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Mostrando postagens de setembro, 2025

Gatinho

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O gato era cinza. E branco. Mais cinza do que branco.  Era um filhote então. Um gatinho. Foi adotado por uma senhora no outono da vida.  Ou, talvez, no inverno da vida.  Para completar o clichê, talvez, uma solteirona que criava gatos. Só no outono de sua vida, aí sim, passou a acolher os felinos. O gato foi tomada por uma gata. Recebeu nome de personagem feminina da novela das oito. Nome esse já esquecido. Um exame mais detalhado constatou: não era uma gata. Um gatinho. Gatinho, o nome ficou. Gatinho, o nome, ficou. Um dia, a dona do Gatinho foi afligida por dores.  Dores no abdômen, dores nas costas. Consulta daqui, pesquisa dali, perscruta acolá, e chegou-se a um diagnóstico. O pâncreas tinha um tumor. E nove meses depois, um tumor no pâncreas levou a dona do Gatinho. Que foi herdado pela ex-cunhada da falecida dona. E foi bem tratado pela ex-cunhada da falecida dona. E ali até viveu bem. Uma vez fugiu. Mas voltou dois dias depois. Ali até viveu bem. Contudo houve...

Agora oficialmente: eis a primavera de 2025

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Pata de vaca, tá sabendo? Não, não falo das patas da bovina. Fala da planta. Da árvore de pequeno porte. Ou, pelo menos, as que tenho visto são de pequeno porte. Um metro, um metro e meio, no máximo uns quatro metros de altura. O nome é por conta do formato das folhas, que, de fato, lembram patas de vaca, ou de boi. Pois então, as patas de vaca estão em pleno florescimento por estes dias. Encontro-as com flores brancas e flores cor de rosa na região em que moro. Uma beleza. Embora os filamentos nessas flores me lembrem a boca do predador. Sim, aquele alienígena do cinema, cujo primeiro filme estreou lá por 1987, e esse predador era o antagonista de Arnold Schwarzeneger. Ainda assim as flores da pata de vaca são uma beleza. Parece elas que vão sucedendo os ipês-rosas, cujo auge da floração se deu há alguns dias. Ainda há flores de ipês-rosas por aqui, mas elas estão diminuindo. Esses ipês estão substituindo a sua floração por folhas.  Quem também parece suceder os ipês-rosas, são os...

Diário – show – Gilberto Gil, Tempo Rei

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No dia 6 de setembro passado, um sábado, eu estive no Estádio Beira-Rio, aqui em Porto Alegre, para ver o show da turnê de despedida dos palcos de Gilberto Gil, chamado Tempo Rei.  Foi um show muito aguardado por mim. Comprei os ingressos em abril. Tive certa ansiedade porque o provedor dos ingressos fez a venda pelo aplicativo no celular, e esses ingressos só foram disponibilizados no próprio dia do show.  Foi um espetáculo que mexeu com a cidade. Encontrei uma amiga no acesso às cadeiras, de onde eu assistiria o show. Depois vi fotos de pessoas amigas e conhecidas nas redes sociais da internet. Cerca de uma hora antes do show, o acesso ao estádio pela Avenida Borges de Medeiros estava congestionado. Talvez trinta mil pessoas tenham comparecido. É bastante mas havia lugar para muito mais. Uma pena, pois acho que esse show deveria ter sido visto por mais gente. O único local que pareceu lotado ou quase foi a pista premium. A pista comum tinha muito espaço disponível. O anel su...

Silvio Tendler, Angela Ro Ro

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Em certos momentos eu me sinto como um escritor de obituários. Nas últimas duas semanas isso ficou bem acentuado. Em uma semana escrevi sobre Luis Fernando Verissimo , e na semana seguinte escrevi sobre Mino Carta . Ainda bem que, além dos obituários, também escrevi sobre a primavera de 2025 chegando  e sobre futebol americano .  Infelizmente sempre tem gente que faz parte das nossas lembranças, do nosso imaginário, morrendo o tempo todo.  Não escrevo, por exemplo, sobre o cartunista Jaguar ou o músico Hermeto Pascoal, não porque não sejam importantes. Foram. Mas não estão inseridos de forma inescapável dentro da minha vida, como as pessoas das quais comento e lamento o falecimento, como acontece neste momento.  Por esses dias morreram mais duas pessoas inescapáveis.  Silvio Tendler (1950-2025) foi um cineasta. Documentarista. Documentários não costumam ser as obras cinematográficas mais vistas, mas Tendler foi bastante bem sucedido nessa área. No início da minh...

Novamente: é uma partida de futebol!

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Dia 5 de setembro passado aconteceu pela segunda vez no Brasil, de fato pela segunda vez no hemisfério sul do planeta, uma partida da Liga Nacional de Futebol – National Football League, NFL para os íntimos, o campeonato daquele futebol praticado nos Estados Unidos. O jogo envolveu as equipes do Kansas City Chiefs e do Los Angeles Chargers.  Quando houve pela primeira vez um jogo desses no Brasil, eu comentei por aqui . Tentei explicar que o jogo não é uma sucessão de violências, embora possa dar essa impressão à primeira vista. Lembrei como acabei por gostar do jogo, que comecei a acompanhar já faz vários anos através da TV por assinatura.  NFL é uma espécie de confederação formada pelas suas duas conferências, a Conferência Americana – AFC, “American Football Conference”, e a Conferência Nacional – NFC, National Football Conference”. Se o jogo de 2024 foi entre duas equipes da NFC, o deste ano foi entre equipes da AFC.  E o jogo, novamente realizado no Estádio do Corint...

Em uma semana Luis Fernando Verissimo, na outra Mino Carta

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Lá se vão quatro anos desde que lamentei as mortes de Tarcísio Meira e Paulo José em um texto neste blogue . Estávamos então no segundo ano da peste, isto é, da pandemia de covid-19.  Pois agora por esses dias vamos nos despedindo de mais pessoas. Ou, pelo menos, eu vou me despedindo. Faz uma semana, comentei e lamentei o falecimento do escritor Luis Fernando Verissimo.  Dias depois veio a notícia da morte do jornalista Mino Carta.  Tornei-me intelectualmente próximo de Mino Carta entre o final do século passado e o início deste século XXI. Foi quando assinei por um tempo sua revista de notícias, a CartaCapital. Não lembro se quando eu assinei a revista sua periodicidade ainda era quinzenal, ou se já havia passado a ser semanal. Sei que eu estava a procura de um veículo informativo um pouco diferente do que eram as revistas Veja e Época à época. Assinei CartaCapital por alguns anos. Mino Carta era a, digamos, alma da revista. E foi por ela que acompanhei o noticiário nos ...

Eis a primavera de 2025

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Os dias agradáveis do final de agosto passado, e dos primeiros dias de setembro, e as dezenas de ipês-rosas em flor, não nos deixam enganar. É a primavera se apresentando. Mesmo que alguma frente fria ainda apareça e baixe as temperaturas.  Mesmo que chuvas enjoadas umedeçam mais alguns de nossos dias.  Mesmo que oficialmente a primavera austral só se inicie no próximo dia 22 de setembro.  Sim. Mesmo com a mudança climática, ou a crise climática, ou a catástrofe climática, chamem como quiserem, Porto Alegre continua tendo quatro estações.  E depois do solstício de inverno os dias começam a ficar mais longos. E podemos desfrutar mais do sol.  Os ipês-rosas em flor não nos deixam enganar. Nem, em menor número, os ipês-amarelos.  Na rua em que moro há uma fileira de quatro ipês-rosas. Os quatro floriram. E ao olhar para eles fico pensando que parece que alguém os adornou com as flores, tal qual muitos de nós fazemos com as árvores de Natal que montamos em noss...

Pequena Mona Lisa

O que há em um sorriso? O que há em um sorriso como o da Mona Lisa?  Há pouco estive em uma festa de debutantes. Não. Uma festa de debutante. Apenas uma moça debutava. Embora ali também houvesse umas tantas outras meninas, colegas daquela que naquela noite celebrava seu aniversário em grande estilo. Grande estilo ao menos para os convidados ali presentes.  De onde eu estava, e de onde eu podia ver, a debutante apenas sorria. Um sorriso como o da Mona Lisa. Contido. Discreto. Aparentemente feliz. Ali estava ela. Em seu vestido de princesa. Em uma festa de princesa. Em grande estilo. Ao menos para os convidados ali presentes. A entrada no salão, acompanhada pelos pais, em música de pompa. Era seguida pela fotógrafa e pelo cinegrafista oficiais do evento. Seguida pelas inúmeras lentes dos convidados a registrar os momentos.  Danças. Dança com o pai. Com o avô. Com o padrinho. Com um amigo (namorado?). Não lembro se valsava. Mas como valsa me soava. Faz-me recordar. Recordar ...

Diário – leituras – On the road, Pé na Estrada – Fim de leitura

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Já se vão alguns dias desde que, afinal, terminei de ler On the road, ou Pé na estrada; o clássico livro da  geração beatnik estadunidense, traduzido ao português brasileiro por Eduardo Bueno.  Antes, há relativamente pouco tempo, eu havia escrito um comentário sobre opções de tradução .  Agora, terminada a leitura, dá para escrever esse breve registro, como costumo fazer de uns tempos para cá. On the road, escrito nos anos 1950, narra as aventuras, chamemo-las aventuras, de Sal Paradise, um candidato a escritor e Dean Moriarty, seu amigo, por quem Sal tem certa veneração. As histórias narradas no livro acontecem no final dos anos 1940. Sal e Dean passam a maior parte da narrativa cruzando os Estados Unidos de leste a oeste, e vice-versa. As principais cidades, pontos de partida e chegada costumam ser Nova York e San Francisco, ou San Francisco e Nova York. Outra cidade bastante citada no livro é Denver. Também há passagens por Chicago e Nova Orleans. Várias outras cidade...

LFV (1936-2025)

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Desde a madrugada de sábado, 30 de agosto, o Brasil ficou um pouco mais triste. Pelo menos para aquela parte que apreciava o humor discreto do escritor Luis Fernando Verissimo. Ele nos deixou naquela madrugada após um relativamente longo ciclo de problemas de saúde, especialmente uma pneumonia e um AVC acontecidos há alguns anos.  Filho de Erico Verissimo, que é talvez o maior escritor sul riograndense de todos os tempos, Luis Fernando se tornou um autor com estilo próprio, diferente do pai. Ambos populares, cada qual a seu modo.  Os obituários tendem a ressaltar um homem econômico ao falar, e essa parece que foi uma característica que Luis Fernando Verissimo fez questão de cultivar.  E as memórias e recordações de amigos e colegas partem dos inícios da carreira. Ele foi colega de redação de muita gente. E trabalhou incansavelmente nessas redações.  Meu período de maior leitor de LFV é dos tempos em que eu costumava ler o jornal Zero Hora impresso. Tempos pré-interne...