Diário – teatro – Meretrizes


No dia 12 de fevereiro passado, uma quarta-feira, estive no Instituto Ling, nos altos de Petrópolis, próximo à Carlos Gomes, para assistir a peça, ou o espetáculo, Meretrizes. Eu chamaria de peça. Uma espécie de quase monólogo, que também pode ser visto quase como um documentário. 

Explico: o que chamo de quase monólogo é a performance da atriz Liane Venturella repetindo fatos acontecidos com diversas meretrizes a partir de pesquisa realizada pela equipe de produção do espetáculo. Venturella provavelmente também imite trejeitos das pessoas com quem ela teve contato durante essa pesquisa. Então, esses são relatos de causos acontecidos desde meados da década de 1980 até os dias deste século XXI no mundo da prostituição em Porto Alegre. É só quase um monólogo porque em cena está Catarina Domenicci, fornecendo uma trilha sonora ao vivo, e, interagindo umas poucas vezes com Liane Venturella. 

Entre um e outro causo performado, apareceram também depoimentos em vídeo de meretrizes falando de seus trabalhos. 

Então, todo trabalho, da performance aos depoimentos, fala dessa atividade: da iniciação, do casos anedóticos, dos constrangimentos, e, infelizmente, muitas vezes, da violência. 

Ao final do espetáculo, houve um bate-papo, em que o público pôde fazer perguntas a duas “profissionais” que compareceram ao palco, uma mais veterana chamada Soila Mar; a outra mais jovem chamada Paula Assunção. 

E foi isso. Um espetáculo para mostrar algo quase escondido, que muitas vezes muitas pessoas dizem que ofende a moral e os bons costumes; que quase todo mundo sabe que existe, mas que quase ninguém tem coragem de perguntar; e é sempre falado a boca pequena. 


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Liane Venturella e Catarina Domenicci em foto de Laura Testa vista no Matinal

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25, 26/02/2025.

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