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Mostrando postagens de outubro, 2025

Diário – leituras – Prelúdio de Sangue

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Tudo começou em um balaio de ofertas na Feira do Livro de Porto Alegre de 2024. Não lembro de qual livraria. Certamente um sebo. Vi nesse balaio alguns volumes dessa saga, que conta de maneira romantizada, as vidas e as cortes da casa real inglesa, os Plantagenetas, a partir de meados do século XII, na chamada Baixa Idade Média.  Contudo o livro se inicia com Eleonore de Aquitânia. A Aquitânia era um ducado que ficava no sudoeste de onde atualmente é a França. E o livro vai terminar com o rei Henrique II, da Inglaterra, o primeiro rei Plantageneta.  O livro, de fato, essa série de livros, é baseada em fatos históricos acontecidos há quase novecentos anos. Mas acho que não devemos tomar o que é narrado ali como História, pois, afinal é vendido como ficção, romantização.  Pensando em termos técnicos de literatura, o narrador, ou a narradora, é onisciente. Quem conta a história sabe o que acontece dentro da cabeça das personagens.  A autora usa muito diálogos para conta...

Sem lugar tranquilo

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José chegou ao bar desacorçoado.  Quando ele chegou,  eu e Marcos já estávamos ali.  Ele havia nos enviado mensagem informando a questão. Seu carro foi arrombado enquanto ele precisou ir na farmácia. Muitos remédios, farmácia cheia, talvez 45 minutos lá.  “É, João. Uns 45 minutos foi o suficiente para algum vagabundo quebrar um vidro, abrir a porta, invadir o carro, roubar o estepe e ir embora. Em uma travessa da Protásio, no bairro Santa Cecília. Área nobre e residencial. Início de noite de primavera. Até então era um início de noite agradável.” “Sim, sei. Já aconteceu comigo. Já te falei daquela vez que roubaram dois pneus do meu carro e o deixaram apoiado em tijolos, né?” Marcos olhou para um e para o outro de nós e retornou sua atenção para o celular.  “É, João. Sim, tu contou. Também não foi a primeira vez que aconteceu comigo. Já tinham roubado um estepe meu lá perto de casa. Mas é uma região mais afastada. E era tarde da noite. Outra vez invadiram uma vel...

Diário – show – Guto Leite, O Escafandrista: Poesia e Canção

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No dia 14 de outubro de 2025, uma terça-feira, eu estive no Teatro Túlio Piva, ali na Rua da República, na Cidade Baixa, aqui em Porto Alegre, para assistir o show O Escafandrista: Poesia e Canção, de Guto Leite.  O espetáculo consistiu em Guto cantar canções de sua autoria, entreameado pela declamação de poesias, também de sua autoria. A notável exceção de obra de outro compositor no repertório foi a música Futuros Amantes, de Chico Buarque. Futuros Amantes, que em sua letra fala em escafandristas. Muito afim com a temática do show. Sim era um show temático, e o título dá uma dica do tema.  Thomás Werner acompanhou Guto Leite com guitarras, violões e dispositivos eletrônicos com repetições e ritmo.  Foi um bom show, de artistas talentosos. Bem estruturado. Diria que serviria a produzir um álbum, com a exata ordem de canções e poemas apresentados. Se é que isso já não está disponível nos serviços de áudio sob demanda, ou como se diz em bom português brasileiro, streamings...

Outubro antigamente era assim

Antigamente outubro era assim. Antigamente era nos anos 1990.  Começava com o aniversário do Lucas, o filho de um casal de amigos nossos, no dia 5.  Dia 11 era o aniversário do Emanuel, meu filho. Que por uma bela coincidência nasceu no mesmo dia que o bisavô dele. Com 94 anos de diferença entre eles. Emanuel só sabe de seu bisavô por vagas memórias e umas poucas fotos.  Depois, dia 16, era o aniversário da minha cunhada Siloni. Melhor que chamar cunhada é o termo em inglês, sister-in-law, isto é, irmã na lei.  Dia 17 era o aniversário da Sula, a mãe do Lucas.  E dia 20 era o aniversário da Lúcia, a minha irmã. De sangue. Em grande parte também uma espécie de mãe.  Eu sempre pensei essa profusão de aniversários em outubro como um determinismo biológico. Esses primatas gerando suas crias para nascerem na primavera.  Também não descarto que haja uma confluência astral para que haja um monte de gente nascida sob o signo de libra.  Quando comentei ess...

Diário – leituras – Embarque imediato

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Tenho o costume de ler um livro e, depois, comentar sobre a leitura, fazer um registro. Também tenho o costume de demorar algum tempo entre o final da leitura e escrever o registro. No caso deste livro é ainda um pouco mais complicado.  Este livro, Embarque imediato, é uma coletânea de seis relatos de viagem, feitos pelos autores, após participarem de uma oficina literária para criar relatos de viagem. A oficina foi organizada por Zizo Asnis. As autoras e autores são Cris Ribeiro Marques, Isabella Guerra, Lígia Rosso, Marcel Souza, Sônia Friedrich Maus e Wesley Faraó Klimpel.  Adquiri o livro do meu colega de inúmeras oficinas literárias de crônicas, e amigo, Marcel Souza. E isso foi lá por fins de 2022. Logo que comprei o livro, li o relato que ele escreveu sobre suas andanças pela Rússia durante a Copa do Mundo de Futebol de 2018.  Depois o livro ficou encostado na pilha de livros a serem lidos.  Acho que resolvi retomar a leitura e ler os outros relatos, impulsion...

Mais alguns de nossos mortos – setembro e outubro de 2025

Eu era criança na década de 1970 e tinha a percepção de meu pai em estado taciturno. Abatido.  Penso nos dias em que ele soube da morte de Lupicínio Rodrigues (1914-1974) e, tempos depois, de Orlando Silva (1915-1978). Dou-me conta agora que esses artistas nasceram pouco antes do meu pai. O velho é de 1916.  O que pensava o meu pai? Não sei. Agora posso ver o que sinto. Sempre me dá uma tristeza, pequena ou grande, quando algum grande artista ou alguma personalidade que marcou época se vai. Têm sido tantos. E parece que cada vez mais.  Robert Redford foi O Galã, se podemos simplificar muito. Parceiro de Paul Newman em Butch Cassidy & Sundance Kid; e de Dustin Hoffman em Todos os Homens do Presidente; filmes que, curiosamente, ou não vi ou não lembro se vi, o que dá no mesmo. Mas lembro que marcou minha adolescência um filme que ele dirigiu, Gente como a gente. Uma das primeiras vezes na minha vida em que eu havia lido o livro que deu origem ao filme. E, claro, o vi em...

Notas de um final de semana movimentado em fins de setembro de 2025 (III): diário – show – No Te Vá Gustar

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Na noite de 27 de setembro de 2025 eu estive no Auditório Araújo Vianna, aqui em Porto Alegre, para assistir o show da banda de pop rock uruguaia No Te Vá Gustar.  Não estava frio como estivera na noite anterior, mas a previsão era de chuva para aquela noite.  No Te Vá Gustar é uma banda liderada por Emiliano Brancciari, que está em atividade desde os anos 1990. Eles têm carreira consolidada na bacia do Prata, me parece, e têm vindo com certa regularidade a Porto Alegre. Lembro de um show há dois ou três anos, no Bar Opinião. Não fui a esse show porque cheguei a uma idade em que não quero mais passar duas horas em pé na pista.  Não sei se a banda veio por conta de algum álbum novo. Acompanhei nos softwares de áudio sob demanda um show gravado em Buenos Aires em 2025, mas não me vejo em condições de dizer que esta apresentação porto-alegrense espelhou a gravação portenha.  O Araújo esteve cheio, embora não lotado. Muitas bandeiras uruguaias entre o público. Imagino qu...

Notas de um final de semana movimentado em fins de setembro de 2025 (II): sessão de autógrafos – Hospitalares, de Edgar Aristimunho

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No final da tarde de sábado, 27 de setembro de 2025, eu estive no espaço Mosaico Cultural, ali na Travessa Octávio Corrêa, 39, na Cidade Baixa, aqui em Porto Alegre, para o lançamento do livro Hospitalares, de Edgar Aristimunho. Aristimunho recebeu seus leitores, autografou uns quantos exemplares do livro e posou para fotos várias.  O livro nasceu após problemas de saúde levarem Aristimunho a uma internação de alguns (vários?) dias em um hospital porto-alegrense. São registros, divagações, reflexões, talvez até pirações de um homem que enfrenta uma situação limite.  Infelizmente não pude ficar muito tempo, mas valeu ter ido. Um Mosaico Cultural cheio já indica o sucesso da iniciativa.   . Edgar Aristimunho autografando o meu exemplar de Hospitalares . 04, 09/10/2025. 

Notas de um final de semana movimentado em fins de setembro de 2025 (I): diário – show – AnaVitória

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Na noite de 26 de setembro de 2025 eu estive no Auditório Araújo Vianna, aqui em Porto Alegre, para assistir o show do duo AnaVitória. As jovens estão em turnê divulgando seu álbum Esquinas.  Era uma noite mais fria do que eu poderia esperar para o final de setembro. Ainda havia um vento bem desagradável. Mas tudo bem, eu estava suficientemente agasalhado. Não era o caso de muitas das fãs da dupla, com roupas leves, levíssimas às vezes.  Sim, a maioria do público de AnaVitória é composto de mulheres adolescentes e jovens. Eu estimaria que elas foram dois terços da audiência que lotou o Araújo naquela noite.  As cantoras compositoras foram acompanhadas por um grupo com guitarra, baixo elétrico, bateria, piano eletrônico e o sopro de metais.  No setlist canções do álbum Esquinas, como Se eu usasse sapato,  Minto pra quem perguntar e Quero contar pra São Paulo; do álbum Amarelo, azul e branco – interpretaram a canção homônima; e a já clássica Lisboa / Lisboa-Madrid...

Asma

Do grego ásthma , que significa falta de ar. Pois é. Simples assim.  Conhecida desde a Antiguidade – Hipócrates já teria se referido a ela –, a asma é uma doença crônica dos pulmões, junto com inflamação nos brônquios. Costuma acometer crianças, daí o incentivo à prática de esportes na infância para melhorar a respiração e diminuir a inflamação pulmonar. Muitas vezes os sintomas diminuem na idade adulta e retornam na velhice, mas cada caso é um caso.  Pessoas conhecidas foram portadoras de asma. Não, elas não eram conhecidas por serem portadoras de asma. Mas, enfim, portadores de asma foram Machado de Assis, Graciliano Ramos, Che Guevara, Otto Lara Resende.  Tive um amigo, colega de aula, que queria ser oficial da reserva do Exército, nos anos 1980. Ele se empenhou e passou nos testes físicos e intelectuais para alcançar seu objetivo. Foi engajado. Porém ainda era asmático aos dezoito anos. Durante uma daquelas jornadas de treinamento, com caminhadas de quilômetros com vi...