Por Cima é Millôr - um registro


Eu costumo apresentar os livros de coletâneas em que participo, dizendo que, além de mim, o livro tem escritores bons. 

Pois agora posso falar com mais propriedade, sobre esta ainda recente coletânea. Fomos quinze cronistas, divididos em duas turmas de sete pessoas. O décimo quinto era o organizador, Rubem Penz. Havia a turma da happy hour, iniciando às 18h30min, e a turma da noite, iniciando às 20h. A coisa não era rígida, eventualmente esses horários eram "cruzados", gente da turma do happy hour na turma noite e vice-versa. 

Este livro, em homenagem ao escritor Millôr Fernandes, foi produzido de uma maneira que emulava a grande compilação "millôrica", "Millôr definitivo: A Bíblia do Caos", com cento e cinquenta crônicas curtas, em ordem alfabética, abarcando as vinte seis letras do alfabeto. 

Com essa organização, e com a divisão das turmas, eu não conhecia todos os textos que acabaram publicados. Só acabei de lê-los há poucos dias. 

E gostei bastante do que li. Eu já convivia com uma turma de cronistas humoristas: Gerson Kauer, Magnus Pilger, Rosane Levenfus e Tatiana Druck, mais a positividade de Renata Morsch, e certa meticulosidade de Jane Ulbrich. 

Cheguei a conviver com a dupla João Willy e Tom Saldanha, e também Felipe Basso, que algumas vezes fizeram serão em na turma da noite. Também fiquei a par da crônica Bunda, de Gabriela Guaragna, que foi como um impulso criativo para todos nós, no início da oficina para produção livro. Lendo o livro, pude perceber certa predileção de Ângela Puccinelli por crônicas sobre comida. E pude compartilhar dos olhares críticos de Maria Avelina Gastal e Patrícia Faccioni. 

Claro, tudo isso é minha visão subjetiva. 

E a formação do livro foi coalhada de afetos. Eu já havia participado de oficinas com Patrícia e Magnus. Já havia ido a sessões em que autografavam com Kauer, Basso, João, Tom, e Rosane. Descobri um muito bom livro de contos de Avelina (assunto para algum outro texto). 

Eu cheguei a oficina para formação deste livro algo indiferente e cético, por conta de não ter me classificado para a oficina masterclass do ano anterior, que havia homenageado o escritor Caio Fernando Abreu. 

Mas fiquei agradevelmente surpreso com todo o processo, e com o resultado final. Acho que é uma justa e digna homenagem a Millôr, um escritor que, como disse em algum momento o Tom, não era muito dado a homenagens. 

Sem ser cabotino, eis uma obra que merece ser lida, divulgada, presenteada. 

PENZ, Rubem (organizador). Por Cima é Millôr. Porto Alegre: Metamorfose, 2019. 

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24/01/2020.

Comentários

  1. José Alfredo, este foi um dos mais incríveis projetos editoriais da Santa Sede e, sem dúvida, és parte fundamental em seu êxito. Todos são: foi uma obra coletiva por excelência! Obrigado!

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