Diário - cinema - O Regresso


Diário - cinema - O Regresso


"O Regresso" ("The Revenant", Estados Unidos, 2015) é um filme em que todos estão em guerra contra todos. Índios contra brancos, um grupo de índios contra outro grupo de índios, um grupo de brancos contra outro grupo de brancos, os indivíduos entre si do mesmo grupo, a natureza contra o homem, o homem contra a natureza (o homem até pode fazer parte da natureza, mas essa é outra discussão). De um ambiente assim, hostil ao extremo, só poderia resultar um filme triste e amargo, embora bom.


O filme conta a história de Hugh Glass, Oscar de melhor ator para Leonardo de Caprio (afinal!), um guia que deve liderar um grupo de peleteiros que foi atacado por índios, em direção à fortificação que lhes serve de base, no centro-norte dos Estados Unidos. Com ele está seu filho mestiço, de mãe índia.


Durante o trajeto ele é atacado por uma ursa que lhe dilacera as costas e a garganta, deixando-o muito debilitado. No extremo frio do inverno da região, ele acaba por se tornar um estorvo para o grupo, que se divide. Uma parte vai na frente e deixa três homens, John Fitzgerald (Tom Hardy) e Jim Bridger (Will Poulter), e o próprio filho de Glass, Hawk (Forrest Goodluck). Acontece que Fitzgerald trai Glass, e o deixa para trás, para morrer.


Contra todas as possibilidades, Glass vai sobreviver é ir atrás e Fitzgerald. Eis aí o nome do filme: "Revenant", que, pelo que pude ler, significa o retorno de alguém que havia sido dado por morto, ou mesmo o retorno de um fantasma que volta para atazanar os vivos. Ambas as coisas poderiam ser ditas de Glass nesse filme.


Há coisas que se destacam no filme. Por exemplo, o frio. Indo assistir o filme no calor do verão de Porto Alegre, no ar condicionado da sala de cinema, quase dá frio aquelas imagens carregadas de neve, chuva e gelo.


Outra coisa é esse estado constante de luta que falei no início. Os homens estão sempre lutando entre si, e contra a natureza. A própria sobrevivência de Glass é uma ilustração extrema disso.


Enfim, apesar do frio, e do sofrimento do protagonista, o filme tem uma fotografia deslumbrante.


Um longo, sofrido e bom filme.



05/03/2016.

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