300: A Ascensão do Império

300: A Ascensão do Império


Lá se vão algumas semanas desde que assisti o filme “300: A Ascensão do Império” (300: Rise of an Empire”, Estados Unidos, 2014). Fazia algum tempo que eu não achava um filme tão ruim.
Este novo filme, conta eventos anteriores, concomitantes e posteriores aos acontecimentos narrados na produção “300”, de 2007. O filme de 2007 já era mais baseado na história em quadrinhos de Frank Miller, que nos eventos históricos do século VI a.C. Supostamente narra a invasão da Grécia pelo Império Persa, nesse século, e mostra batalhas que se tornaram famosas, como a de Maratona e a de Salamina.
Como ficção histórica, o filme é muito mais ficção que História, muito mais ficção mesmo.
Impérios não são construídos e se expandem por desejos de vingança, como o filme induz em seu início, mas por conta do desejo de seus líderes de adquirir mais riqueza e poder. Foi por isso que os persas atacaram a Grécia, e foi por isso que mais tarde, a própria cidade-estado de Atenas formaria seu próprio império. Provavelmente nem Dario morreu como o filme mostra, nem Artemísia teve o tipo de infância e juventude narradas no filme.
A Grécia do século VI a.C. não era um estado como é hoje, era uma região onde habitavam povos com uma língua e uma cultura mais ou menos comum, onde havia diversas cidades-estado. Estas cidades-estado lutavam entre si, ou se aliavam umas às outras conforme a conveniência e a necessidade delas. E esta Grécia da Antiguidade abrangia tanto o que é a Grécia atual, quanto o oeste da região da Ásia Menor, onde hoje fica a Turquia. Cidades e soldados “gregos” foram aliados do Império Persa quando este avançou para o ocidente há 2.500 anos.
A ficcionalização extrema da história já é bastante ruim para o filme.
Mas pior mesmo é a inexpressividade dos atores principais do filme.
Não que a falta de expressão dos atores seja um impeditivo para bons filmes, ainda mais em filmes de ação, como é o caso aqui.
Mas em filmes de ação, normalmente atores inexpressivos não precisam recitar com frequência discursos nos quais eles mesmos não parecem acreditar.
Este é o caso do ator Sullivan Stapleton, que faz o papel do líder ateniense Temístocles. Duas ou três vezes durante o filme somos obrigados a ouví-lo falar em “democracia” e “liberdade”, como se estes conceitos fossem os mesmos em que a plateia está imersa. “Democracia” era algo que existia em Atenas, e em não muitas outras cidades gregas da época. Não existia em Esparta (na Esparta do rei Leônidas) por exemplo. A democracia de Atenas não incluía as mulheres, e admitia a escravidão. Depois de uns dois discursos de Stapleton-Temítocles, o espectador fica com vontade de levantar da cadeira e deixar a sessão de cinema.
Lena Headey, que faz a rainha de Esparta, viúva de Leônidas, também não ajuda. Seu papel cresce em relação ao filme anterior, e a personagem diminui, e se torna menos crível.
Rodrigo Santoro, como Xerxes, não se destaca, mas pelo menos não compromete.
Desta forma, no filme não sobra para ninguém a não ser para a francesa Eva Green, que faz o papel de Artemísia. Ela é a principal antagonista do filme, isto é, a personagem má. Mas quando ela aparece na tela, os demais atores somem. Assim, no meu caso, não restou nada além de torcer por ela, mesmo sabendo que os antagonistas não costumam terminar bem.
As cenas de ação não conseguem salvar o filme.
Assim, “300: A Ascensão do Império” é mais um daqueles filmes que o trailer é melhor que o filme em si.




02/04/2014.


Aqui, um comentário de outra pessoa que não gostou muito do filme...

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