Um inventário pessoal da 62a Feira do Livro de Porto Alegre


Um inventário pessoal da 62a Feira do Livro de Porto Alegre


A Feira do Livro de Porto Alegre é um tema recorrente para mim. Desde que me tornei blogueiro sempre procuro falar algo a respeito desta feira de livros que acontece no início de novembro de cada ano.
A feira de 2016, a 62ª edição, teve um tamanho reduzido em relação a anos anteriores. Por exemplo, o espaço em frente ao antigo cinema Imperial não foi ocupado por conta das obras para o Centro Cultural da Caixa que estão sendo realizadas ali.
A área internacional contou com apenas quatro estantes que ficaram armadas dentro do Memorial do Rio Grande do Sul, o antigo prédio dos Correios. Além dessas estantes, também dentro do Memorial ficou a representação da região homenageada nesta edição da Feira, o arquipélago de Açores. Este ano, a Feira homenageou uma região em lugar de um país, como vinha sendo feito. Açores é uma "região autônoma" da República Portuguesa, e está bastante ligada por laços históricos à cidade de Porto Alegre. Acho que as crianças porto-alegrenses aprendem na terceira ou quarta série que casais de açorianos foram fundamentais na colonização do município que se tornou capital do Rio Grande do Sul.
A praça de alimentação, ao lado do Memorial, também estava acanhada, com algumas barracas de alimento, e o monopólio de bebidas da cervejaria Schin, com refrigerantes da linha Pepsi.
Contudo essa edição da Feira foi mais que especial para mim, por conta de minha primeira participação na condição de autor, ou, pelo menos, coautor. No caso, eu participei da coletânea de crônicas, "Santa Sede, Safra 2016 – Crônicas de Botequim", organizada pelo Rubem Penz. Houve um sarau no dia 7 de novembro, e uma sessão de autógrafos coletiva no Memorial. Eram nove cronistas, mais o Rubem. O livro já havia sido lançado no Bar Apolinário anteriormente, mas foi uma bela experiência estar, para usar um chavão, "do outro lado do balcão" numa sessão de autógrafos.
Essa experiência, mais o fato de ter participado da coletânea de contos "Metamorfoses", lançado também com sessão de autógrafos, em julho passado, me fez perceber com mais intensidade como existe um universo de escritores com público mais restrito, e livros com pequenas tiragens. Não porque suas obras sejam ruins, mas porque a luta pela atenção dos potenciais leitores é encarniçada, e quem conta com maior penetração nos meios de comunicação hegemônicos sai em vantagem.
Isso não vale apenas para o Rio Grande do Sul. Até o Nobel está apelando para esse tipo de expediente, haja visto a premiação de Bob Dylan como Nobel de Literatura em 2016.
A esse respeito, num dos primeiros dias da Feira esteve autografando um dos convidados internacionais, o escritor peruano Jeremias Gamboa. Final de tarde do dia 29 de outubro, sábado. Gamboa deve ter tido bem uns quinze leitores que lhe foram pedir autógrafos do deu livro "Contar Tudo". Ao seu lado, numa fila interminável, Adriana Calcanhoto, artista mais relacionada à música, autografava "Para que é que serve uma canção como esta?".
Estive em algumas sessões de autógrafos. A primeira foi esta já citada do Jeremias Gamboa e seu livro "Contar Tudo".
No sábado do final de semana seguinte, dia 5 de novembro, foi a tarde dos autores da Editora Metamorfose / WWLivros. Adquiri um livro de poesias de Mário Ulbrich, "Folhas ao Vento". Mário Ulbrich é um homem que descobriu sua vocação poética na maturidade. Se tornou poeta publicado após os 60 anos.
Também adquiri "Raidman", de Gilmar Delvan, meu colega no Curso de Formação de Escritores Metamorfose. Delvan foi a minha maior surpresa na praça de autógrafos. Dos livros que adquiri para serem autografados, a fila de autógrafos de Gilmar Delvan só perdeu para o do consagrado escritor Daniel Galera.
Nessa tarde de 5 de novembro, a fila interminável era para a cronista Martha Medeiros.
No dia seguinte houve a palestra "1999 não tem fim", de fato um bate-papo sobre a "newsletter", ou "fanzine-mail", "Cardosonline". Como foi dito, o Cardosonline foi como um blogue que circulou por emeio, antes que os blogues surgissem, com opiniões sobre diversos assuntos, contos, ensaios. Estavam palestrando André Czarnobai (o Cardoso propriamente dito), Daniel Galera, Daniel Pelizzari e Clarah Averbuck.
Depois da palestra, Galera, Pellizzari e Averbuck foram autografar seus livros. Eu adquiri "Meia-Noite e Vinte", de Galera, "Digam a Satã que o recado foi entendido", de Pellizzari, e "Toureando o Diabo", de Averbuck. Pellizzari e Averbuck tiveram relativamente poucos leitores querendo autógrafos. Já a fila para o autógrafo de Daniel Galera foi longa. Seria Galera uma espécie de celebridade do mundo da literatura?
Por fim, no dia 9, estive no Memorial para autógrafos da coletânea de contos da Oficina Literária do Luiz Antônio de Assis Brasil, "Onisciente Contemporâneo". Peguei o de Ana Luiza Tonietto Lovato, e de alguns outros contistas.
E houve uma sessão de autógrafos que eu gostaria de ter ido, mas não pude. Foi dia 1º de novembro, no Memorial, a sessão de "A Persistência do Amor", também organizado pelo Rubem Penz.
Enfim, uma Feira que foi diferente para mim.
Quanto a esses livros, na medida do possível vamos lendo. Na medida do possível, registrando aqui.


12/12/2016.

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