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Auto-Escritor

"Amanhã tenho que passar na editora". São mais ou menos essas as palavras de Paulo, personagem de Carlos Heitor Cony, no livro "Pessach, A Travessia". Um escritor tendo um escritor como personagem é quase metalinguagem.  Mas frase veio recorrentemente à minha mente neste final de 2018.  Um motivo era que a Editora Metamorfose me pediu para retirar os volumes a que teria direito, por conta da antologia "Palavras de Quinta", publicada num sistema de compartilhamento de custos.  Quase simultaneamente, tinham acabado os volumes que eu tinha comigo, de outra antologia em que participei, a "Santa Sede 7, Crônicas de Botequim" (2016) , e entrei em contato com a Editora Buqui, para adquirir mais, já que os autores participantes da antologia podem comprá-los com um bom desconto.  E, de repente, no meio dessas necessidades, acabei realmente por me sentir um escritor. Alguém que já teve textos publicados em livro. Foram três antologias até agora. A...

Veronica Electronica, Madonna, Ray of Light

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Cara doutora, Recentemente li em algum caderno cultural, provavelmente na Folha de São Paulo, sobre o lançamento do álbum Veronica Electronica, da Madonna. Se trata da remixação (será que usei certo “remixação”?) de um conjunto de canções do álbum Ray of Light, que a artista lançou em 1998.  Uau! 1998! Lá se foram 27 anos.  Pelo que me lembro da reportagem, a ideia do álbum de remixes já vinha de 1998, mas Ray of Light fez tanto sucesso, vendeu tantas cópias, que esse álbum de remixes foi sendo adiado. Saiu agora.  Fico me perguntando sobre o motivo do nome Veronica Electronica. A parte “Electronica” do nome é bastante óbvia, ligando-o com a música eletrônica, aquela feita basicamente para chacoalhar o esqueleto em clubs e raves. Veronica é mais difícil. Há uma certa Santa Verônica de Jerusalém , relatada em hagiografias, embora não nos Evangelhos Canônicos. A sonoridade desse nome me faz pensar em vera, vero, verdadeiro, verdadeira. Será? Enfim, isso é só assuntinho....

Sobre obituários e macróbios

Diz o amigo Ed que sou o cara que lê obituários. E, de fato, leio.  E os obituários que acho mais fascinantes são os das pessoas centenárias.  Por exemplo, a Dona Maria José Gomes  faleceu em 26 de março passado, aos 111 anos. A manchete de seu obituário nos informa que ela atribuía sua longevidade ao fato de não ter tido marido. E no decorrer dos fragmentos biográficos expostos, podemos dizer que nem marido, nem filhos. Mas teve sobrinhos e sobrinhas e netos por afetividade. Foi professora e bordadeira.  Outra pessoa, acho que a que mais impressionou com os fiapos de biografia em seu obituário foi Dona Carmen Bobbio Guasti .  Ela faleceu em 28 de junho passado, aos 103 anos de idade. Nascida em 1920, na Itália, mudou-se com a família para a Líbia, durante a dominação italiana da região. O pai era general do exército. Nesse período desfrutou do fato de ser parte da elite que dominava a então colônia, e ficamos sabendo que ela frequentava bailes, e, após os baile...

Diário – leituras – Talvez você deva conversar com alguém

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Talvez você deva conversar com alguém. Eis um livro interessante. Ele tem um subtítulo assim: Uma terapeuta, o terapeuta dela e a vida de todos nós. Poderíamos dizer que é um relato que uma terapeuta, a autora, faz de uma série de casos de seus pacientes, e também o relato que ela faz sobre como ela mesma precisou procurar um psicoterapeuta. Mas há um grande porém aí. Uma psicoterapeuta não pode escrever livros relatando os casos de seus pacientes. Seria uma quebra de sigilo ético. Dessa forma, ela precisou trocar nomes, por exemplo. Além disso, ela mesma relata na, digamos, metodologia para a escrita do livro, que ela juntou alguns casos em uma mesma pessoa. Então também podemos pensar que este é um bom livro para refletirmos sobre as questões de fato e de ficção, ou de literatura e de história. Acho que devemos pensar que Lori Gottlieb conta histórias mais ou menos baseadas em fatos reais. Falar nisso me faz pensar na escritora Svetlana Alexievich, Nobel de Literatura. Contudo os rel...

Preta Gil, Mário Pirata, Ozzy Osbourne: a vida é sopro

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De fato eu conheço pouco da obra Preta Gil. Tudo que eu sabia era que ela era uma das filhas de Gilberto Gil, e uma figura midiática. Era fácil ver participações dela em programas de variedades televisivos e na internet. Ultimamente tivemos a notícia do desenvolvimento de um câncer de intestino e sua luta contra a doença aconteceu em praça pública.  Apesar de eu viver em Porto Alegre, conheço ainda menos a respeito de Mário Pirata. Mário Augusto Franco de Oliveira, o Mário Pirata, era um poeta e um ativista cultural, com atuação importante na cidade desde os anos 1980.  Ozzy Osbourne é mundialmente conhecido. Primeiro como membro da banda Black Sabbath, depois como cantor solo. Na maturidade chegou a participar de um reality show televisivo mostrando a sua vida.  Estas três pessoas nos deixaram nos últimos dias. Preta Gil e Mário Pirata no domingo, 20 de julho. Ozzy Osbourne na terça, 22. Em poucos dias dezenas, milhares, milhões de fãs ficaram desamparados. Seus ídolos s...

Diário – Sarau Santa Sede Masterclass (ou Master Class) 2025 – Intromissivas, homenagem a Otto Lara Resende

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Na quarta-feira, 23 de julho, aconteceu o Sarau da Oficina Literária Santa Sede. Este ano a tradicional masterclass (ou master class) da Oficina homenageia o escritor Otto Lara Resende (1922-1992). O evento aconteceu no Mosaico Cultural, ali na Octávio Corrêa, na Cidade Baixa, aqui em Porto Alegre.  A dinâmica do sarau foi a seguinte: o Rubem Penz, organizador da Oficina, lia os perfis biográficos das participantes da masterclass, e cada oficineira lia a crônica que havia levado. As participantes neste ano são Carmen Gonzalez, Carol Anversa, Helena Corso, Idiana Luvison, eu, José E. Rodrigues, Marcia Ribeiro, Maria Lucia Meireles, Silvia Rolim e Vivi Intini. O próprio Rubem também participa da Oficina e do livro. Livro esse que deverá ser publicado entre o final de outubro e o início de novembro próximos.  O Mosaico esteve bem cheio com os amigos e parentes das oficineiras que compareceram.  Agora é aguardar o lançamento do livro.  . Rubem Penz, organizador da Oficin...

Diário – show – Sambada Coco Maracá

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No dia 19 de julho passado, um sábado, eu estive no Bar Macunaíma, ali na República, Cidade Baixa, aqui em Porto Alegre. A ideia era comemorar o aniversário da amiga Andrea Ferreira. Aliás, a amiga com esse nome de origem portuguesa resolveu fazer uma espécie de kerb, aquelas festas alemãs que duram dias. Ela se dispôs a comemorar seu aniversário nos dias 18 de julho, sexta-feira,  no Bar Matita Perê, onde houve um show da banda Tribo Brasil; e 19, o sábado que refiro aqui, no Macunaíma, onde houve o show do grupo Sambada Coco Maracá . Parece-me que a ideia da Andrea era assistir os respectivos shows. A minha própria ideia era ter ido mesmo na sexta-feira, mas tive contratempos e não foi possível. Então. Nessa noite de sábado no Macunaíma houve o show do Sambada Coco Maracá, um grupo que divulga o samba de coco, um ritmo parente do samba que costumamos associar ao Rio de Janeiro. O samba de coco tem origem afroindígena e lembra cantigas de roda. Eu me lembrei de certas gravações de...

Diário – leituras – A Era dos Dogmas e das Dúvidas

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Para mim, ler esse livro foi um pouco como voltar ao passado. Li os livros anteriores desta série de Justo L. González lá por meados dos anos 1980, quando eu era jovem, e um crente evangélico engajado. A série de livros se propõe a contar a História do Cristianismo desde o tempo dos apóstolos de Jesus até meados do século XX. O autor tem um estilo fluente, e os volumes contam com diversas ilustrações.  Este volume 8 fala sobre a evolução do cristianismo durante os séculos XVII e XVIII. O foco está na Europa e Estados Unidos. Falar sobre 200 anos de história em 200 páginas é sempre fazer muitas escolhas. Por exemplo, ao falar das agitações na Inglaterra que levaram à execução do rei Charles I, na metade do século XVII, o autor dedica apenas uma página ao líder puritano Oliver Cromwell. Cromwell é uma figura importante da história inglesa; há biografias e biografias sobre ele. Mas, como eu disse, um historiador precisa fazer escolhas sobre o que contar, e González faz.  Este liv...