Veronica Electronica, Madonna, Ray of Light


Cara doutora,


Recentemente li em algum caderno cultural, provavelmente na Folha de São Paulo, sobre o lançamento do álbum Veronica Electronica, da Madonna. Se trata da remixação (será que usei certo “remixação”?) de um conjunto de canções do álbum Ray of Light, que a artista lançou em 1998. 

Uau! 1998! Lá se foram 27 anos. 

Pelo que me lembro da reportagem, a ideia do álbum de remixes já vinha de 1998, mas Ray of Light fez tanto sucesso, vendeu tantas cópias, que esse álbum de remixes foi sendo adiado. Saiu agora. 

Fico me perguntando sobre o motivo do nome Veronica Electronica. A parte “Electronica” do nome é bastante óbvia, ligando-o com a música eletrônica, aquela feita basicamente para chacoalhar o esqueleto em clubs e raves. Veronica é mais difícil. Há uma certa Santa Verônica de Jerusalém, relatada em hagiografias, embora não nos Evangelhos Canônicos. A sonoridade desse nome me faz pensar em vera, vero, verdadeiro, verdadeira. Será? Enfim, isso é só assuntinho. 

Na facilidade hoje em dia com os áudios sob demanda, em bom português, streamings, fui conferir os novos sons, as tais releituras, reinterpretações (reaudições?). Foi algo estranho. As canções de Madonna estão lá, mas também não estão. Lembram as canções originais, mas estão diferentes. 

Cara doutora, 

Nossa memória, ou, pelo menos, a minha memória é assim. Uma coisa puxa a outra. Depois da primeira audição de Veronica Electronica retornei a Ray of Light. Ray of Light, o disco que me tornou fã de Madonna. Até então eu ouvia as canções dela no rádio e lia a respeito das polêmicas em que ela se envolvia, mas nunca havia comprado um disco dela.

Memória. Em 2012 fomos ao show de Madonna, na chamada despedida do Estádio Olímpico. Lembro muito pouco das canções daquele show. Lembro de DJs tratando de, como se diz, aquecer o público e cumprir a cota de artistas nacionais abrindo shows para estrelas internacionais. Lembro de Madonna se atrasando para chegar ao palco, parece que é costume dela se atrasar. Se não me engano ela alegou que estava resfriada. E havia alegria. A comunidade gay que orbita a cantora não recebeu esse nome, gay, à toa. E lembro o perrengue que foi para voltar para casa, em uma época em que estávamos sem carro, e o show terminou na madrugada de domingo para segunda-feira. Caminhamos quilômetros antes de encontrar um táxi. Na minha lembrança parece que minhas pernas ficaram doendo por uma semana. 

Mas posso lembrar algumas coisas a respeito de Ray of Light. Meu filho devia ter nove ou dez anos. Eu devia ter um pouco mais de trinta. Devíamos estar levando meu filho pela terceira vez para assistir à animação O Rei Leão. Naquela época já era em cinema de shopping. Na frente de uma loja tocava uma música até então desconhecida. Paramos um pouco. Qual? Quem? A surpreendente informação: era uma canção de Madonna. Frozen. 

Em uma época em que ainda se comprava discos em lojas, compramos aquele CD. E ele foi bem tocado. Tanto melhor que os discos a laser não tinham atrito e não gastavam como os velhos long plays. Nas minhas lembranças, dancei muitas vezes Drowned World / Substitute for Love. Ray of Light, a música que batizava o álbum passava em clipes na televisão. E Frozen, bem, Frozen foi a canção que nos levou a tudo isso que relato. 

A versão de Ray of Light atualmente no streaming tem treze faixas. O remix Veronica Electronica tem oito. 

Sim, prefiro as canções originais. São mais carregadas de sentimento para mim. 

Tenho certa dificuldade de avaliar os remixes. Talvez eu deva consultar os / as que se chacoalham nas pistas. 

Mas acho que não me recusaria a dançar novamente Drowned World / Substitute for Love remixada. Embora de maneira muito diferente de como eu fazia em 1998. 


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As reproduções das capas dos álbuns foram copiadas da Wikipédia anglófona

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11, 12/08/2025. 

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