Agora já sabemos quem matou Salomão Hayalla


Agora já sabemos quem matou Salomão Hayalla

 


E pelo desenrolar da trama sabemos também que o assassinato foi uma obra coletiva.
 

A mini-novela, ou macrossérie, "O Astro", "remake" de antiga novela de Janete Clair, nos anos 1970, terminou sexta-feira passada. Na verdade este "remake" foi uma nova história.

O fato de ser mais curta imprimiu um ritmo bem mais ágil à trama do que estamos acostumados a ver nas novelas tradicionais. Por outro lado, houve momentos em que o ritmo pareceu um pouco apressado demais.

E houve os momentos, alguns deles bastante constrangedores, do "merchandising", onde alguns personagens fugiam temporariamente da trama para anunciar as maravilhas dos produtos de uma rede de supermercados, ou dos automóveis de uma montadora.

E eu não sei se eu estava desacostumado a ver novelas, mas o tal ritmo fez com que alguns personagens soassem demasiadamente caricatos.Samir, por exemplo, o vilão-mor da história parecia um pouco uma mistura de Dick Vigarista e Coyote, sempre às voltas com planos para se dar bem, planos esses que na maioria dos casos não davam certo, ou eram adiados na hora "h".

Tivemos também a indecisa Amanda, que ora se juntava com Herculano Quintanilha, ora achava algum motivo forte para se separar, embora sempre achasse que ele era o homem da vida dela.

Esta macrossérie foi mais feliz que a versão original de mais de 30 anos atrás. Na versão original Jose morria junto com o bebê numa gravidez tubária. Nesta nova versão o filho dela com Márcio nasceu saudável.

Na versão da década de 1970, Amanda e Herculano acabavam separados. Agora acabaram juntos. Com o detalhe que ele consegue ressucitar após ser metralhado em um atentado político no país latino onde ele havia se tornado assessor do presidente após fugir do Brasil, por conta das falcatruas que havia feito por aqui.

A propósito, a jornada de Herculano para alguma ditadura latino-americana é outra homenagem à versão da década de 1970, quando o Brasil ainda vivia sob a ditadura militar. E também havia ditaduras militares na Argentina, no Uruguai, no Chile, Stroessner ainda reinava no Paraguai, a Bolívia ainda vivia sob a sombra de golpes e contragolpes, e os países do istmo centro-americano viviam em sua maioria sob ditaduras, ou em guerras civis. Eu diria que o país no qual Herculano se tornou assessor presidencial em 2011 é a Bolívia de 1978.
 

E houve esta peculiaridade dele, Herculano, ser assassinado num atentado nessa ditadura latino-americana, mas aparecer vivo, junto com Amanda e o filho deles na cena final da série.
 

E houve o esclarecimento do assassinato de Salomão Hayalla. Se não estou enganado, na novela original, o assassino foi Felipe Cerqueira. Agora foi uma obra coletiva. O mordomo colocou veneno no lugar dos remédios que Salomão normalmente tomava, ele estava cansado de ver o sofrimento que Salomão impingia a todos na casa; Yusef, o irmão de Salomão lhe deu uma coronhada na cabeça, porque Salomão havia chamada a mulher de Yusef de "árvore seca", incapaz de gerar filhos; e, por fim, Clô empurrou Salomão da sacada da mansão, pois ele havia internado compulsoriamente o filho de ambos, Márcio, numa instituição psiquiátrica. Pois é, com um bom advogado, Yusef pode pegar pena "apenas" por lesão corporal, mas quem finalizou o trabalho por assim dizer, foi mesmo Clô. Que confessou o assassinato num tom maléfico, que acabou ficando meio caricatural.

E, em geral, foi boa diversão.




01/11/2011.

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