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Auto-Escritor

"Amanhã tenho que passar na editora". São mais ou menos essas as palavras de Paulo, personagem de Carlos Heitor Cony, no livro "Pessach, A Travessia". Um escritor tendo um escritor como personagem é quase metalinguagem.  Mas frase veio recorrentemente à minha mente neste final de 2018.  Um motivo era que a Editora Metamorfose me pediu para retirar os volumes a que teria direito, por conta da antologia "Palavras de Quinta", publicada num sistema de compartilhamento de custos.  Quase simultaneamente, tinham acabado os volumes que eu tinha comigo, de outra antologia em que participei, a "Santa Sede 7, Crônicas de Botequim" (2016) , e entrei em contato com a Editora Buqui, para adquirir mais, já que os autores participantes da antologia podem comprá-los com um bom desconto.  E, de repente, no meio dessas necessidades, acabei realmente por me sentir um escritor. Alguém que já teve textos publicados em livro. Foram três antologias até agora. A...

Mais alguns de nossos mortos – setembro e outubro de 2025

Eu era criança na década de 1970 e tinha a percepção de meu pai em estado taciturno. Abatido.  Penso nos dias em que ele soube da morte de Lupicínio Rodrigues (1914-1974) e, tempos depois, de Orlando Silva (1915-1978). Dou-me conta agora que esses artistas nasceram pouco antes do meu pai. O velho é de 1916.  O que pensava o meu pai? Não sei. Agora posso ver o que sinto. Sempre me dá uma tristeza, pequena ou grande, quando algum grande artista ou alguma personalidade que marcou época se vai. Têm sido tantos. E parece que cada vez mais.  Robert Redford foi O Galã, se podemos simplificar muito. Parceiro de Paul Newman em Butch Cassidy & Sundance Kid; e de Dustin Hoffman em Todos os Homens do Presidente; filmes que, curiosamente, ou não vi ou não lembro se vi, o que dá no mesmo. Mas lembro que marcou minha adolescência um filme que ele dirigiu, Gente como a gente. Uma das primeiras vezes na minha vida em que eu havia lido o livro que deu origem ao filme. E, claro, o vi em...

Notas de um final de semana movimentado em fins de setembro de 2025 (III): diário – show – No Te Vá Gustar

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Na noite de 27 de setembro de 2025 eu estive no Auditório Araújo Vianna, aqui em Porto Alegre, para assistir o show da banda de pop rock uruguaia No Te Vá Gustar.  Não estava frio como estivera na noite anterior, mas a previsão era de chuva para aquela noite.  No Te Vá Gustar é uma banda liderada por Emiliano Brancciari, que está em atividade desde os anos 1990. Eles têm carreira consolidada na bacia do Prata, me parece, e têm vindo com certa regularidade a Porto Alegre. Lembro de um show há dois ou três anos, no Bar Opinião. Não fui a esse show porque cheguei a uma idade em que não quero mais passar duas horas em pé na pista.  Não sei se a banda veio por conta de algum álbum novo. Acompanhei nos softwares de áudio sob demanda um show gravado em Buenos Aires em 2025, mas não me vejo em condições de dizer que esta apresentação porto-alegrense espelhou a gravação portenha.  O Araújo esteve cheio, embora não lotado. Muitas bandeiras uruguaias entre o público. Imagino qu...

Notas de um final de semana movimentado em fins de setembro de 2025 (II): sessão de autógrafos – Hospitalares, de Edgar Aristimunho

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No final da tarde de sábado, 27 de setembro de 2025, eu estive no espaço Mosaico Cultural, ali na Travessa Octávio Corrêa, 39, na Cidade Baixa, aqui em Porto Alegre, para o lançamento do livro Hospitalares, de Edgar Aristimunho. Aristimunho recebeu seus leitores, autografou uns quantos exemplares do livro e posou para fotos várias.  O livro nasceu após problemas de saúde levarem Aristimunho a uma internação de alguns (vários?) dias em um hospital porto-alegrense. São registros, divagações, reflexões, talvez até pirações de um homem que enfrenta uma situação limite.  Infelizmente não pude ficar muito tempo, mas valeu ter ido. Um Mosaico Cultural cheio já indica o sucesso da iniciativa.   . Edgar Aristimunho autografando o meu exemplar de Hospitalares . 04, 09/10/2025. 

Notas de um final de semana movimentado em fins de setembro de 2025 (I): diário – show – AnaVitória

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Na noite de 26 de setembro de 2025 eu estive no Auditório Araújo Vianna, aqui em Porto Alegre, para assistir o show do duo AnaVitória. As jovens estão em turnê divulgando seu álbum Esquinas.  Era uma noite mais fria do que eu poderia esperar para o final de setembro. Ainda havia um vento bem desagradável. Mas tudo bem, eu estava suficientemente agasalhado. Não era o caso de muitas das fãs da dupla, com roupas leves, levíssimas às vezes.  Sim, a maioria do público de AnaVitória é composto de mulheres adolescentes e jovens. Eu estimaria que elas foram dois terços da audiência que lotou o Araújo naquela noite.  As cantoras compositoras foram acompanhadas por um grupo com guitarra, baixo elétrico, bateria, piano eletrônico e o sopro de metais.  No setlist canções do álbum Esquinas, como Se eu usasse sapato,  Minto pra quem perguntar e Quero contar pra São Paulo; do álbum Amarelo, azul e branco – interpretaram a canção homônima; e a já clássica Lisboa / Lisboa-Madrid...

Asma

Do grego ásthma , que significa falta de ar. Pois é. Simples assim.  Conhecida desde a Antiguidade – Hipócrates já teria se referido a ela –, a asma é uma doença crônica dos pulmões, junto com inflamação nos brônquios. Costuma acometer crianças, daí o incentivo à prática de esportes na infância para melhorar a respiração e diminuir a inflamação pulmonar. Muitas vezes os sintomas diminuem na idade adulta e retornam na velhice, mas cada caso é um caso.  Pessoas conhecidas foram portadoras de asma. Não, elas não eram conhecidas por serem portadoras de asma. Mas, enfim, portadores de asma foram Machado de Assis, Graciliano Ramos, Che Guevara, Otto Lara Resende.  Tive um amigo, colega de aula, que queria ser oficial da reserva do Exército, nos anos 1980. Ele se empenhou e passou nos testes físicos e intelectuais para alcançar seu objetivo. Foi engajado. Porém ainda era asmático aos dezoito anos. Durante uma daquelas jornadas de treinamento, com caminhadas de quilômetros com vi...

Gatinho

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O gato era cinza. E branco. Mais cinza do que branco.  Era um filhote então. Um gatinho. Foi adotado por uma senhora no outono da vida.  Ou, talvez, no inverno da vida.  Para completar o clichê, talvez, uma solteirona que criava gatos. Só no outono de sua vida, aí sim, passou a acolher os felinos. O gato foi tomada por uma gata. Recebeu nome de personagem feminina da novela das oito. Nome esse já esquecido. Um exame mais detalhado constatou: não era uma gata. Um gatinho. Gatinho, o nome ficou. Gatinho, o nome, ficou. Um dia, a dona do Gatinho foi afligida por dores.  Dores no abdômen, dores nas costas. Consulta daqui, pesquisa dali, perscruta acolá, e chegou-se a um diagnóstico. O pâncreas tinha um tumor. E nove meses depois, um tumor no pâncreas levou a dona do Gatinho. Que foi herdado pela ex-cunhada da falecida dona. E foi bem tratado pela ex-cunhada da falecida dona. E ali até viveu bem. Uma vez fugiu. Mas voltou dois dias depois. Ali até viveu bem. Contudo houve...

Agora oficialmente: eis a primavera de 2025

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Pata de vaca, tá sabendo? Não, não falo das patas da bovina. Fala da planta. Da árvore de pequeno porte. Ou, pelo menos, as que tenho visto são de pequeno porte. Um metro, um metro e meio, no máximo uns quatro metros de altura. O nome é por conta do formato das folhas, que, de fato, lembram patas de vaca, ou de boi. Pois então, as patas de vaca estão em pleno florescimento por estes dias. Encontro-as com flores brancas e flores cor de rosa na região em que moro. Uma beleza. Embora os filamentos nessas flores me lembrem a boca do predador. Sim, aquele alienígena do cinema, cujo primeiro filme estreou lá por 1987, e esse predador era o antagonista de Arnold Schwarzeneger. Ainda assim as flores da pata de vaca são uma beleza. Parece elas que vão sucedendo os ipês-rosas, cujo auge da floração se deu há alguns dias. Ainda há flores de ipês-rosas por aqui, mas elas estão diminuindo. Esses ipês estão substituindo a sua floração por folhas.  Quem também parece suceder os ipês-rosas, são os...