores cor de rosa na região em que moro. Uma beleza. Embora os filamentos nessas flores me lembrem a boca do predador. Sim, aquele alienígena do cinema, cujo primeiro filme estreou lá por 1987, e esse predador era o antagonista de Arnold Schwarzeneger. Ainda assim as flores da pata de vaca são uma beleza. Parece elas que vão sucedendo os ipês-rosas, cujo auge da floração se deu há alguns dias. Ainda há flores de ipês-rosas por aqui, mas elas estão diminuindo. Esses ipês estão substituindo a sua floração por folhas.  Quem também parece suceder os ipês-rosas, são os...

Diário – show – Gilberto Gil, Tempo Rei

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No dia 6 de setembro passado, um sábado, eu estive no Estádio Beira-Rio, aqui em Porto Alegre, para ver o show da turnê de despedida dos palcos de Gilberto Gil, chamado Tempo Rei.  Foi um show muito aguardado por mim. Comprei os ingressos em abril. Tive certa ansiedade porque o provedor dos ingressos fez a venda pelo aplicativo no celular, e esses ingressos só foram disponibilizados no próprio dia do show.  Foi um espetáculo que mexeu com a cidade. Encontrei uma amiga no acesso às cadeiras, de onde eu assistiria o show. Depois vi fotos de pessoas amigas e conhecidas nas redes sociais da internet. Cerca de uma hora antes do show, o acesso ao estádio pela Avenida Borges de Medeiros estava congestionado. Talvez trinta mil pessoas tenham comparecido. É bastante mas havia lugar para muito mais. Uma pena, pois acho que esse show deveria ter sido visto por mais gente. O único local que pareceu lotado ou quase foi a pista premium. A pista comum tinha muito espaço disponível. O anel su...

Silvio Tendler, Angela Ro Ro

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Em certos momentos eu me sinto como um escritor de obituários. Nas últimas duas semanas isso ficou bem acentuado. Em uma semana escrevi sobre Luis Fernando Verissimo , e na semana seguinte escrevi sobre Mino Carta . Ainda bem que, além dos obituários, também escrevi sobre a primavera de 2025 chegando  e sobre futebol americano .  Infelizmente sempre tem gente que faz parte das nossas lembranças, do nosso imaginário, morrendo o tempo todo.  Não escrevo, por exemplo, sobre o cartunista Jaguar ou o músico Hermeto Pascoal, não porque não sejam importantes. Foram. Mas não estão inseridos de forma inescapável dentro da minha vida, como as pessoas das quais comento e lamento o falecimento, como acontece neste momento.  Por esses dias morreram mais duas pessoas inescapáveis.  Silvio Tendler (1950-2025) foi um cineasta. Documentarista. Documentários não costumam ser as obras cinematográficas mais vistas, mas Tendler foi bastante bem sucedido nessa área. No início da minh...

Novamente: é uma partida de futebol!

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Dia 5 de setembro passado aconteceu pela segunda vez no Brasil, de fato pela segunda vez no hemisfério sul do planeta, uma partida da Liga Nacional de Futebol – National Football League, NFL para os íntimos, o campeonato daquele futebol praticado nos Estados Unidos. O jogo envolveu as equipes do Kansas City Chiefs e do Los Angeles Chargers.  Quando houve pela primeira vez um jogo desses no Brasil, eu comentei por aqui . Tentei explicar que o jogo não é uma sucessão de violências, embora possa dar essa impressão à primeira vista. Lembrei como acabei por gostar do jogo, que comecei a acompanhar já faz vários anos através da TV por assinatura.  NFL é uma espécie de confederação formada pelas suas duas conferências, a Conferência Americana – AFC, “American Football Conference”, e a Conferência Nacional – NFC, National Football Conference”. Se o jogo de 2024 foi entre duas equipes da NFC, o deste ano foi entre equipes da AFC.  E o jogo, novamente realizado no Estádio do Corint...

Em uma semana Luis Fernando Verissimo, na outra Mino Carta

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Lá se vão quatro anos desde que lamentei as mortes de Tarcísio Meira e Paulo José em um texto neste blogue . Estávamos então no segundo ano da peste, isto é, da pandemia de covid-19.  Pois agora por esses dias vamos nos despedindo de mais pessoas. Ou, pelo menos, eu vou me despedindo. Faz uma semana, comentei e lamentei o falecimento do escritor Luis Fernando Verissimo.  Dias depois veio a notícia da morte do jornalista Mino Carta.  Tornei-me intelectualmente próximo de Mino Carta entre o final do século passado e o início deste século XXI. Foi quando assinei por um tempo sua revista de notícias, a CartaCapital. Não lembro se quando eu assinei a revista sua periodicidade ainda era quinzenal, ou se já havia passado a ser semanal. Sei que eu estava a procura de um veículo informativo um pouco diferente do que eram as revistas Veja e Época à época. Assinei CartaCapital por alguns anos. Mino Carta era a, digamos, alma da revista. E foi por ela que acompanhei o noticiário nos ...

Eis a primavera de 2025

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Os dias agradáveis do final de agosto passado, e dos primeiros dias de setembro, e as dezenas de ipês-rosas em flor, não nos deixam enganar. É a primavera se apresentando. Mesmo que alguma frente fria ainda apareça e baixe as temperaturas.  Mesmo que chuvas enjoadas umedeçam mais alguns de nossos dias.  Mesmo que oficialmente a primavera austral só se inicie no próximo dia 22 de setembro.  Sim. Mesmo com a mudança climática, ou a crise climática, ou a catástrofe climática, chamem como quiserem, Porto Alegre continua tendo quatro estações.  E depois do solstício de inverno os dias começam a ficar mais longos. E podemos desfrutar mais do sol.  Os ipês-rosas em flor não nos deixam enganar. Nem, em menor número, os ipês-amarelos.  Na rua em que moro há uma fileira de quatro ipês-rosas. Os quatro floriram. E ao olhar para eles fico pensando que parece que alguém os adornou com as flores, tal qual muitos de nós fazemos com as árvores de Natal que montamos em noss...

Pequena Mona Lisa

O que há em um sorriso? O que há em um sorriso como o da Mona Lisa?  Há pouco estive em uma festa de debutantes. Não. Uma festa de debutante. Apenas uma moça debutava. Embora ali também houvesse umas tantas outras meninas, colegas daquela que naquela noite celebrava seu aniversário em grande estilo. Grande estilo ao menos para os convidados ali presentes.  De onde eu estava, e de onde eu podia ver, a debutante apenas sorria. Um sorriso como o da Mona Lisa. Contido. Discreto. Aparentemente feliz. Ali estava ela. Em seu vestido de princesa. Em uma festa de princesa. Em grande estilo. Ao menos para os convidados ali presentes. A entrada no salão, acompanhada pelos pais, em música de pompa. Era seguida pela fotógrafa e pelo cinegrafista oficiais do evento. Seguida pelas inúmeras lentes dos convidados a registrar os momentos.  Danças. Dança com o pai. Com o avô. Com o padrinho. Com um amigo (namorado?). Não lembro se valsava. Mas como valsa me soava. Faz-me recordar. Recordar ...

Diário – leituras – On the road, Pé na Estrada – Fim de leitura

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Já se vão alguns dias desde que, afinal, terminei de ler On the road, ou Pé na estrada; o clássico livro da  geração beatnik estadunidense, traduzido ao português brasileiro por Eduardo Bueno.  Antes, há relativamente pouco tempo, eu havia escrito um comentário sobre opções de tradução .  Agora, terminada a leitura, dá para escrever esse breve registro, como costumo fazer de uns tempos para cá. On the road, escrito nos anos 1950, narra as aventuras, chamemo-las aventuras, de Sal Paradise, um candidato a escritor e Dean Moriarty, seu amigo, por quem Sal tem certa veneração. As histórias narradas no livro acontecem no final dos anos 1940. Sal e Dean passam a maior parte da narrativa cruzando os Estados Unidos de leste a oeste, e vice-versa. As principais cidades, pontos de partida e chegada costumam ser Nova York e San Francisco, ou San Francisco e Nova York. Outra cidade bastante citada no livro é Denver. Também há passagens por Chicago e Nova Orleans. Várias outras cidade...

LFV (1936-2025)

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Desde a madrugada de sábado, 30 de agosto, o Brasil ficou um pouco mais triste. Pelo menos para aquela parte que apreciava o humor discreto do escritor Luis Fernando Verissimo. Ele nos deixou naquela madrugada após um relativamente longo ciclo de problemas de saúde, especialmente uma pneumonia e um AVC acontecidos há alguns anos.  Filho de Erico Verissimo, que é talvez o maior escritor sul riograndense de todos os tempos, Luis Fernando se tornou um autor com estilo próprio, diferente do pai. Ambos populares, cada qual a seu modo.  Os obituários tendem a ressaltar um homem econômico ao falar, e essa parece que foi uma característica que Luis Fernando Verissimo fez questão de cultivar.  E as memórias e recordações de amigos e colegas partem dos inícios da carreira. Ele foi colega de redação de muita gente. E trabalhou incansavelmente nessas redações.  Meu período de maior leitor de LFV é dos tempos em que eu costumava ler o jornal Zero Hora impresso. Tempos pré-interne...

Cara Vivi, sim, o Rio de Janeiro continua lindo. Apesar de tudo

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Na mensagem anterior, aquela que vai para o livro em homenagem ao Otto Lara Resende, onde teci loas à cidade do Rio de Janeiro, terminei concluindo que após quinze anos desde a vez anterior em que estive por lá, pelo Rio de Janeiro, já passava da hora de retornar.  Pois bem. Retornei.  E… Surpresa! Senti frio no Rio de Janeiro! Uma frente fria jogou temperaturas para cerca de dez graus nas madrugadas em que estive lá. Claro. Nada que assuste um porto-alegrense, mas foi diferente.  Foram quatro breves dias na Cidade Maravilhosa. De fato, nem isso. Daqui a pouco explico.  Desta vez sem turistadas. Tanto o Cristo Redentor, quanto o Pão de Açúcar, só de longe.  Na mensagem anterior lembrei como a cidade é permeada de História. E de histórias. Ela não foi capital da administração portuguesa, capital imperial e capital republicana, em uma sequência de quase duzentos anos impunemente. Aliás, tirarem-lhe a administração federal também não foi algo que foi feito impuneme...

Veronica Electronica, Madonna, Ray of Light

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Cara doutora, Recentemente li em algum caderno cultural, provavelmente na Folha de São Paulo, sobre o lançamento do álbum Veronica Electronica, da Madonna. Se trata da remixação (será que usei certo “remixação”?) de um conjunto de canções do álbum Ray of Light, que a artista lançou em 1998.  Uau! 1998! Lá se foram 27 anos.  Pelo que me lembro da reportagem, a ideia do álbum de remixes já vinha de 1998, mas Ray of Light fez tanto sucesso, vendeu tantas cópias, que esse álbum de remixes foi sendo adiado. Saiu agora.  Fico me perguntando sobre o motivo do nome Veronica Electronica. A parte “Electronica” do nome é bastante óbvia, ligando-o com a música eletrônica, aquela feita basicamente para chacoalhar o esqueleto em clubs e raves. Veronica é mais difícil. Há uma certa Santa Verônica de Jerusalém , relatada em hagiografias, embora não nos Evangelhos Canônicos. A sonoridade desse nome me faz pensar em vera, vero, verdadeiro, verdadeira. Será? Enfim, isso é só assuntinho....