Mais alguns de nossos mortos – setembro e outubro de 2025
Eu era criança na década de 1970 e tinha a percepção de meu pai em estado taciturno. Abatido.
Penso nos dias em que ele soube da morte de Lupicínio Rodrigues (1914-1974) e, tempos depois, de Orlando Silva (1915-1978). Dou-me conta agora que esses artistas nasceram pouco antes do meu pai. O velho é de 1916.
O que pensava o meu pai? Não sei. Agora posso ver o que sinto. Sempre me dá uma tristeza, pequena ou grande, quando algum grande artista ou alguma personalidade que marcou época se vai. Têm sido tantos. E parece que cada vez mais.
Robert Redford foi O Galã, se podemos simplificar muito. Parceiro de Paul Newman em Butch Cassidy & Sundance Kid; e de Dustin Hoffman em Todos os Homens do Presidente; filmes que, curiosamente, ou não vi ou não lembro se vi, o que dá no mesmo. Mas lembro que marcou minha adolescência um filme que ele dirigiu, Gente como a gente. Uma das primeiras vezes na minha vida em que eu havia lido o livro que deu origem ao filme. E, claro, o vi em algum ou alguns desses episódios dos Vingadores no universo cinematográfico da Marvel.
Claudia Cardinale me marcou em especial por seu papel em Era Uma Vez no Oeste, filme de 1968, que devo ter visto muito depois. Não me lembro a mídia, se VHS ou DVD. Filme que mostra como ia ocorrendo a expansão do transporte ferroviário pelo vasto território continental dos Estados Unidos, na segunda metade do século XIX, e como as pessoas iam se adaptando às mudanças que isso provocava. Claudia Cardinale vivia Gil, uma mulher na luta pela sobrevivência.
Berta Loran foi uma atriz, uma comediante, que ajudou a entreter a família brasileira nos diversos programas televisivos humorísticos em que participou, desde a década de 1960 até a de 1990. Além dos shows humorísticos, ainda atuou em filmes e telenovelas. Uma espécie de coadjuvante de luxo, que nos fazia rir ou sorrir.
Paulo Soares, também conhecido como o Amigão, era jornalista esportivo. Entrou na minha vida quando consegui ter acesso à TV por assinatura (isso deve ser sido no final da primeira década deste século, ou no início da década seguinte). Paulo Soares fazia par com o também saudoso Antero Greco na bancada do Sport Center, onde repassavam os jogos de diversas modalidades esportivas, no final da noite. De vez em quando alguma coisa levava os dois a irrefreáveis gargalhadas. Quando isso acontecia, eles eram citados no programa jornalístico humorístico CQC, o Custe o que custar.
Jane Goodall foi a bióloga e primatologista que pesquisou o modo de vida de grandes primatas, em especial chimpanzés e gorilas, em alguns países na África. Goodall fez com que nos familiarizássemos com esses macacos. Fez com que os víssemos, ou, pelo menos, eu os visse como quase humanos.
Diane Keaton, atriz, parecia oferecer sempre um sorriso luminoso. Mesmo interpretando Kay, a esposa do gângster Michael Corleone e vivendo os horrores que eram vividos naquele filme. Esse sorriso luminoso apareceu mais ainda como Annie Hall, uma mulher que vai conseguindo se superar, em meio a um relacionamento complicado, papel que lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz em 1978.
Tanta gente que se vai. Tantas perdas.
Será que sinto agora o que deixava meu pai encafifado nos anos 1970? Será?
13, 14/10/2025.
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