Diário - leituras - Pessach, A Travessia



Diário - leituras - Pessach, A Travessia



Estive lendo o livro "Pessach, A Travessia", de Carlos Heitor Cony. Foi uma das obras comentadas quando do recente passamento do autor (Cony faleceu em 5 de janeiro de 2018). Claro isso de comentar mais ou menos determinada obra depende de quem lê, de quem gosta do autor. O outro livro de Cony muito comentado na época de sua morte foi "Quase Memória", uma visão romanceada da vida do pai do autor. Na época ainda se falou bastante de seu livro "O Ato e o Fato", compilação de crônicas de críticas aos "governos revolucionários" no final dos anos 1960.
No caso de "Pessach, A Travessia" parece que o autor faz uma espécie de acerto de contas consigo próprio. O personagem principal é Paulo, um escritor que começa o romance completando seu quadragésimo aniversário. É o início da primeira parte do romance. No decorrer deste início do livro, veremos a vida pequeno-burguesa de Paulo. É também ele quem narra a história. O modo de Paulo se expressar é muito parecido com o do próprio Cony, que li em inúmeras crônicas no jornal Folha de São Paulo neste início de século XXI. E, de fato, na época em que estava escrevendo o romance Cony estava completando quarenta anos.
A certa altura Paulo encontra seu amigo Silvio, que vai desafiá-lo a se engajar na luta armada contra o regime, luta esta que ainda era incipiente por volta de 1966, suposto tempo cronológico do romance.
E aí o leitor vai acompanhar o personagem principal em seu engajamento ou não.
É uma boa obra. A leitura flui, e a partir de determinado ponto, fica difícil largar o livro. O leitor quer logo saber o que acontece ao final. Talvez seja datado, no sentido de contar um tempo em que aderir à luta armada podia ser um gesto redentor. Ou não. Um tempo em que o socialismo parecia uma alternativa de organização social mais justo. Nesse sentido, este romance me remete para o já comentado por aqui, "Conversa na Catedral", embora também sejam obras bem diferentes. Talvez assunto para um outro texto.
Bom livro. Valeu a pena ter lido.

CONY, Carlos Heitor. Pessach, A Travessia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967.

11/11/2018.

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