E-meio à Piauí


E-meio à Piauí


À redação da Revista Piauí,


Caros Senhores e Senhoras,

Estive reclamando dos conteúdos da revista nas edições de outubro e novembro de 2015, me perguntando, e perguntando a vocês, se a revista estaria dando uma guinada à direita, inclusive me questionando se valeria a pena continuar lendo a revista, que eu tinha por razoavelmente equilibrada, quiçá de centro-esquerda.


Pois bem, as edições de dezembro de 2015 e janeiro de 2016 me deixaram mais tranquilo.


Em especial gostei do artigo de André Singer, sobre o que ele mesmo chama de "lulismo" e seu aparente esgotamento, no final do primeiro Governo Dilma. Foi interessante inclusive a repercussão do artigo, com alguns leitores indignados. Em especial um chamado Wagner Tavares, de São Paulo, Capital: "texto ideológico, eivado de afirmações equivocadas e de informações falsas". Como me parece que André Singer apresentou uma série de dados para embasar seu texto, cheguei à conclusão que contra opiniões não há fatos que as possam contestar. André Singer levou 4 a 1 nas cartas dos leitores, mas os outros leitores que enviaram mensagens à redação para rechaçar Singer foram mais genéricos, parecendo mais torcida mesmo.


E gostei bastante do longo perfil de Rupert Murdoch, e do quadro do jornalismo britânico, traçado por Nick Davies. Interessante quando ele fala dos jornalistas que trabalham para Murdoch (sendo que a reportagem parte do casamento de Rebekah Brooks, editora ou ex-editora-chefe do The Sun): "Ninguém duvida da capacidade dos "droogs" (a maneira como Nick Davies se refere a esses jornalistas) de causar prejuízos políticos graves. Um jornal cínico que ataca um partido político - esteja ele no governo ou na oposição pode infundir o caos. Todos os debates se transformam em cisões, os problemas viram crises, as mudanças viram recuos, os reveses são humilhantes, os sucessos, ignorados. A agenda de notícias é tão adulterada que a qualquer momento o partido ou o governo se veem obrigados a voltar suas atenções para uma crise criada pelo jornal. Pode arruinar reputações, seja com notícias falsas, seja com verdadeiras." Li tudo isso e pensei: ainda bem que no Brasil a grande imprensa corporativa é equilibrada, objetiva e limpinha.


Então, senhores e senhoras, por enquanto pretendo continuar lendo a revista. Obrigado pelo seu conteúdo. De maneira geral é bom.

José Rodrigues
Porto Alegre - RS

02/02/2016.


P.S. Este e-meio não foi publicado na seção de cartas da revista.

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